Escrito por Shahzada Rahim
Se na Guerra Fria eram a corrida espacial e a corrida armamentista nuclear as expressões tecnológicas da disputa por romper o umbral do poder e, com isso, expressar influência no plano internacional, na Guerra Fria 2.0 da pós-modernidade, na era das pandemias, é corrida por vacinas que desempenha esse papel. E a Rússia está vencendo.
Desde o início da pandemia do coronavírus, grandes potências do mundo têm investido bilhões de dólares para desenvolver a vacina contra o coronavírus. Foi uma corrida global como a corrida espacial e de armas nucleares entre as grandes potências durante a Guerra Fria. Agora, parece claramente que a Rússia venceu a corrida das vacinas após o investimento de bilhões de dólares no desenvolvimento do antídoto anti-COVID-19. Da mesma forma, para desenvolver a vacina anti-COVID-19, os EUA, a Europa Ocidental e a China estabeleceram programas de pesquisa separados no valor de bilhões de dólares, mas fracassaram no desenvolvimento da vacina.
Por outro lado, desde o início da pandemia o presidente russo Vladimir Putin fez da produção da vacina contra o coronavírus uma prioridade máxima e, portanto, a Rússia permaneceu bem sucedida na produção da vacina contra o coronavírus contra o pano de fundo dos bilhões de dólares investidos pelos EUA e pelo Reino Unido. Ademais, não se pode negar que as grandes empresas farmacêuticas dos EUA e do Reino Unido também receberam bilhões para produzir a vacina. A este respeito, o anúncio surpresa da vacina contra o coronavírus na terça-feira pelo presidente russo Vladimir Putin não foi muito apreciado na mídia ocidental.
Alguns dos meios de comunicação ocidentais culparam a Rússia por roubar informações sobre a vacina dos laboratórios de pesquisa de alto nível nos EUA e no Reino Unido através de pirataria informática. De fato, estas alegações frágeis não têm nada a ver com a realidade porque a corrida pela vacina contra o coronavírus entre as principais potências era de natureza política. Conseguintemente, a vitória geopolítica da Rússia na produção da vacina contra o coronavírus não foi menor que o espantoso lançamento do primeiro satélite da URSS no espaço, em 1957. Neste aspecto, a corrida pela vacina COVID-19 entre os principais rivais geopolíticos vai além da ciência e da competição política comum.
Ao se tornar a primeira nação a produzir a vacina contra o coronavírus, a Rússia afirmou sua imagem geopolítica e renovou sua estatura internacional. Talvez também tenha contribuído para restaurar a imagem doméstica e global do Presidente Vladimir Putin, que é um ícone da propaganda popular da grande mídia ocidental. Durante o anúncio nacional da vacina, o Presidente Vladimir Putin proclamou que a vacina foi testada em uma de suas filhas, e o teste se provou eficaz. Embora a data prevista da Rússia para o anúncio da vacina fosse setembro, o anúncio foi feito após a conclusão do ensaio da fase II. Muitos cientistas na Rússia estão questionando a disponibilidade de vacinas globalmente antes da conclusão dos testes da fase III, o que requer três meses de tempo com testes substanciais em humanos.
De acordo com o governo russo, a vacina já se mostrou eficaz contra a COVID-19 e oferece uma imunidade efervescente contra o vírus. De acordo com o Ministério da Saúde da Federação Russa, a vacina é capaz de fornecer imunidade contra a COVID-19 por até dois anos. Esta é, de fato, uma grande conquista em face da pandemia em curso, que tem abalado o crescimento econômico global. A produção em larga escala da vacina começará em setembro, até lá o teste da vacina continuará em grupos de risco como médicos, trabalhadores da saúde e professores, de acordo com as autoridades russas.
O anúncio surpresa da vacina contra o coronavírus pela Rússia levantou preocupações em todo o OCcidente em relação à cogência e eficácia da vacina. Uma semana antes, quando a Rússia anunciou que sua vacina contra o coronavírus estava quase pronta, a OMS declarou o anúncio como não-oficial e insistiu que o produto não pode ser licenciado sem testes completos em humanos em diferentes fases. Consequentemente, o imenso ceticismo dos funcionários da OMS intensificou o mal-estar dos países ocidentais, especialmente dos EUA, em relação à vacina russa contra o coronavírus.
O Presidente Putin, porém, afirma que a vacina passou pelos testes necessários e foi anunciada após aprovação do Ministério da Saúde russo. Agora, parece vívido que o presidente Putin atropelou o presidente americano Donald Trump na corrida pela vacina, cujo tratamento da pandemia arrastou enormes críticas dos democratas. A produção de vacinas sob a liderança do presidente russo Vladimir Putin é uma grande conquista que elevará sua popularidade no país e no exterior. Além disso, não se pode negar que a Rússia tem uma longa história de grandes conquistas na ciência, seja no espaço ou na tecnologia nuclear.
De forma correspondente, no campo das ciências médicas, a Rússia também provou ser uma nação-líder ao se tornar o primeiro país a produzir a vacina contra o coronavírus. A Rússia também já tinha um histórico de desenvolvimento de vacinas através do uso de tecnologia médica. Como exemplo, foram cientistas russos que desenvolveram a vacina contra o Ebola em 2014, utilizando adenovírus que permaneceram eficazes. Desde então, o Ministério da Saúde russo tem gasto uma quantia significativa para financiar programas de pesquisa no campo da tecnologia médica. Graças aos imensos esforços do Ministério da Saúde russo, a Rússia venceu a corrida pela vacina contra o COVID-19.
Fonte: Daily Times