Evola sobre Lênin: ‘Faltou nele a violência dos místicos’

Trecho do livro I testi de La Vita Italiana [Il “brav’uomo” Lenin e il carattere della rivoluzione russa].

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Se Lênin não é de maneira alguma um burguês, ele está igualmente longe daquilo que serve de antítese para o burguês: o tipo romântico, irracional e impulsivo do herói e do revolucionário. Nada nele evoca a violência cega e fanática dos revolucionários solitários, dos mártires, dos místicos da dinamite, dos humanitaristas rebeldes. Nada nele emana o entusiasmo impetuoso daqueles que determinam a ação, que se identificam com ela, que se embriagam dela. Antes da paz com a Alemanha, ele chegou mesmo a zombar daqueles “buscam morrer como cavalheiros”.

Nenhum orgulho, nenhuma ambição, nenhuma afirmação da Pessoa. Do começo ao fim, ele tem diante de si o problema da revolução proletária como o matemático tem diante de si um problema de cálculo superior — a ser estudado friamente e sem pressa, em todos os seus mínimos detalhes e com total indiferença à realidade externa.

[…]

No Extremo Oriente, fale-se do wei-wu-wei, isto é, do “agir sem agir”, fazendo referência aqueles que, invisivelmente, dominam e dirigem a ação no sentido estrito do termos, sem participar dela e sem “se mover”— justamente, algo semelhante nos faz pensar no estilo de Lenin, assim como Malaparte descreve.

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Julius Evola

Evola foi um filósofo, poeta e pintor italiano de orientação tradicionalista. Crítico radical das ideologias políticas modernas (liberalismo, comunismo, incluindo o fascismo), seus escritos versam sobre uma infinidade de temas, como religião, esoterismo, antropologia e política. A Nova Resistência é entusiasta do pensamento evoliano e, em relação a ele, mantém sua própria interpretação, original e fundamentada no fôlego revolucionário emanado do autor, com quem a Organização não é obrigada a comungar ou concordar em todos os aspectos.

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