Eduardo Bolsonaro, filho do futuro presidente, e que pensa ser algum tipo de porta-voz do governo, anunciou que a transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém definitivamente acontecerá, sendo apenas uma questão de quando. Nisso, Bolsonaro pretende não só agradar a base neopentecostal, como mostrar o devido servilismo ao governo israelense.
Bolsonaro esquece que Jerusalém não pertence aos judeus e muito menos a um Estado que se pretende “Estado judaico”. Jerusalém é o coração espiritual de pelo menos três religiões, e se Bolsonaro fosse cristão, ele necessariamente defenderia posições favoráveis à cristandade na querela israelo-palestina. Porque os cristãos são pelo menos 10% dos palestinos, e diferentemente dos judeus israelenses, que em sua maioria vieram da Europa, esses cristãos palestinos são descendentes mais legítimos e diretos dos antigos hebreus do que qualquer ashkenazi de sangue eslavo-cazar. Mas esses cristãos têm sido submetidos a um êxodo causado pelo colonialismo israelense e pela perseguição que Israel promove contra eles, destruindo suas igrejas, hostilizando padres e fiéis.
Mais do que isso, Israel (junto aos EUA e à Arábia Saudita) é o principal financiador e fornecedor de armas dos principais grupos terroristas wahhabis do Oriente Médio.
Para piorar, Eduardo Bolsonaro afirma que, para evitar a retaliação diplomática e comercial dos países árabes por conta de tal transferência, o futuro governo já cogita interferir nas disputas entre sunitas e xiitas no Oriente Médio. E do lado de quem? Do lado dos sunitas. Mas são sunitas a Al-Qaeda, a Frente Al-Nusra, o Jaysh-al-Islam, o ISIS, Emirado do Cáucaso, e todos os principais grupos terroristas que assassinam cristãos no Oriente Médio. Mais especificamente, são wahhabis. É a Arábia Saudita, principal país wahhabi no mundo, a principal financiadora da construção de mesquitas responsáveis pelo treinamento de terroristas, por todo o mundo.
São esses os aliados que o governo Bolsonaro quer para o Brasil? Então faremos como os EUA, que para combater a presença soviética no Afeganistão, criou a Al-Qaeda? Atuaremos como um EUA terceiro-mundista, ajudando grupos terroristas, nos metendo em querelas de povos que nada têm a ver conosco, e tudo isso a serviço do Sionismo Internacional?
Jerusalém não pertence a Israel e não pertence aos judeus. Hoje, a solução mais razoável seria tornar Jerusalém uma cidade internacional administrada conjuntamente por autoridades judaicas, cristãs e muçulmanas. Mas o que o Bolsonaro quer é nos colocar junto dos grupos terroristas wahhabis, em prol do sionismo e do atlantismo. Quais serão as consequências a longo prazo desse alinhamento?