Guerra na Líbia, guerra na Síria, guerra no Iraque, guerra na Ucrânia, guerra no Iêmen, todas com a natureza de uma luta semi-civil, intestina, como se cada país fosse despedaçado em uma miríade de forças, e onde vizinhos, familiares e amigos se tornam inimigos.
Nenhum desses conflitos (com exceção, ao que parece, da Síria) termina ou mesmo parece próximo de terminar. Todos eles parecem tender a se arrastarem perpetuamente. A Terceira Guerra Mundial já começou e é exatamente isso: esse lento deslize do mundo em uma grande guerra civil permanente, ao mesmo tempo global e absolutamente local, sempre com aparência bastante específica e singular.
Tudo cada vez se torna mais parecido com as descrições hobbesianas da “guerra de todos contra todos”, do “estado de natureza”. Mas tal como o tal estado de natureza era uma ficção filosófica, também essa aparência da fragmentariedade dos grandes conflitos atuais é mera ilusão.
O caos e a irregularidade são os elementos em evidência, mas em todos os casos havendo realmente apenas duas grandes forças, tendências ou direções por trás disso tudo e representando a única dualidade real: Atlantismo Unipolar ou Tradição Multipolar (sua face principal atual sendo o Eurasianismo).
Esse é o contexto geral, superior, simbólico, e para alguns até metafísico. dos grandes conflitos atuais. Isso dá o que pensar e levanta vários outros questionamentos, alguns até de natureza conspiratória (como os prenúncios de que o mundo seria intencionalmente lançado no caos para justificar o estabelecimento de um Governo Mundial), alguns de natureza esotérica, como as profecias de Guerra Total que sinalizariam os estertores finais da Kali Yuga.
De qualquer maneira, essa é a imagem geopolítica geral do mundo em que vivemos agora.
A “multilateralidade” russa, o “eurasianismo”, o mundo multipolar supostamente defendido pelos russos me fazem sempre pensar na Chechênia.