Muito se fala atualmente sobre “terrorismo”, sempre da maneira mais leviana possível. Pouco se sabe efetivamente sobre o assunto e pouco se fala de concreto sobre ele. Os principais responsáveis por essa confusão são os neoconservadores e os liberal-conservadores, que instrumentalizam o termo “terrorista” para designar os seus inimigos.
Naturalmente, esse é um assunto complexo, por causa da ausência de definições sólidas sobre o que é “terrorismo” e quem é ou não é “terrorista”. Já se viu todo tipo de acusação lançada contra todo tipo de grupo, de várias ideologias, várias religiões, até contra governos.
Mas, usualmente, quando se fala em terrorismo, se está falando de algo um pouco mais circunscrito. Geralmente se fala em algo especificamente vinculado à história das últimas décadas do Oriente Médio.
Se essa é a circunscrição geográfica e histórica do fenômeno do “terrorismo”, as coisas ficam mais fáceis, porém. A realidade é que quem deu início ao fenômeno do “terrorismo”, como ele é conhecido atualmente no Oriente Médio, foram extremistas sionistas (mais especificamente, adeptos do “sionismo revisionista” de Vladimir Jabotinsky) dos grupos Irgun, liderado por Menachem Begin, futuro Primeiro-Ministro de Israel, e Lehi, liderado por Avraham Stern.
Trata-se de dois grupos paramilitares terroristas que realizavam massacres de árabes, ingleses e judeus através de estratégias bem planejadas e organizadas de terror sistemático, ainda na época em que os atuais territórios de Israel e Palestina estavam sob domínio britânico.
Esses dois grupos deram início à escalada de violência que continuou historicamente, com grupos árabes se “inspirando” nestes dois grupos paramilitares para responder terror com terror, lançando toda a região no caos.
Hoje, a situação é uma na qual as ações e reações entre os dois lados se tornaram praticamente indissociáveis, havendo até mesmo relações simbióticas de Israel (como com o Hamas) ou de apoio indireto (como com o ISIS).
Apesar de boa parte dos sionistas se defenderem apelando à definição clássica, original, do sionismo, como essencialmente um “desejo por uma pátria”, a realidade é que, hoje, este termo passou a significar algo bem mais amplo para a maioria dos povos no mundo.
Ainda que se deva sempre afirmar o direito dos judeus de terem seu próprio espaço vital para cultivarem sua religião, cultura e identidade em seus próprios termos, não se pode esquecer, por exemplo, de que um dos principais ânimos contemporâneos dos sionistas radicais é o estabelecimento de uma Grande Israel (os mais extremistas falam em uma Israel do Nilo ao Eufrates), passando por cima dos países e corpos de todos os seus vizinhos. Esse tipo de visão não é marginal, tendo representantes entre autoridades políticas, intelectuais e religiosas do Estado israelense desde sua fundação.
Tampouco se deve esquecer de projetos análogos, ainda teóricos, que visam a América Latina, como o “Plano Andinia” na Patagônia. Ou a existência de uma ampla rede lobista (o famigerado “lobby sionista”) internacional, manejada por uma elite apátrida, que prejudica os povos do mundo em prol de supostos interesses de Israel e da diáspora judaica.
Mas a verdade é que os reais beneficiários serão sempre e apenas uma minoria e, a longo prazo, até mesmo os judeus sairão prejudicados seriamente por esse tipo de liderança. A única saída é afirmar a multipolaridade em contraposição ao sionismo. Se isso se dará pela formação de Dois Estados, por uma construção estatal conjunta ou alguma outra fórmula política, caberá aos envolvidos decidir.
O que importa, para nós, é reafirmar a necessidade de combater a estratégia internacional sionista, contrapondo a ela com a realidade da multipolaridade.
Pela liberdade dos povos!