A culpa é do Capitalismo Cultural

O discurso da “representatividade” e do “politicamente correto” controlam a Rede Globo, a principal máquina de engenharia social e cultural do Brasil: todas as ideias pós-modernas mais estapafúrdias têm ali um imenso aparato de propaganda à sua disposição, com o objetivo de penetrar em todos os lares brasileiros. E tudo isso paralelamente a uma ampliação do discurso liberal em todos os demais níveis.

847 gêneros, sim. Apropriação cultural, sim. Gordofobia, sim. Socialismo, não. Patriotismo, não. Desenvolvimentismo, não.

De onde isso vem?

A resposta, para a patota acéfala de olavetes, neonazis, monarco-liberais e figuras bizarras semelhantes, dadas às teorias da conspiração mais estapafúrdias, é uma só: “a culpa é do marxismo cultural!”.

Segundo esses tipos, após perceberem que os intentos revolucionários comunistas na Europa haviam falhado, figuras como Antonio Gramsci teriam começado a defender que a “cultura conservadora” do proletariado era um empecilho. Após isso, ainda segundo esses tipos, teria surgido a Escola de Frankfurt que, secretamente apoiada e financiada pela URSS, teria supostamente se infiltrado no “Ocidente”, especialmente nas universidades, e começado a difundir uma série de pautas cujo objetivo era sabotar as bases culturais desse “Ocidente”: feminismo, gayzismo, ateísmo, promiscuidade, multiculturalismo, imigração, etc.

Este é apenas um resumo, mas qualquer pessoa que não seja uma idiota total já conseguiria enxergar os problemas em tal tese. Ela está repleta de erros e nenhum de seus apologistas alguma vez já leu algum dos autores que, supostamente, participariam dessa “conspiração”.

O marxismo é, fundamentalmente, uma matriz político-econômica materialista, que situa a “luta de classes” (em termos marxistas) no centro dos processos históricos. Quaisquer outros elementos de análise, teórica ou de práxis, devem estar a serviço da “luta de classes”.

O problema é que isso inexiste na Escola de Frankfurt. O principal alvo da Escola de Frankfurt não era o capitalismo das sociedades ocidentais, mas sim o “autoritarismo” em geral, inclusive o soviético. Decepcionados com a falência das pretensões comunistas na Alemanha no início do século XX, e com as histórias de repressão na URSS, a maioria dos pensadores ligados à Escola de Frankfurt recuou na direção do liberalismo político, uma posição mais “segura” e menos arriscada.

Isso fica absolutamente evidente, por exemplo, em Jürgen Habermas, no qual mal se consegue encontrar uma gota de influência marxista. O próprio Instituto para a Pesquisa Social, nome verdadeiro, acadêmico, da Escola de Frankfurt, passou a ser sediado em Nova Iorque, onde o próprio Theodor Adorno viveu, lecionou, trabalhou e escreveu por anos. A convite.

Por mais que todos esses autores tenham sido leitores de Marx, eles foram muito mais influenciados por Freud (bem como por Kant, Spinoza, Kierkegaard, etc.) do que por Marx.

Não houve infiltração. Não houve nada encoberto. Não houve qualquer tipo de conspiração. Setores da inteligência da Grã-Bretanha e dos EUA, simplesmente, começaram a investigar o papel da “moral” na guerra, bem como a possibilidade de travar guerras sem armas, para desmoralizar seus inimigos, por meio do enfraquecimento do tecido social. E, para isso, as teorias dos pensadores frankfurtianos eram úteis.

Mas o pior é que os pensadores da Escola de Frankfurt, com poucas exceções, nem ao menos são os pensadores hegemônicos das faculdades de humanidades nas universidades ocidentais. Os pensadores pós-estruturalistas e desconstrucionistas são muito mais populares e a maioria deles, como Foucault, é ainda mais antipática ao comunismo e pró-capitalista que os frankfurtianos.

Assim sendo, o que está por trás das pautas “politicamente corretas” da pós-modernidade e dos ataques aos valores culturais populares?

É o CAPITALISMO CULTURAL!

Cada uma das pautas pós-modernas só é possível e só surge em um contexto capitalista, não com um objetivo de enfraquecer este mesmo capitalismo e preparar o terreno para uma transformação socialista, mas sim para radicalizar o capitalismo e torná-lo cada vez mais absoluto e totalitário.

O multiculturalismo e a imigração generalizada, por exemplo, são o resultado inevitável da demanda da classe capitalista por um mercado de trabalho mais flexível, que facilite o acesso à mão de obra mais barata importada. E o politicamente correto, como um todo, é uma condição de controle social necessária para que as auto-justificativas ideológicas do capitalismo possam ser internalizadas pelas massas.

Sem o politicamente correto, ou seja, se os grupos raciais, étnicos e religiosos seguirem demonstrando preferência pelos seus próprios correlatos, se ainda houverem corpos discriminados pelos padrões de beleza, se os não-héteros forem excluídos da sociedade de consumo, fica difícil sustentar a fachada pseudo-meritocrática do capitalismo, bem como maximizar os lucros (que dependem de um consumidor que sempre toma decisões racionais).

O capitalismo, para o seu funcionamento perfeito, depende de um estado em que as pessoas sejam algo como engrenagens intercambiáveis. Por isso, todo e qualquer tipo de discriminação é visto como um fator que reduz a eficiência dos processos capitalistas a longo prazo. No capitalismo, só importa a situação do homem como produtor e/ou consumidor. Quaisquer outros fatores de identificação são “irracionais” e “ineficientes” e, por isso, devem ser extirpados (com todo tipo de engenharia social necessária).

A promiscuidade generalizada, além de seu aspecto consumista já citado, também está ligada à ampla aplicação do pensamento de Freud pelas grandes corporações midiáticas, especialmente às ligadas à produção cultural, através do sobrinho de Sigmund Freud, Edward Bernays, que trabalhou para inúmeras megacorporações e tinha como “carro-chefe” a apologia ao apelo aos instintos mais básicos, animalescos e mundanos, como forma de se garantir a efetividade da propaganda capitalista e da indústria cultural.

Não é por outro motivo que nós temos visto o aprofundamento cada vez mais radical do “politicamente correto” pós-moderno, em todas as áreas da sociedade, ao mesmo tempo em que o capitalismo neoliberal se torna cada vez mais forte e onipresente, e o comunismo atinge o máximo grau de irrelevância política global desde que nasceu, frente ao liberalismo político.

Não é uma contradição, estes dois fenômenos estão associados.

O CAPITALISMO CULTURAL é uma ferramenta de engenharia social que visa garantir a aceitabilidade social do capitalismo enquanto modo de produção, e do liberalismo enquanto teoria política hegemônica.

Precisamos, contra isso, travar uma autêntica GUERRA CULTURAL. Uma GUERRA CULTURAL que deverá disputar os corações e as mentes dos povos para insuflá-los à luta contra o capitalismo e contra o liberalismo.

Morte ao Capitalismo Cultural!

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Nova Resistência

Organização nacional-revolucionária que, com base na Quarta Teoria Política, busca restaurar a dignidade imperial do povo brasileiro.

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