Nasrallah: Devemos optar pela via da resistência:

O secretário-geral do Hezbollah, Sayyid Hassan Nasrallah, reagiu a decisão do governo americano de reconhecer Jerusalém como capital da entidade sionista. Em discurso proferido no dia de ontem, Nasrallah afirmou que a recente decisão do governo americano (de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel) configura uma nova “declaração de Balfour”.

Leia abaixo alguns dos principais pontos do discurso:

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Em primeira lugar, gostaria de falar da última decisão do presidente estadunidense de reconhecer Al-Quds como a capital da entidade sionista.

Queridos irmãos e irmãs: sentimos que nos deparamos com uma nova Declaração de Balfour (que conduziu a criação da entidade sionista) – paralelamente à comemoração do centenário da dita declaração, há cerca de mais ou menos um ano.

Devemos avaliar os perigos e consequências desta decisão e adotar uma posição correta.

Os perigos da decisão:

Quando compreendermos os perigos de tal decisão, saberemos como atuar e como não ouvir certas vozes árabes, que nos dirão que o que aconteceu não tem qualquer efeito ou valor.

Todos sabem que a entidade sionista e seus líderes não respeitam os acordos internacionais ou a vontade internacional. Para eles, não importa o que digam os europeus, a Rússia, a China, o Canadá, a América Latina… Somente a posição estadunidense conta para eles.

Durante décadas, os governos israelenses trabalham, por todos os meios, em prol da judaização de Al-Quds. Contudo, os governantes americanos anteriores adotaram uma tática de seguir devagar nesta direção: os EUA, eventualmente, facilitavam alguns projetos e os proibiam em alguns momentos. Se apresentavam como os patrocinadores da paz no Oriente Médio. Mas Trump chegou para dizer aos sionistas que Al-Quds é sua capital eterna, que ela e sua soberania pertencem aos israelitas. As táticas estadunidense, então, caíram, e mais nenhum obstáculo resta aos projetos sionistas.

Qual será o destino da resistência que há na Jerusalém Oriental? Israel lhes dará a cidadania israelense como aos habitantes do território em 1948? Qual será o futuro das terras palestinas nestes territórios? Serão confiscadas ou destruídas?

No passado, os israelitas levaram a cabo um processo de colonização, mas, hoje, vamos ver a expansão em grande escala desta colonização… O que os israelitas projetavam para décadas, acontecerá em pouco tempo.

A soberania sobre os lugares sagrados, islâmicos e cristãos, agora é sionista. Esta será a oportunidade histórica para que Israel comece a construção do suposto monte do Templo. Os lugares santos, islâmicos e cristãos, estão em grave perigo e, em especial, a Mesquita de Al-Aqsa. Podemos acordar um dia e ver esta mesquita destruída: os israelitas nos afirmarão que uma escavação no subsolo resultou em sua destruição e dirão que sentem muito…

Causa Palestina:

O que ocorre com a causa palestina após a exclusão de Al-Quds de sua equação? O presidente estadunidense considera que já não existe uma causa palestina. Al-Quds está no coração da dita causa. Se excluímos Al-Quds da mesma, não lhe sobrará nada. Hoje, Trump diz à nação árabe: já não há causa palestina. Ele afirmou que só há indivíduos palestinos, que precisarão encontrar um lugar para morar em Sinai ou na Jordânia. Os refudiados palestinos se naturalizarão e seus casos serão tratados à parte. Sem mencionar que o destino da Autoridade Palestina será a aniquilação.

Os estadunidenses nos dizem que Al-Quds, agora, está fora das próximas negociações. Trump se atreve a confirmar a morte do processo de paz e de negociações (para aqueles que creem na utilidade deste processo).

Quando os EUA atacam o que há de mais valioso para o mundo islâmico e cristão, qual será o destino da Cisjordânia, das Colinas de Golã, das fazendas de Shebba?

Todas as outras questões conflitantes se verão ameaçadas. Outros perigos emanarão desta decisão, especialmente se permanecermos em silêncio. A nação que opta pelo silêncio também renuncia a muitas outras coisas.

Uma agressão contra a Palestina e Al-Quds:

Os países do mundo rechaçaram, cada qual a sua maneira, tal decisão. No entanto, Trump não respeita nada e ignora todas as posições da comunidade internacional. O que presenciamos foi um desrespeito a todo o mundo e um ataque às expectativas de 1.500 milhões de muçulmanos e centenas de milhares de cristãos. O que Trump fez constitui uma violação de todas as convenções internacionais, que ocorre na medida em que os EUA operam guerras contra países sob o pretexto de que eles não respeitam a vontade internacional: estamos diante de um governo americano que não respeita seus compromissos e tampouco as leis internacionais (é a lei da selva que reina).

As diferentes posturas a se adotar:

Devemos pressionar ao governo dos EUA para que suspenda ou cancele a decisão. Isso é possível, já que os estadunidenses são pragmáticos e buscam apenas os seus interesses. Eles podem pressionar aos israelitas. Convocamos, pois, aos países árabes e muçulmanos:

– A colocar fim a todas as relações, públicas ou privadas, com Israel;

– A fechar as embaixadas israelenses e expulsar os embaixadores israelenses;

– A por fim a todas as formas de normalização empreendidas pelos países árabes e, em particular, do Golfo; 

– A reativar os diferentes tipos de boicote à Israel;

– A anunciar o fim do processo de paz (para queles que creem neste processo).

A declaração de Trump aniquilou as negociações de paz. Trump busca novas conversações para levar os árabes a mais concessões. Deve-se dizer a ele que não há retorno à mesa de negociações até ele retroceda em sua decisão.

Palestina e Intifada:

Outra das medidas mais relevantes é adotar a convocatória de uma nova intifada, bem como a intensificação das operações de resistência 

O mundo árabe e islâmico deve blindar o povo palestino como apoio político, moral e militar caso se decida lançar uma nova intifada. Nada deve ser recuado ou vendido. Devemos optar pela resistência. 

 

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