Tradução: Matheus Iale
SUCRE, Bolivia – A especialista Mabel Lozano, pesquisadora espanhola, e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) disseram que Brasil, Argentina, Paraguai, Venezuela e Panamá são descritos como os principais países de onde as vítimas de tráfico de pessoas são retiradas e depois transferidas para o exterior.
Mabel Lozano (pesquisadora e cineasta) apresentou no mês passado na Bolívia o documentário “El Proxeneta”, baseado em uma entrevista com um ex-cafetão que levou pelo menos 2.000 mulheres da América do Sul e outras regiões do mundo para Espanha e Europa. Lozano concorda com o UNODC, afirmando que as rotas mais usuais para atrair e transferir pessoas são aquelas que estão representadas na imagem abaixo. Além disso, elas são encontradas no Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas 2018, documento com 570 rotas no mundo, de acordo com a Interpol, mas com 12 que apresentam a maior frequência.
Fonte: UNODC e Mabel Lozano
As 12 rotas mencionadas acima são caracterizadas por serem áreas onde as mulheres estão em um estado máximo de vulnerabilidade. As dinâmicas são geralmente as mesmas. O traficante chega ao local de origem da vítima, entra em contato com a vítima ou com as pessoas em volta do local e depois captura adolescentes e jovens com falsas promessas e é transferido para outro local.
O relatório do UNODC afirma que 49% das vítimas de tráfico no mundo são mulheres, 23% são meninas, 21% são homens e 7% são meninos.
Além disso, um relatório da Assistência Integral de Vítimas do Tráfico de Seres Humanos para Fins de Exploração Sexual (APRAMP) indica que até 2014 eles trataram 32 mulheres bolivianas que foram submetidas à exploração sexual (depois disso nenhum outro censo foi feito). No entanto, Lozano acredita que “uma em cada 10 vítimas de tráfico sexual na Espanha possa ser boliviana, apesar do fato de que mais venezuelanos e romenos estão entrando agora.”
O relatório também revela a precariedade da situação que eles têm nas fronteiras do Paraguai, onde na Ponte da Amizade, que é uma tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, as pessoas passam facilmente e com pouco controle. O mesmo acontece na Bolívia, no setor de Desaguadero, área que, segundo o Serviço de Migração, é utilizada por alguns traficantes. “No ano passado, 28 traficantes foram detectados e a maioria dos casos ocorreu em Desaguadero e Villazón”, disse o diretor do Serviço de Migração.