A eleição presidencial brasileira de 2018 possui diversos representantes do parasitismo financeiro rentista (algo em torno de sete, pelo menos). Talvez seja a que mais contou com figuras do tipo, até hoje.
Entre estes, um dos que mais se destaca (pelos piores motivos, claro) é João Amoêdo, banqueiro e candidato pelo Partido NOVO.
Façamos. um pequeno desvio do texto para comentar quão curioso é o nome desse partido. Ele defende, basicamente, o modus operandi pacificado e hegemônico do Estado brasileiro perante a economia nos últimos 30 anos, apenas de forma radicalizada e mais intensa. Nesse sentido, não há nada de “novo” em seu partido ou em suas ideias. Mas deixando isso de lado, bem como os posicionamentos toscos, amadores e risíveis de Amoêdo em todos os outros assuntos, é necessário ressaltar aqui uma das piores propostas que um candidato presidencial já apresentou no Brasil: a noção completamente estapafúrdia de taxar templos religiosos. Essa noção, tipicamente materialista e reducionista, não só é claramente contrária às raízes profundamente religiosas de nosso Estado e Sociedade, como também poderia ter consequências calamitosas.
Liberais, como Amoêdo, possuem uma deficiência cognitiva. A deficiência cognitiva de que padecem (ainda não reconhecida oficialmente, mas cujo tratamento demandaria um tempo em hospício ou pelo menos em um centro de reeducação, ou em um campo de trabalho involuntário) os faz enxergar todo ente ou fenômeno desde uma perspectiva numérica, mercadológica. Na mente de um liberal, um templo não é um espaço sagrado atemporal em que se celebram ritos que permitem uma reconexão do homem com realidades superiores, mas, basicamente, uma pessoa jurídica genérica que tem receita e não paga impostos.
Na prática, essa miopia mental impede gente como João Amoêdo de enxergar que os templos religiosos, além de serem sociedades sem fins lucrativos, são as principais responsáveis, no Brasil e no mundo, pela assistência social, fazendo infinitamente mais nessa área do que todas as ONGs no planeta.
Nesse sentido, reduzir a receita dos templos religiosos, especialmente em um dos países mais desiguais e miseráveis do planeta, é fundamentalmente enfraquecer as instituições que prestam a maior parte do apoio recebido por pessoas pobres ou por usuários de drogas em busca de recuperação.
Não adianta querer aplicar essa medida, ademais, como forma de tentar barrar o crescimento do neopentecostalismo. O neopentecostalismo não se combate pelo enfraquecimento de todas as religiões, mas pelo fortalecimento de outras religiões frente ao neopentecostalismo.
Assim, taxar templos com essa finalidade é estupidez. Mais vale dar fim à neutralidade liberal que o Estado burguês moderno tem perante as religiões, e assumir posição abertamente política, declarando o antagonismo entre o bem-estar coletivo e a saúde moral de nossa sociedade e o neopentecostalismo e o wahhabismo, por exemplo.
Nesse sentido, mais claro ainda fica a percepção de que João Amoêdo é inimigo do Brasil. E todo inimigo deve ser combatido até o fim.