O sentido de ser tradicionalista não é viver como se estivéssemos em uma sociedade tradicional. É cultivar a Tradição dentro de si enquanto se aguarda a passagem das Eras (via mão direita) ou trabalhar ativamente, movido pela Tradição, para acelerar o fim da presente Era e a emergência de uma nova (via da mão esquerda).
Então, quando alguém diz que “em uma sociedade tradicional, não haveria Black Metal”, ou que “não é possível ser tradicionalista e apreciar o Black Metal”, na verdade, a pessoa está apenas sendo trivial. O Black Metal pode ser, sim, um veículo para um tradicionalismo de mão esquerda, saibam os músicos ou não (e há alguns poucos músicos que são realmente estudantes do ocultismo ou iniciados em tradições legítimas e sabem disso tudo)
Sim, o Black Metal só é possível no Kali Yuga e ele está permeado de elementos do Kali Yuga. Mas ele é precisamente a expressão de uma inquietude, de um desconforto, de uma ansiedade em relação à Era em que vivemos. Ele só é possível no Kali Yuga porque ele só é necessário no Kali Yuga.
Como isso é expressado, vai variar segundo o espírito humano. Há projetos de Black Metal de orientação profundamente suicida, depressiva. Outros são focalizados no ódio e na misantropia. Algumas dão ênfase à nostalgia e ao romantismo. Alguns outros são movidas pela afirmação de valores heroicos e aristocráticos.
Observe-se que, agora, começam a surgir projetos de Black Metal na China, na Índia, no Sudeste Asiático. Isso, de modo geral, não ocorre “em reação” à normalidade tradicional desses países, mas porque os processos de modernização avançam, com muitas consequências negativas para as pessoas comuns e para as raízes dos povos. Já se começa a criar uma geração “deslocada” (pegando de empréstimo o termo de Eduard Limonov), profundamente insatisfeita e alienada em relação às próprias raízes.
O Black Metal é/pode ser uma ferramenta na guerra estética contra o demônio que rege nossa Era.