Considero os identitários como aliados quando eles rechaçam a modernidade, a oligarquia global e o capitalismo liberal (mortífero para as culturas étnicas e para as tradições).
A ordem política moderna é essencialmente global e se baseia puramente na identidade individual. É a pior ordem possível e deve ser totalmente destruída. Quando os identitários militam por uma reafirmação da Tradição e das antigas culturas dos povos europeus, eles têm razão. Mas quando atacam os imigrantes, os muçulmanos, os nacionalistas de outros países (fundamentados em em conflitos históricos). Quando defendem os EUA, o atlantismo, o liberalismo ou a modernidade. Quando consideram a raça branca (a mesma que criou a modernidade) como a raça superior e afirmam que outras raças são inferiores, estou em total desacordo com eles.
Mais do que isso, não posso defender brancos contra não-brancos apenas por ser branco e indo-europeu. Reconheço a diversidade dos grupos étnicos como algo natural e rechaço qualquer hierarquia entre os povos, dado que não existe, e nem poderia existir, uma medida universal para comparar as sociedades étnicas e os sistemas de valores.
Tenho orgulho de ser russo, exatamente como os estadunidenses, os árabes, os chineses, e os africanos têm orgulho de quer como são. É nosso direito e nossa dignidade afirmar nossa identidade. Não a de uns contra os outros, mas a de uns ao lado dos outros – sem ressentimento para com o Outro ou remorso em relação a si.
Não posso defender a nação, porque a nação é um conceito burguês, imaginado pela modernidade, para destruir as sociedades tradicionais (Império) e as religiões, bem como para a substituição das primeiras por pseudo-comunidades artificiais baseadas na identidade individual. Atualmente, a nação está sendo destruída pelas mesmas forças que a criaram no primeiro período da modernidade. As nações cumpriram seu papel de destruir as identidades orgânicas e espirituais e, agora, os capitalistas destroem seus próprios instrumentos para tornar possível a globalização.
Devemos atacar o capitalismo como um inimigo absoluto, responsável tanto pela criação da nação como simulacro da sociedade tradicional, como de sua destruição atual. A razão da catástrofe atual tem suas raízes nos fundamentos ideológicos e filosóficos do mundo moderno. E a modernidade, que era branca e nacional em sua origem, tornou-se global finalmente. É por isso que os identitários devem escolher seu campo concreto: a Tradição (o que inclui sua própria tradição indo-europeia) ou a modernidade. O atlantismo, o liberalismo, o individualismo são as formas do Mal Absoluto diante da identidade indo-europeia – e ambas são incompatíveis entre si.
Se os identitários realmente amam sua identidade, eles converter-se-ão em eurasianos e unir-se-ão aos tradicionalistas, aos inimigos do capitalismo de todos os campos políticos, raças, religiões ou culturas. Na contemporaneidade, ser anti-comunista, anti-muçulmano, anti-oriental, pró-yankee, atlantista, significa pertencer ao outro lado, isto é, estar ao lado da Nova Ordem Mundial e da oligarquia financeira: o que é uma atitude despida de sentido, já que as consequências da globalização são deletérias para todas as identidades – exceto às individuais – e já fazer uma aliança com aqueles que apoiam essa destruição, significa trair a própria essência da identidade cultural.
O problema com as esquerda é diferente. É positiva em sua oposição à ordem capitalista, mas carece de uma dimensão espiritual. A esquerda se apresenta habitualmente como uma via alternativa para a globalização, que é a razão de sua oposição aos valores orgânicos, às tradições e à religião.
Seria bom ver surgir algo como “identitários de esquerda” que, por um lado, defendessem a justiça social, atacando o capitalismo, e por outro, defendessem as tradições espirituais, atacando a modernidade.
O inimigo é único: é a ordem global liberal do capitalismo da hegemonia norte-americana (que também é dirigido contra a verdadeira identidade americana).
Nós só ganharemos se coordenarmos nossos esforços.