O que está acontecendo no México?

Nos últimos dias, uma grande mobilização nacional ocorreu contra as gangues criminosas do narcotráfico, a corrupção e o governo de Claudia Sheinbaum, após o assassinato ainda não esclarecido do prefeito de Uruapan, no estado de Michoacán, Carlos Manzo — opositor do partido governista, cujo programa defendia um confronto direto, aberto e armado contra os cartéis.

Esse método se opõe à doutrina oficial (mal chamada de “humanismo mexicano”), que propõe atacar as causas profundas do crime mediante educação e programas sociais, evitando qualquer confronto direto com as organizações criminosas. Essa estratégia de segurança tem se mostrado controversa em um país onde os cartéis dominam a maior parte da vida nacional — política, moral, econômica e territorial — gerando indignação e mal-estar generalizado na sociedade.

Além disso, o partido no poder tem sido implicado em uma série de escândalos de corrupção que demonstram a cumplicidade entre autoridades e gangues, evidenciando o controle crescente das organizações criminosas sobre o Estado.

Nesse contexto, a presidente Claudia Sheinbaum (filha de imigrantes judeus búlgaros ligados ao Partido Comunista Mexicano e ela própria uma ativista socialista durante os protestos estudantis de 1968; primeira pessoa de origem judaica a ocupar a presidência do México, de tendência globalista e próxima de grandes multinacionais, tendo sido bolsista da Fundação Rockefeller na juventude, entre outras características) recusou repetidamente apoiar Carlos Manzo, que havia solicitado publicamente ajuda do governo federal diante das múltiplas ameaças de morte feitas por organizações criminosas que ele enfrentava.

Por isso, grande parte da população mexicana responsabilizou o partido governista pelo assassinato de Manzo, além de uma longa série de suspeitas que apontam para possíveis mandantes do crime dentro da própria estrutura oficial de Michoacán.

A morte de Manzo gerou enorme indignação em uma sociedade profundamente afetada pelos cartéis e seu amplo controle sobre a política — especialmente sobre o partido governante. Em 15 de novembro, o país registrou manifestações em pelo menos 56 cidades. Embora majoritariamente pacíficas, algumas terminaram em graves distúrbios, como ocorreu nos arredores do Palácio Nacional, na Cidade do México.

Quais podem ser as consequências políticas?

Setores da esquerda mencionaram uma improvável intervenção de agências estrangeiras (especialmente dos EUA) na eclosão das manifestações contra o governo mexicano.

Do nosso ponto de vista, uma mudança de regime não é a principal preocupação da administração americana. Há indícios de que Trump teria usado informações comprometedores para pressionar e influenciar Sheinbaum (sobre seus vínculos com cartéis), apesar do discurso público dela contra o intervencionismo dos EUA. Essa situação oferece a Washington vantagens políticas maiores sobre o México do que aquelas proporcionadas por um governo abertamente disposto à cooperação em segurança.

Não vemos sinais de uma “revolução colorida” e não acreditamos que os EUA tenham grande interesse no colapso do atual governo mexicano. Advertimos o público europeu a não cair no erro reducionista de apresentar narcopolíticos socialistas ligados a Soros como heróis anti-imperialistas. A esquerda internacional que manifestou solidariedade a Sheinbaum e a seu governo pouco se importa com o bem-estar do México e dos mexicanos, vendo o país como um instrumento político incapaz de decidir por si mesmo.

Doutrinas políticas pré-fixadas não bastam para compreender o complexo problema mexicano; elas apenas reforçam preconceitos que impedem uma análise séria da situação interna. Estamos diante de uma verdadeira revolta popular, diante da reação surpreendentemente vigorosa de uma sociedade geralmente apática e tragicamente distante da política. O profundo mal-estar do México é claro, e consideramos que negar as reivindicações populares por uma vida saudável para a nação é uma teimosia lamentável.

Por outro lado, devemos agir com prudência diante da possível instrumentalização dessa revolta legítima para fins indesejáveis — intervencionistas ou partidários. Acreditamos que partidos políticos de todos os espectros prejudicam e desonram o povo mexicano ao tentar lucrar politicamente com os eventos recentes. Apenas o povo mexicano pode salvar o país.

Qual é o papel dos grupos nacionalistas nisso tudo?

A grande maioria das organizações nacionalistas-terceiristas do México participou das manifestações em diferentes níveis. Unión, Nación, Revolución (UNR), Mexicanos en Defensa de la Nación e o Movimiento Nacionalista Izhanih estiveram presentes. O Frente Nacionalista de México foi a exceção, condenando os protestos sob o argumento (a nosso ver, frágil) de que a presença de grupos de esquerda implicaria infiltração do governo.

No caso da UNR, seus militantes se comprometeram a apoiar qualquer iniciativa cidadã e apartidária contra os graves males que ameaçam o país, condenando os atos repressivos do governo traidor. Consideramos que Carlos Manzo se tornou um símbolo para os mexicanos honestos que acreditam na aplicação rigorosa da lei e na mão de ferro para garantir a salvação nacional.

Vale mencionar a participação de uma ampla lista de organizações de todas as tendências ideológicas: desde coletivos conservadores católicos até partidos liberais de direita, passando por organizações comunistas, black blocs anarquistas e, claro, os nacionalistas-revolucionários mencionados. Ou seja, o movimento se fundamenta em princípios gerais de combate à corrupção e ao crime organizado, o que desperta a simpatia de amplos setores da sociedade mexicana, não podendo ser reduzido a uma única corrente política.

Acreditamos que é dever, não apenas dos patriotas, mas de todos os mexicanos honestos, rejeitar o governo atual, o domínio dos cartéis sobre as instituições, a imoralidade e a corrupção desenfreada dos políticos e a postura antinacional dos partidos.

Fonte: Voxnr.fr

Francisco de Lizardi
Francisco de Lizardi

Pensador e ativista da organização nacionalista-revolucionária mexicana Unión, Nación, Revolución (UNR).

Artigos: 54

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