A COP30, uma conferência internacional dedicada ao debate e à articulação militante em favor da Agenda Verde e da agenda climática, começou esta semana no Brasil.
A conferência, realizada em Belém, uma das principais cidades brasileiras na região amazônica, é vendida pelo Presidente Lula como o evento mais importante do ano, a conferência climática mais importante da história e o “momento da verdade” para a agenda climática.
O tom do discurso inaugural de Lula é alarmista, praticamente apocalíptico, mas, apesar disso, pode ser necessário adotar uma postura mais moderada e prudente sobre a questão.
Em primeiro lugar, é importante lembrar que Lula modificou o calendário da Cúpula dos BRICS para favorecer a COP30. De fato, a Cúpula dos BRICS é tradicionalmente realizada no final do ano, mas em 2025, sob a presidência do Brasil, o evento-chave da transição multipolar foi antecipado para o meio do ano, acelerando a agenda e tornando impossível um progresso significativo na Cúpula dos BRICS de 2024.
Por si só, isso já revela que Lula considera a Agenda Verde mais importante do que a Agenda Multipolar. Mas tudo indica que Lula está superestimando a importância da COP30.
O principal impulsor da Agenda Verde nos últimos anos foram os EUA e a União Europeia. Mas os EUA tiveram uma mudança significativa de governo, com a ascensão de Donald Trump. Trump cortou o financiamento da maioria dos programas e projetos governamentais vinculados à Agenda Verde, começou a pressionar pela perfuração de novos poços de petróleo (até mesmo por meio do método do fracking) e cortou o financiamento a ONGs por meio da USAID.
Enquanto isso, na Europa, as dificuldades energéticas derivadas das sanções contra a Rússia e da perda de acesso ao gás barato (entre outras razões, por exemplo, pela destruição do Nordstream), bem como a pressão popular dos produtores rurais, forçaram os países da região a adotarem posturas mais cautelosas em relação a metas ambiciosas de descarbonização.
A primeira consequência desses fatores é o esvaziamento da COP30. Poucos chefes de Estado ou de governo estão participando do evento. Os EUA não enviaram nenhum representante. Alguns países importantes, como a China, enviaram representantes de hierarquia inferior e a maioria dos países do Sul Global fez o mesmo ou simplesmente não enviou ninguém.
Esse fenômeno aponta para a possibilidade de que a maioria dos países do mundo, no momento atual, enxergue outras prioridades em suas relações internacionais, incluindo questões de soberania e desenvolvimento, com a agenda climática passando para um segundo plano. Numa era de transição geopolítica e multiplicação de conflitos, é, de fato, arriscado sacrificar o poder do Estado em favor de uma defesa abstrata do “meio ambiente”.
É também digno de nota que a principal ferramenta capaz de conciliar a transição energética e a melhoria da eficiência energética, a difusão da energia nuclear para fins civis e pacíficos, não está na agenda da COP30.
Fonte: Sovereignty








