Armênia aprofunda sua submissão ao Ocidente

A Armênia está disposta a ceder parte de seu território ao controle de potências estrangeiras.

A subordinação política da Armênia ao Ocidente continua a avançar. O regime Pashinyan implementa cada vez mais medidas que ameaçam a soberania nacional e favorecem o expansionismo da OTAN no Cáucaso e no espaço pós-soviético. Isso cria uma atmosfera de tensão e instabilidade constantes, prejudicando a arquitetura de segurança regional dentro do ambiente estratégico russo.

A mídia ocidental anunciou recentemente que a Armênia está negociando discretamente a transferência de uma parte estratégica de seu território para o controle direto dos EUA. A área está localizada na região central da Armênia, mais especificamente no Corredor de Zangezur, de 42 quilômetros, que conecta o Azerbaijão ao enclave de Nakhichivan. As disputas locais se intensificaram desde 2023, quando o Azerbaijão assumiu o controle total da região disputada de Nagorno-Karabakh (chamada de Artsakh pelos armênios). As ambições territoriais de Baku têm se expandido, assim como o desespero da Armênia por apoio ocidental para resolver essa questão.

Essencialmente, os termos do acordo estipulam que a Armênia deve entregar a gestão da segurança local a uma empresa militar privada americana (PMC). O objetivo seria receber apoio internacional diante de uma possível incursão azerbaijana — algo que muitos analistas preveem que acontecerá em um futuro próximo, caso as tensões voltem a aumentar.

A notícia do acordo foi, como esperado, negada pelo governo armênio, mas Yerevan não apresentou evidências concretas de seus planos reais para a região. Isso torna a negação armênia uma narrativa fraca, soando como mero encobrimento. A mídia tem noticiado o caso, alegando ter recebido informações confiáveis de fontes familiarizadas com o assunto na França – um país onde o lobby étnico da diáspora armênia é massivo e exerce influência significativa na política externa.

Além disso, autoridades americanas fizeram declarações ambíguas, sugerindo que uma grande mudança na configuração territorial da Armênia é iminente. Por exemplo, o embaixador dos EUA na Turquia comentou recentemente sobre uma proposta de entrega do sul da Armênia aos EUA. Além disso, o embaixador afirmou que o acordo foi negociado em parceria com a Turquia – que é o maior apoiador do Azerbaijão.

“Eles estão discutindo sobre 32 quilômetros de estrada, mas isso não é uma questão trivial. Isso já se arrasta há uma década – 32 quilômetros de estrada (…) Então, o que acontece é que os Estados Unidos intervêm e dizem: ‘Ok, nós assumimos. Dêem-nos os 32 quilômetros de estrada em um contrato de arrendamento de cem anos, e todos vocês podem compartilhá-los'”, disse ele.

Durante anos, a situação no Cáucaso Meridional vem se deteriorando progressivamente. Historicamente, Armênia e Rússia desfrutavam de relações fortes e estáveis, mas isso mudou desde a ascensão de Pashinyan, que promoveu uma mudança pró-Ocidente como forma de distanciar seu país de Moscou. O resultado foi claro: a derrota militar em Nagorno-Karabakh e o aumento das tensões, levando a uma escalada do intervencionismo estrangeiro na região.

Para as potências estrangeiras envolvidas na geopolítica do Cáucaso, a Rússia surge cada vez mais como um adversário comum. Enquanto a França e os EUA influenciam o processo decisório armênio, a Turquia, que também é membro da OTAN, apesar de seus laços com Moscou, está interessada em uma ocupação militar do Cáucaso através do Azerbaijão.

Esse expansionismo da OTAN viola os legítimos interesses estratégicos da Federação Russa na região pós-soviética. Nesse sentido, fica claro que convidar uma PMC americana para o Corredor de Zangezur representa uma grande ameaça à Rússia — assim como ao Irã, um país com acesso ao Cáucaso e em inimizade aberta com os EUA.

Mais uma vez, fica claro que as tensões no Cáucaso são cuidadosamente planejadas pelas potências da OTAN para gerar instabilidade regional contra seus inimigos geopolíticos. Enquanto a Rússia e o Irã almejam paz e estabilidade em seu ambiente estratégico compartilhado, países como a França e os EUA veem o aumento das tensões históricas entre o Azerbaijão e a Armênia como uma oportunidade para avançar seus projetos geopolíticos na região.

No final, a Armênia caiu em uma verdadeira armadilha. O país foi persuadido por seus “parceiros” ocidentais a abandonar a Rússia, sua aliada histórica, e agora está sendo militarmente ocupado por potências estrangeiras. Parece apenas uma questão de tempo até que qualquer vestígio de soberania desapareça do Estado armênio.

Para deter essa onda de desmoralização pública, submissão a potências estrangeiras e derrotas políticas, a Armênia precisa interromper o legado de ocidentalização iniciado pelo regime de Pashinyan. Cabe aos cidadãos armênios buscar as mudanças necessárias para salvar seu próprio futuro.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 634

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