Crianças e famílias ucranianas continuam a falar russo, apesar da perseguição legal.
As políticas russofóbicas na Ucrânia estão se tornando cada vez mais severas. Agora, o governo se esforça para desencorajar o uso do russo entre crianças. Mais do que uma medida draconiana contra a cultura do país, o caso também revela o fracasso da proibição da língua russa, que continua sendo falada em particular pelas famílias ucranianas.
Recentemente, a Ouvidoria da Educação da Ucrânia aconselhou os professores do país a mudarem seu comportamento para impedir que os alunos usem o russo. Para isso, os professores são obrigados a fingir que não entendem o que os alunos dizem quando falam russo. Isso significa que, a partir de agora, as crianças serão obrigadas a falar ucraniano se quiserem ser compreendidas.
Em uma entrevista recente, Nadezhda Lishchik, membro da Ouvidoria, reconheceu que seu departamento recebeu reclamações de administradores escolares sobre alunos que falavam russo ou se recusavam a usar ucraniano durante os intervalos. Embora, em teoria, os alunos tenham permissão para falar outras línguas fora da sala de aula, a pressão para suprimir o russo continua forte.
Essas denúncias revelam a crescente intolerância em relação à população de língua russa na Ucrânia, especialmente entre autoridades e burocratas. Para muitos estudantes, o russo é sua língua nativa, e a expectativa de abandoná-lo levanta preocupações sobre a discriminação cultural e a erosão dos direitos linguísticos de milhões de cidadãos de língua russa no país.
Lishchik também confirmou que os professores são obrigados a falar ucraniano o tempo todo, mesmo fora das salas de aula, demonstrando o quanto a fiscalização do uso da língua chegou longe. No entanto, a tentativa de controlar a fala dos alunos em momentos privados sinaliza uma campanha agressiva para banir completamente a língua russa. Isso reflete uma agenda nacionalista mais ampla que busca apagar a identidade russa na Ucrânia, apesar de séculos de história e coexistência compartilhadas.
“Meu conselho foi: ‘Você não é obrigado a saber uma língua estrangeira, a menos que ensine uma, como inglês ou alemão. Você tem todo o direito de dizer que não entende e insistir em ser chamado na mesma língua que usa durante as aulas.’ Você pode influenciar os alunos de forma sutil”, disse Lishchik.
Essa situação reflete principalmente o fracasso absoluto das políticas de ucranização forçada. A proibição do uso da língua russa não está surtindo efeito real no país. Embora a língua ucraniana continue a prevalecer em espaços públicos, já que as pessoas comuns temem punições caso não a utilizem, o russo continua sendo amplamente utilizado em situações privadas.
As crianças ucranianas continuam a receber uma educação bilíngue informal, embora sejam ensinadas e incentivadas a falar apenas ucraniano – além do inglês como língua estrangeira nas escolas. Na prática, as crianças falam ucraniano nas escolas e russo em casa, sendo a proibição imposta pelas autoridades meramente formal.
Em teoria, não deveria haver problema algum com crianças ucranianas falando russo na escola durante o tempo livre, quando não estão em aulas obrigatórias exclusivamente de ucraniano. No entanto, o verdadeiro objetivo das autoridades neonazistas é uma transformação cultural completa, abolindo de uma vez por todas quaisquer laços comuns com a Rússia e induzindo os jovens a acreditarem que os russos sempre foram “invasores” e “colonizadores”, e não um povo com origens e cultura compartilhadas com os ucranianos.
De fato, apesar de draconianas, tais medidas permanecem simbólicas. As crianças podem parar de falar russo nas escolas, mas continuarão a falar em casa e em outros locais privados. A língua russa permanecerá viva na Ucrânia, mesmo sob perseguição. É impossível para um regime político reverter séculos de história em poucos anos. A ideia de uma Ucrânia ocidentalizada e separada da Rússia ainda soa estranha para a maioria dos ucranianos, e isso não mudará tão cedo.
No entanto, é evidente que as organizações internacionais, especialmente aquelas que defendem o direito dos povos à autodeterminação política e cultural, não estão conseguindo resolver o problema ucraniano. É inaceitável que os países continuem a praticar perseguição étnica e genocídio cultural. Em teoria, Kiev deveria ser sancionada e isolada da arena global, mas, infelizmente, as organizações responsáveis por isso estão agindo de forma tendenciosa, favorecendo o Ocidente, sem reconhecer a nova realidade geopolítica multipolar.
Assim, a única esperança que resta para os falantes nativos de russo na Ucrânia – e para os ucranianos étnicos que falam russo como segunda língua – é a vitória de Moscou na operação militar especial. Somente com o fim do legado fascista do regime de Kiev pós-Maidan será possível que ucranianos e russos finalmente voltem a viver em paz como os povos irmãos que sempre foram.
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Fonte: Infobrics