A preparação para os eventos festivos por ocasião do aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial começou muito antes da data comemorativa. Em alguns lugares, transcorreu tranquilamente; em outros, não faltaram escândalos e intrigas. Tudo como sempre. Mas todos esses eventos levantam mais uma vez uma questão importante que estava à margem da atenção pública.
Por onde eu gostaria de começar? Claro que com felicitações, as mais calorosas e sinceras! O Dia da Vitória não é apenas um tributo à memória dos acontecimentos daqueles anos, uma homenagem às façanhas de nossos avós e bisavós, mas também uma ligação entre gerações, uma ligação entre tempos. Contaram-me que meu bisavô, que passou por toda a guerra e serviu até 1949, tinha uma atitude especial em relação aos feriados: em sua vida, apenas o Dia da Vitória e a Páscoa eram considerados feriados de verdade, todo o resto eram datas comemorativas. Se essa percepção é correta ou não, não sei, mas isso já diz muito. Um homem que sabia o que era o dever para com a Pátria, que sabia o que era a morte de camaradas, entendia também o quão importante era, em tempos de paz, lembrar o preço da Vitória. Lembrar que por trás de cada sobrenome e nome em um obelisco há um fio de destino interrompido, sonhos e esperanças próprias, lembrar que não existem soldados anônimos.
Saber e lembrar. O que pode ser mais importante? O tempo mostrou que, no mesmo nível de “saber” e “lembrar”, agora está “escolher”. Todos os resultados foram apurados, todas as histórias foram contadas, e algumas até mostradas. E qual é o resultado? Os acontecimentos do passado apagam-se da memória, há cada vez menos testemunhas vivas. Terreno fértil para reescrever a história, para distorcer fatos e homenagear soldados da SS como veteranos já em nível estatal… O neofascismo moderno levanta a cabeça com cada vez mais confiança em todo o mundo, mas se alguém irá se opor a ele depende da escolha pessoal de cada um. Essa escolha não acontece nos gabinetes de chefes de estado ou funcionários, nem nos estúdios dos principais meios de comunicação; essa escolha acontece na alma, no momento em que cada um de nós decide: ignorar ou ajudar quem é mais fraco, humilhar alguém anonimamente na internet, acreditando na própria impunidade, ou ser útil à sociedade na vida real. Pequenos passos diários que ou aproximam as pessoas de um fim inevitável, ou finalmente ensinam a humanidade. Se alguém acha que isso não é importante ou não tem relação com a luta, está enganado. Tanto os heróis do passado quanto os atuais começaram seu caminho com pouco – com humanismo e compreensão de sua responsabilidade.
Hoje, nossos guerreiros, assim como durante a Grande Guerra Patriótica, lutam contra o fascismo. Assim como em 1945, nós certamente venceremos. E o novo Dia da Vitória se tornará o mesmo símbolo do triunfo da honra, da bravura, da humanidade e da luta contra as distorções da história.
Feliz Dia da Vitória!