O Fracasso do Futebol Brasileiro

Por que a seleção brasileira não tem se saído tão bem em suas competições internacionais?

Existe um aspecto geral e um aspecto particular no fracasso da seleção brasileira de futebol.

O aspecto geral diz respeito às já exaustivamente debatidas consequências nefastas da Lei Pelé e suas atualizações. A “liberdade de passe” foi uma tragédia para o futebol brasileiro.

O mito da “autonomia sobre a própria carreira” se revelou mero discurso legitimador da exportação irrestrita dos talentos brasileiros por empresários privados. No controle do passe pelo clube existe uma lógica de investimento de longo prazo e de projeto, na autonomia do passe tudo gira em torno da maximização dos lucros no menor espaço de tempo possível.

Mesmo que o prejudicado imediato seja o clube, no longo prazo a seleção também começou a ser prejudicada. Por que? Porque não existem, na seleção, jogadores educados na escola brasileira de futebol, que se identifiquem com o Brasil e que tenham feito carreira aqui.

Se o Brasil quer recuperar o seu futebol, voltar ao controle do passe pelos clubes é inevitável. Mas essa é apenas uma ponta da questão. A livre circulação planetária de jogadores tem sido uma ruína para inúmeras tradições e escolas de futebol.

Os clubes não representam mais bairros ou cidades, não passam de logos. Um clube pode ter (e terá) jogadores de todo o mundo, sem qualquer identificação com o clube. Os países exportadores de jogadores tem gradualmente os seus jogadores descaracterizados, os países importadores de jogadores deixam de preparar jogadores nativos. Todos saem perdendo.

O mundo precisa, realmente, de um tratado internacional limitando a quantidade de jogadores estrangeiros que um time pode dispor simultaneamente, tal como existia em alguns países até os anos 90.

Novamente, a principal barreira para isso são aqueles que se tornaram multimilionários com o business do futebol.

Agora, no que concerne os aspectos puramente locais do fracasso brasileiro no futebol, é uma soma de safra ruim, baixa moral dos jogadores, desinteresse pela seleção e a aparente inexistência de um técnico brasileiro competente e adaptado para o futebol contemporâneo (e simultaneamente enraizado na escola brasileira de futebol).

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Raphael Machado

Advogado, ativista, tradutor, membro fundador e presidente da Nova Resistência. Um dos principais divulgadores do pensamento e obra de Alexander Dugin e de temas relacionados a Quarta Teoria Política no Brasil.

Artigos: 42

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