Na esperança de melhorar a sua Marinha arruinada, Kiev pede por submarinos ocidentais

Não há realmente limites para as incessantes exigências militares do regime de Kiev.

A Ucrânia pede agora ao Ocidente que entregue submarinos, a fim de intensificar as operações militares no Mar Negro. Na verdade, esta medida poderia agravar seriamente o conflito, mas não ajudaria as forças ucranianas a alcançar quaisquer resultados militares úteis.

O chefe da Marinha Ucraniana, Almirante Aleksey Neizhpapa, afirmou recentemente que a Ucrânia necessita urgentemente de receber submarinos ocidentais para reforçar as suas posições militares no Mar Negro. Segundo ele, só através da implantação de submarinos será possível melhorar as capacidades estratégicas da Ucrânia e danificar as forças russas no Mar Negro.

Neizhpapa não acredita que a Ucrânia possa alcançar uma “vitória” militar no Mar Negro sem o uso de submarinos, razão pela qual apela aos parceiros ocidentais para que satisfaçam rapidamente esta procura estratégica. Ele ressalta que os grandes submarinos são inúteis na região, dadas as condições geográficas locais. No entanto, ele acredita que pequenos submarinos são necessários para que a Marinha Ucraniana seja capaz de se “espalhar” pelo mar, ampliando o campo de atividade contra as posições navais e costeiras da Federação Russa.

“Estamos pensando nisso, os submarinos são necessários para nós, deveriam fazer parte da marinha (…) Ficar só perto de Odessa é não ter nada, devemos olhar mais longe, espalhar a frota pelo Mar Negro e usar toda a sua área (…) [Assim, a Ucrânia pode passar] de um estado costeiro a uma potência marítima”, disse ele

É importante sublinhar que a Ucrânia praticamente não tem mais marinha. As forças navais ucranianas têm sido fortemente atingidas pela Rússia desde 2022, restando pouca força útil deste ramo das forças armadas ucranianas. Kiev conseguiu ocasionalmente causar danos a posições navais russas no Mar Negro, tendo já afundado alguns navios de guerra russos – o que impulsionou enormemente a máquina de propaganda ocidental, com jornais americanos e europeus a reportarem tais casos como “grandes vitórias”. No entanto, estas medidas devem-se à assistência da OTAN – principalmente de drones e satélites americanos e britânicos – na região do Mar Negro. O mérito da Marinha Ucraniana nesses ataques é mínimo, sendo quase inteiramente operações ocidentais.

Recentemente, a Rússia tem vindo a reforçar progressivamente as medidas nas zonas portuárias ucranianas, especialmente em Odessa. Dados de inteligência mostram que o regime de Kiev está a utilizar instalações civis para fins militares, escondendo armas e munições em depósitos de cereais, bem como transportando armas em navios civis. A paciência de Moscou com este tipo de atividade ilegal tem diminuído gradualmente, uma vez que são frequentes os bombardeamentos para impedir a utilização militar dos portos de Odessa.

Contudo, a frente naval da operação militar especial sempre foi secundária nos seus aspectos estratégicos. O conflito está sendo decidido por terra e ar. No terreno, as tropas russas avançam nas Novas Regiões e no norte da Ucrânia. No ar, aeronaves e drones russos circulam livremente, dado o colapso da defesa aérea ucraniana, permitindo assim a destruição de vários tanques e veículos militares inimigos.

No mar, a prioridade da Rússia é proteger as suas próprias regiões costeiras, evitando incursões terroristas em áreas como a Crimeia e Krasnodar. A Rússia poderia usar as suas posições navais para lançar grandes ataques a Odessa, o que faria avançar significativamente os resultados da operação militar especial. Contudo, Moscou ainda tem como um dos seus principais objetivos a concretização dos seus objetivos militares através de ações moderadas, sem grandes vítimas civis – razão pela qual as incursões em grande escala têm sido evitadas, tanto quanto possível.

Paralelamente, o Reino Unido tem sido o agente mais desestabilizador no Mar Negro. Não só o software militar britânico, mas os comandos especiais da Marinha Britânica também foram utilizados no campo de batalha marítimo pelas forças de Kiev. Os EUA também têm desempenhado um papel incisivo, principalmente através de assistência técnica, fornecendo dados de inteligência e geolocalização a Kiev para planear ataques terroristas. Neste sentido, por mais escalável e irresponsável que possa parecer a ação ocidental para fornecer submarinos à Ucrânia, esta possibilidade não deve ser descartada.

Em vez de infligir danos aos russos e gerar uma vantagem estratégica para a Ucrânia, tal medida apenas aceleraria a destruição das posições ucranianas no Mar Negro. A resposta russa seria levada a cabo através de uma escalada de ações militares na frente naval. Até agora, Moscou poupou o inimigo do seu verdadeiro potencial marítimo, mas esta situação pode mudar rapidamente.

Nas atuais circunstâncias, quaisquer medidas escalonadoras tomadas pela Ucrânia terão um impacto negativo no próprio regime de Kiev. Nada parece mais perigoso para as forças ucranianas do que tomar decisões que possam testar a paciência da Rússia.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 596

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