Um livro muito importante, “The Crystal of Growth” (O Cristal do Crescimento), foi publicado há alguns anos. Nele, os autores, principalmente Alexander Galushka, coletaram uma enorme quantidade de material sobre o crescimento da economia soviética entre 1929 e 1953. Por que tudo parou com a morte de Stalin? Alexander Dugin tira suas conclusões neste artigo.
A lógica dos autores é simples. A taxa de crescimento da URSS sob o comando de Stálin, de 1929 a 1953, não tem precedentes e representa um dos casos mais raros de rápida decolagem de todos os indicadores – o volume de produção, a demografia, o suprimento populacional, o crescimento da indústria, a inovação e a modernização.
E, apesar dos horrores da Grande Guerra Patriótica, em geral, todo esse período de rápida decolagem vertical stalinista não diminuiu de forma alguma. Os autores estão longe de qualquer nostalgia. Eles simplesmente fizeram a pergunta: por quê?
E mais: que modelo guiou os autores de tal política, de onde eles o tiraram e por que nem antes nem depois de Stálin, até o presente momento, não vemos na Rússia, e antes na URSS, nada nem remotamente semelhante?
Os autores rejeitaram de imediato a ideia de que o milagre soviético se baseava no marxismo: o marxismo havia se estabelecido em outras sociedades em que nem mesmo resultados remotamente semelhantes haviam sido alcançados. Depois de Stalin, a economia não se tornou menos socialista e dogmática, mas, por alguma razão desconhecida, entrou em uma estagnação cada vez maior.
E tudo mais segue neste mesmo espírito.
A pista é esta: Stalin não foi guiado por Marx e Engels, mas pelas ideias do esquecido economista russo-alemão Karl Ballod, que no final do século XIX desenvolveu uma fórmula para o sucesso total – uma combinação equilibrada de planejamento estatal e iniciativa privada. E todos os países que obtiveram resultados surpreendentes na economia, tanto capitalista quanto socialista, tiveram sucesso somente quando adotaram este modelo.
Ballod, ao que parece, foi o primeiro teórico da rápida eletrificação do país e de muitas outras iniciativas que levaram os bolcheviques a seus sucessos mais marcantes. No entanto, Ballod não era um socialista, mas sim um pragmático e nacionalista econômico. Todos aqueles que tomaram suas teorias como base alcançaram milagres econômicos e sociais.
Um dos métodos desse milagre foi a emissão de dinheiro em dois circuitos: além da emissão de moeda nacional que circulava diretamente na sociedade, na forma de dinheiro vivo, foram abertas contas especiais, cujos fundos eram gastos apenas em projetos específicos – grandes projetos de construção, infraestrutura, tecnologias militares de ponta, instalações inovadoras, estradas e comunicações. Ou seja, eles foram investidos no futuro.
Isso resolveu o problema dos investimentos de longo prazo, que são sempre arriscados. E, também, o problema da inflação: a maior parte do dinheiro não entrava no mercado consumidor, exceto pelos salários daqueles que os recebiam nesse setor estratégico.
O sucesso está neste modelo, não no trabalho dos prisioneiros – que, como mostram os autores, era pouco lucrativo – e não no aparato de repressão. O totalitarismo não teve nada a ver com isso – poderíamos ter nos saído muito bem sem ele. Haveria [a fórmula do] Ballod. E isso foi descoberto tão tarde – somente em 2021 – porque a realidade nos tempos soviéticos estava escondida atrás da demagogia ideológica.
Após a morte de Stalin, Kruschev e Brezhnev abandonaram o modelo de Ballod. E as coisas foram imediatamente por água abaixo. Até que o sistema soviético entrou em e se transformou no liberalismo miserável e fracassado da década de 1990.
E aqui fica mais interessante. No livro “Crystal of Growth” (Cristal do Crescimento), os autores argumentam de forma muito razoável e tranquila: Ora, podemos fazer isso de novo… Sem assustar ninguém com repressões e totalitarismo. Não se tratava deles. A questão era Karl Ballod, a combinação do planejamento estratégico do Gosplan com o apoio à iniciativa privada de pequeno e médio porte, o modelo de dois circuitos monetários e a ausência de dogmas econômicos, tanto marxistas quanto mais liberais.
A fórmula de Karl Ballod é uma aliança entre o Estado e o povo no destino comum de construir uma sociedade verdadeiramente soberana, uma economia soberana e justiça social. É exatamente isso que devemos repetir ou construir de novo!
Fonte: Tsargrad.tv.