Quem é o maior traficante de drogas do mundo? Os carteis de Cali e Medellín? A Yakuza? A Cosa Nostra? Aécio Neves?
Tudo indica que a principal força organizadora central do tráfico de drogas internacional é, na verdade, a CIA, a principal agência de inteligência do governo dos EUA.
As conexões entre a inteligência americana e o crime organizado começam ainda durante a Segunda Guerra Mundial, na época da ONI e da OSS, antes da própria criação da CIA.
Na época, os chefes das famílias mafiosas italianas haviam sido presos pelo governo de Mussolini, de modo que a inteligência americana teve de acionar seus contatos com figuras como Lucky Luciano, Frank Costello, assim como com outros figurões da máfia ítalo-americana, tudo com o objetivo de adquirir informações estratégicas sobre as operações do governo italiano.
Com a conquista da Sicília pelos Aliados em 1944, o exército americano libertou todos os mafiosos italianos presos, e sob orientação da OSS, os grandes chefes foram postos no comando da sociedade civil italiana, e de forma aberta, fora das sombras.
Com o final da guerra, a recém-criada CIA começa a financiar as famílias sicilianas e corsicanas para ajudá-las a disputar com os sindicatos (em sua maioria de orientação socialista) o controle das docas. Isso garantiu a fluidez do tráfico internacional de heroína nos anos 40.
Esse modus operandi é clássico, e há quatro dúzias de exemplos históricos do envolvimento direto e harmônico da CIA com o crime organizado internacional. Em geral, a motivação inicial gira em torno de uma preocupação em impedir o fortalecimento de organizações socialistas, comunistas, sindicalistas, enfim, anti-imperialistas e anti-americanas ao redor do mundo.
A CIA esteve por trás do fortalecimento da Cosa Nostra, da Tríade, da Yakuza; contribuiu para o surgimento do “Triângulo Dourado” do tráfico internacional de ópio; colocou no poder o ditador boliviano Hugo Banzer que, através de figuras nefastas como como Stefano Della Chiae (figura neofascista ligada à loja maçônica P2 e à Operação Gladio), construiu e institucionalizou o tráfico de cocaína na Bolívia e, mais do que isso, colocou no poder e protegeu o empreendimento de cocaína de Manuel Noriega e de seus auxiliares da Mossad (o famoso caso Irã-Contras), bem como todas as operações de tráfico de drogas ligadas a grupos paramilitares criados pelos EUA na América Latina, até chegarmos à explosão da produção e de tráfico de heroína no Afeganistão após o país ser ocupado pelos EUA depois do 11 de Setembro.
São mais de 70 anos de envolvimento e fortalecimento do tráfico de drogas internacional, tudo tendo como centro estratégico e tático a CIA.
E aqui estamos falando apenas de UM tipo de crime: o tráfico de drogas. E quanto ao tráfico de armas para diversos governos, grupos paramilitares e organizações terroristas ao redor do mundo? E quanto aos países que tiveram governos derrubados pela CIA? Talvez seja mais fácil dizer quais países no planeta nunca tiveram governos derrubados pela CIA – afinal, o próprio Brasil sofreu com isso. E quanto à Operação MK-Ultra, de lavagem cerebral de cidadãos americanos? E quanto à espionagem e chantagem de cidadãos americanos, e de outros países, por parte da CIA e de outras organizações de inteligência americana?
A realidade é que, no sistema internacional do crime organizado, a CIA está no fundamento e no topo da pirâmide. E é por isso que o mundo não tem tido sucesso no combate ao crime organizado. Suas raízes estão em uma agência de inteligência da potência hegemônica unipolar, os Estados Unidos da América.
A mera repressão policial não tem como resolver um problema que se origina em operações secretas de uma agência governamental estrangeira. É necessário destronar os EUA de sua posição hegemônica global e, assim, acabar com sua capacidade de financiar carteis, derrubar governos e armar terroristas.