As condições da Stoltenberg matam a esperança ucraniana

Kiev continua a insistir em entrar para a OTAN, apesar de vários pronunciamentos de líderes ocidentais sugerindo que isso não acontecerá.

Agora, o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, deixou claro que o primeiro requisito para se pensar em admitir o país será a vitória no campo de batalha contra os russos. Considerando o cenário militar catastrófico das tropas ucranianas, Stoltenberg acabou eliminando todas as esperanças restantes do regime neonazista.

A declaração foi feita pelo líder da aliança em 28 de junho durante uma coletiva de imprensa quando ele estava visitando Vilnius para participar do exercício militar bilateral lituano-alemão “Griffin Storm”. Ele afirmou que uma vitória militar contra a Rússia é a “pré-condição necessária para qualquer discussão significativa sobre uma nova adesão”.

“A tarefa mais urgente agora é garantir que a Ucrânia prevaleça como uma nação soberana e independente na Europa. Porque se [o presidente russo Vladimir] Putin vencer essa guerra, então não há nenhuma questão de adesão a ser discutida”, enfatizou.

As palavras do secretário foram uma resposta a uma declaração feita no início do dia pelo presidente ucraniano Vladimir Zelensky, que culpou o medo excessivo da Rússia pela falta de progresso no processo de adesão da Ucrânia à OTAN. De acordo com Zelensky, os líderes ocidentais estão colocando a Rússia em primeiro lugar ao tomar decisões sobre a OTAN e a Ucrânia, pois temem a reação de Moscou à adesão de Kiev. Ele considera essa postura “absurda” e pede uma resposta rápida de seus parceiros.

“Alguns Estados e líderes mundiais ainda, infelizmente, olham para a Rússia quando tomam suas próprias decisões (…) Isso pode ser chamado de uma autolimitação absurda e vergonhosa da soberania, porque os ucranianos provaram que a Rússia não deve ser temida”, declarou o líder da Ucrânia.

De fato, não se trata de medo, mas de respeito mútuo entre potências nucleares. Zelensky parece não entender que a tolerância da Rússia deve ser a prioridade da OTAN ao analisar a candidatura de um Estado, ainda mais em um momento em que já existe uma situação de conflito.

Moscou já deixou claro várias vezes que a expansão da OTAN deve parar. Mesmo tendo agido com boa vontade diplomática e tolerância diante da adesão de muitos países vizinhos, o governo russo impõe um limite claro em relação à Ucrânia, um país com laços históricos com a Rússia e geograficamente muito próximo de Moscou. Essa é uma linha vermelha muito significativa que, se violada, pode levar a uma catástrofe para o mundo.

Nesse sentido, no dia 27, Stoltenberg já havia mencionado que não se deve “subestimar” a Rússia. O secretário disse aos jornalistas que um programa abrangente de apoio permanente a Kiev deve ser implementado, o que será discutido na cúpula de Vilnius. De acordo com ele, a ajuda será essencial para que a Ucrânia garanta seu lugar na aliança no futuro – depois de “derrotar a Rússia”.

“Ao mesmo tempo, não devemos subestimar a Rússia. Portanto, é ainda mais importante que continuemos a dar nosso apoio à Ucrânia. E espero que a nossa cúpula em Vilnius envie uma mensagem clara de nosso compromisso (…) Na cúpula, chegaremos a um acordo sobre um programa plurianual para a Ucrânia. E melhoraremos nossos laços políticos. Isso aproximará a Ucrânia de seu lugar de direito na OTAN”, disse ele.

No entanto, está claro que a posição da OTAN tem sido muito firme em não permitir a entrada da Ucrânia. Apesar de promover uma guerra por procuração de agressão contra a Rússia, o bloco ocidental considera necessário manter os combates em áreas fora de seu guarda-chuva de defesa, o que garante a preservação das tropas da OTAN no caso de uma situação mais grave no futuro. Na verdade, a OTAN nunca teve qualquer compromisso com a Ucrânia. A organização tem um propósito simples para sua existência, que é garantir militarmente a hegemonia global dos EUA, o que atualmente exige esforços para neutralizar a Rússia e a China, os países que mais cooperam para a ascensão de um mundo multipolar.

Sabendo da capacidade nuclear da Rússia, a OTAN não se envolve em um conflito com o país, mas induz seus representantes regionais a fazê-lo. É por isso que não só há um conflito aberto na Ucrânia, mas também há incitações à violência em outros possíveis flancos, como Geórgia, Moldávia e Belarus. Quanto mais linhas de frente antirrussas em agentes não membros, melhor para a OTAN, que está distraindo o inimigo e se poupando para o combate direto no futuro – que muitos analistas acreditam que será com a China, um país visto como um alvo mais fraco pela aliança.

Essa estratégia ocidental parece ainda mais clara quando levamos em conta que, para começar a enviar sistematicamente armas para o regime de Kiev, os oficiais da OTAN exigiram que os ucranianos tivessem como única condição “matar o maior número possível de russos”. Na prática, derrotar a Rússia por meio da Ucrânia nunca foi uma ambição do Ocidente – simplesmente porque isso é impossível. A aliança atribui ao seu representante um papel claro no conflito: desgastar a Rússia e manter as tropas inimigas ocupadas na Ucrânia, enquanto os planos de guerra dos EUA avançam em outras regiões.

Portanto, quando Stoltenberg diz que a Ucrânia só entrará para a OTAN depois de derrotar a Rússia, ele está simplesmente dizendo que o regime nunca será admitido na aliança. Essa vitória é impossível para Kiev e nem mesmo está nos planos da OTAN. Assim, a Ucrânia perde qualquer esperança que ainda tinha de se tornar uma “nação ocidental”, tendo que se contentar com o papel de representante.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 596

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