É uma verdade fundamental que o mundo hoje vive sob uma hegemonia liberal. Mas quando se fala nisso uma grande parcela das pessoas fica confusa. Ninguém sabe mais o que é liberalismo. A maioria acha que liberalismo é algum tipo de “sistema econômico” ou algo que tenha a ver com ausência de Estado.
Mas esse próprio obscurecimento do significado do liberalismo só é possível sob uma hegemonia liberal, que se tornou global. Quando algo se torna hegemônico ao ponto de se misturar ao senso comum o seu significado se torna obscuro. E essa é a situação do liberalismo.
O liberalismo é, fundamentalmente, a teoria política que tem como sujeito o “indivíduo”. O que significa ter como sujeito o “indivíduo”? Significa acreditar que o motor da história é o “indivíduo”, que a fonte das mudanças e transformações sociais e históricas são as ações dos “indivíduos”. É ter como centro de suas preocupações o “indivíduo” e suas prerrogativas.
Já refutamos a própria concepção de “indivíduo”. E é fundamental insistir na necessidade e importância da rejeição desse conceito, porque este conceito está por trás de todos os principais fenômenos políticos da pós-modernidade.
Direitistas e esquerdistas se digladiam, mas eles têm como sua bandeira comum a defesa do “indivíduo” e seus “direitos”. Eles apenas discordam do conteúdo desses “direitos”. No que concerne os direitistas isso é óbvio, porque estes estão claramente ligados a ideologias liberais.
Mas quanto aos esquerdistas, inclusive os que se considerem comunistas, é fundamental atentar para este ponto. Quem tem como centro de suas preocupações políticas o “indivíduo” e seus “direitos” é liberal, e não comunista.
Isso quer dizer que tal como os capitalistas globalistas do FMI, tal como anarcocapitalistas e libertários, os adeptos do PSOL, do PSL, do Catraca Livre, da Quebrando o Tabu, da Rede Globo, são todos eles liberais. Independentemente do papel que atribuam ao Estado nas questões econômicas, porque não é isso que é o fundamental.
E isso quer dizer que o mundo, hoje, é liberal. Os liberais têm a hegemonia política e filosófica em quase todo o planeta, com poucas “ilhas” de exceção. E ter isso em mente é importante, porque já desmistifica qualquer loucura de ficar procurando “bichos-papões” comunistas e fascistas embaixo de toda cama e atrás de toda porta.
A nível de capacidade para disputar protagonismo político no mundo, comunismo e fascismo não existem mais. Só existe o liberalismo. O liberalismo trouxe o nosso mundo à situação precária e deplorável em que ele se encontra hoje. O liberalismo é o responsável fundamental por todos os grandes males e problemas contemporâneos, da desigualdade social à destruição da família tradicional, da fome à maluquice dos 72 gêneros, da poluição ao enfraquecimento das religiões.
Ele tem muitas faces e todas essas faces disputam a primazia. Mas essas faces são todas liberais. E desviar a atenção disso, se recusar a dedicar todo o esforço e toda a convicção a combater o liberalismo, é ajudá-lo.
Expurgar e extirpar o liberalismo será uma longa e trabalhosa guerra. Mas empreender essa guerra é um imperativo ético e uma questão de sobrevivência.