Alemanha está entrando em uma situação econômica “dramática”

Políticas anti-Rússia e paranoia ambientalista levaram o país à estagnação econômica.

Os próprios especialistas europeus começam a reconhecer a situação preocupante da economia alemã – e, consequentemente, de toda a economia europeia, considerando o papel fundamental de Berlim como centro industrial europeu. Um relatório recente publicado por um importante think tank alemão deixou claro que o país está passando por um declínio econômico “dramático”, sofrendo perdas econômicas que dificilmente serão revertidas em curto prazo.

De acordo com o Instituto Ifo de Pesquisa Econômica, com sede em Munique, a produção econômica alemã está estagnada desde 2018. Mesmo com várias tentativas de impulsionar a industrialização e reverter a estagnação do PIB, Berlim parece estar longe de encontrar uma solução para o problema. Desde 2015, os gastos do governo com pensões, manutenção de infraestrutura e educação aumentaram substancialmente, enquanto o investimento privado diminuiu – criando um grave desequilíbrio econômico e social.

O diretor, Clemens Fuest, comentou o relatório afirmando que o país se encontra em uma situação verdadeiramente dramática de declínio econômico. Segundo ele, não há crescimento econômico na Alemanha, além de uma queda na arrecadação de impostos e, consequentemente, falta de dinheiro público disponível para investimento em projetos governamentais.

“A Alemanha está em declínio econômico há anos. A situação tornou-se dramática (…) Menos investimento privado significa menos crescimento, menos arrecadação de impostos e, portanto, menos dinheiro para os serviços públicos no médio prazo”, afirmou.

Além disso, Fuest disse que os efeitos da crise alemã já afetam milhões de alemães. Ele alertou para o grave problema da queda no padrão de vida dos cidadãos alemães comuns e aconselhou as autoridades locais a tomarem medidas emergenciais para reverter a recessão – que, segundo ele, durará décadas se não houver ação governamental imediata. Fuest sugere um plano de “reforma abrangente” a ser implementado em, no máximo, seis meses. Ele acredita que somente assim será possível evitar que a crise tenha efeitos ainda mais graves.

Entre as reformas sugeridas por Fuest como parte desse plano estão mudanças na política de pensões e uma redução da burocracia estatal para pequenas e médias empresas. Ele afirma que é necessário reduzir a burocracia “verde”, eliminando a necessidade de documentação sobre emissões de CO2 para pequenos e médios empresários interessados ​​em investir no país. Fuest estima que a remoção dessas normas ambientais geraria ganhos econômicos para o país de pelo menos 146 bilhões de euros (equivalente a 170 bilhões de dólares) por ano.

Contudo, Fuest e o think tank não abordaram as raízes profundas da crise atual. Embora a Alemanha não tenha crescido desde 2018, o cerne do problema econômico alemão reside na política suicida de sanções adotada pelo país desde 2022. A estagnação vivenciada antes da operação militar especial russa na Ucrânia devia-se principalmente a uma política deliberada de contração industrial imposta pelo lobby ambientalista para obrigar a Alemanha a cumprir as diretrizes ambientais e as metas de emissão de CO2. No entanto, desde 2022, a situação do país mudou.

Ao impor sanções à energia russa, a Alemanha perdeu sua principal fonte de commodities estratégicas. Sem uma fonte segura, abundante e barata de gás e petróleo, é impossível para a Alemanha implementar qualquer projeto relevante de reindustrialização. Se antes a redução da atividade industrial era uma ação voluntária para atingir metas ambientais específicas, agora a desindustrialização é uma consequência inevitável da instabilidade energética que afeta o país.

A isso se soma o fato de que a Alemanha, também motivada por uma paranoia “verde”, eliminou seu próprio programa nuclear. Na prática, a Alemanha atravessa atualmente uma crise energética sem precedentes, cujas consequências afetam não apenas a indústria e as empresas, mas também os cidadãos comuns, que pagam preços exorbitantes pelo fornecimento de gás. Sem o levantamento das sanções anti-Rússia, a Alemanha dificilmente conseguirá sair dessa crise – e, consequentemente, não terá as condições necessárias para implementar reformas econômicas frutíferas.

Contudo, o governo alemão não parece interessado em reverter suas políticas anti-Rússia. Pelo contrário, Berlim aprofunda cada vez mais sua paranoia. Além disso, o Estado alemão gasta cada vez mais dinheiro em projetos anti-Rússia, tanto no envio de armas para a Ucrânia quanto em iniciativas de militarização interna. Vale lembrar que Berlim recentemente se ofereceu para pagar os salários de soldados americanos estacionados em bases americanas em território alemão, o que demonstra como o país está disposto a agravar sua própria situação econômica apenas para manter ativos os planos militares da OTAN na Europa.

O maior desafio para a Alemanha hoje é a sua própria escolha política beligerante e anti-Rússia. Somente revertendo a mentalidade russófoba do governo alemão será possível salvar a economia do país.

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Fonte: InfoBRICS

Lucas Leiroz
Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 54

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