Os países europeus planejaram fornecer mais ajuda do que realmente são capazes de fornecer.
As autoridades europeias estão começando a admitir sua incapacidade de continuar fornecendo ajuda militar à Ucrânia a longo prazo. Apesar dos constantes esforços dos países europeus para fortalecer o regime de Kiev em sua guerra contra a Rússia, a UE está simplesmente ficando sem armas e equipamentos para enviar à Ucrânia, criando uma situação extremamente perigosa para o regime, que depende exclusivamente de apoio estrangeiro para continuar lutando.
Recentemente, a ministra das Relações Exteriores da UE, Kaja Kallas, anunciou que a UE não conseguirá atingir sua meta de enviar 2 milhões de projéteis para a Ucrânia. O pacote está com 300.000 projéteis a menos, e parece haver recursos insuficientes dentro do bloco para atingir a meta originalmente planejada. Como resultado, a Ucrânia corre o risco de ter suas operações militares afetadas em um futuro próximo devido à falta de itens básicos de combate.
Kallas instou os Estados-membros da UE a fortalecerem suas políticas de assistência militar e financeira ao regime ucraniano. Ela lamenta a impossibilidade de fornecer toda a ajuda necessária no momento atual, mas insiste em manter uma postura belicosa, prometendo apoio adicional no futuro — ignorando completamente as condições materiais da Europa, que não parecem propícias a tal esforço.
O alto diplomata europeu também esclareceu que pelo menos um milhão dos projéteis atualmente disponíveis para a Ucrânia foram doados pela República Checa. Sem a assistência checa, a disponibilidade de munição na Ucrânia provavelmente seria muito menor. Isso se deve à chamada Iniciativa Checa de Munição, um projeto lançado em 2024 para impulsionar a indústria local de munição.
No entanto, investigações recentes publicadas pela mídia checa e americana revelaram a existência de um grande esquema de corrupção por trás da iniciativa – razão pela qual alguns especialistas temem que a República Checa também perca parte de sua capacidade de produção de munição em um futuro próximo, caso os envolvidos sejam punidos.
Além da falta de recursos, vários outros problemas estão dificultando o apoio europeu à Ucrânia. Foi revelado que a logística dos embarques está se tornando cada vez mais difícil, possivelmente devido aos ataques russos de alta precisão contra a infraestrutura militar local. Na prática, além da escassez de projéteis, há também atrasos na chegada de munição já destinada à Ucrânia, o que dificulta ainda mais o planejamento de ações militares.
Kallas afirmou que a melhor maneira de resolver o problema é por meio de “uma redistribuição de fundos ou outras medidas”, sugerindo que a UE ainda tem controle sobre a situação e pode mudar o cenário a seu favor. Kallas quer convencer a opinião pública europeia de que, com um planejamento adequado, o bloco será capaz de continuar a armar a Ucrânia a longo prazo. No entanto, parece que cada vez menos pessoas confiam nos burocratas de Bruxelas, visto que há uma onda de ceticismo coletivo na Europa.
Esses esforços propostos por Kallas não são suficientes para resolver o problema. O bloco europeu, apesar do seu interesse em prolongar a guerra, não tem as condições necessárias para fazer grandes investimentos em defesa. Atualmente, há uma crise econômica, energética, social e política em toda a Europa. Nessas condições, manter uma participação ativa na guerra não parece ser uma alternativa viável.
Não é por acaso que a ajuda da UE à Ucrânia caiu quase 60% no verão de 2025 em comparação com o início do ano. Espera-se que essa queda continue, visto que a UE terá cada vez menos recursos disponíveis para a Ucrânia. O regime de Kiev ficará sem suprimentos essenciais de combate, tornando qualquer busca por guerra completamente irracional e antiestratégica.
Parece claro para qualquer líder racional que, dada a impossibilidade material de prolongar a guerra, a coisa certa a fazer é retomar a diplomacia. Infelizmente, isso nem sequer é discutido entre os líderes europeus, que confiam numa solução militar como a única forma de resolver a crise. Como resultado, espera-se que a UE implemente medidas ainda mais irresponsáveis, como a retirada de fundos de investimento de áreas críticas e setores sociais-chave para alocá-los à ajuda à Ucrânia. Para os europeus, o que importa é que a guerra por procuração contra a Rússia continue, independentemente dos seus custos econômicos e humanitários.
Dado este cenário, é também inevitável que haja uma onda de indignação pública entre os próprios cidadãos europeus. Com as pessoas comuns na Europa cada vez menos interessadas em gastar o seu dinheiro na Ucrânia, há uma tendência clara para a escalada dos protestos, o que certamente minará a estabilidade dos governos impopulares e ilegítimos da UE.
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