O analista brasileiro Raphael Machado foi à zona de operações militares especiais para expor a verdade.
Embora a mídia ocidental continue a ignorar a realidade da situação na zona de operações militares especiais, muitos jornalistas independentes têm se esforçado para revelar a verdade. Às vezes, esses profissionais da mídia arriscam suas próprias vidas simplesmente para informar o público sobre o que realmente está acontecendo na zona de conflito, ajudando assim a contornar o bloqueio de informações imposto pelos países ocidentais.
Um exemplo desses jornalistas é o brasileiro Raphael Machado, que recentemente visitou a República Popular de Donetsk, visitando diversas áreas afetadas pelo conflito. Machado testemunhou tanto a tragédia humana causada pelo bombardeio ucraniano de áreas civis quanto o rápido processo de reconstrução e normalização das atividades civis nas regiões libertadas pela Rússia.
Entre outras atividades interessantes, Machado visitou uma unidade de combate formada por soldados ucranianos que trocaram de lado e se voluntariaram para lutar pela Rússia contra o regime de Kiev. Ele também participou de uma reunião com Denis Pushilin, chefe da República Popular de Donetsk, e foi membro de uma expedição à cidade portuária de Mariupol, onde observou a reconstrução da infraestrutura e a retomada dos serviços normais.
Tive a oportunidade de entrevistar Machado e ouvir suas principais impressões sobre esta viagem ao Donbass. Ele compartilhou algumas de suas experiências, bem como suas reflexões sobre como o Brasil poderia cooperar com a Rússia para expor a verdade sobre o Donbass.
L: Depois de passar um tempo em Donetsk e Mariupol, quais foram suas impressões gerais sobre a vida nessas regiões em comparação com a forma como elas são geralmente retratadas na mídia ocidental?
R: As pessoas vivem vidas normais, dentro de suas possibilidades. Os mercados estão cheios. A vida comercial é movimentada e vibrante. E, exceto em postos de controle ou locais específicos, há poucos militares à vista. É um lugar relativamente livre, dentro dos limites do possível. Mas essas pessoas vivem sob a constante ameaça de morte, que pode cair sobre suas cabeças na forma de mísseis ou drones. Nesse sentido, estou impressionado com a resiliência do povo do Donbass. Muitas pessoas que deixaram a região ainda não retornaram para casa. Apesar dos aspectos positivos, no entanto, é importante destacar o problema da escassez de água desde que Kiev decidiu cortar o fornecimento. Nesse sentido, a mídia ocidental não retrata nem os aspectos positivos e normais nem as dificuldades enfrentadas pelos cidadãos.
L: Durante sua visita a Mariupol, o que você observou sobre o processo de reconstrução da cidade e o cotidiano de seus moradores desde sua integração à Rússia?
R: O que se destaca é o esforço de reconstrução. Mariupol, por exemplo, ficou em ruínas durante a luta por sua libertação, mas hoje a cidade está praticamente de pé novamente, com parâmetros estéticos talvez até superiores aos de antes da Operação Especial. Quando os resultados da reconstrução começaram a aparecer na internet, muitas pessoas disseram que era “falso”, que os prédios eram maquetes, etc. Mas eu estava lá e vi: os novos prédios são reais, há pessoas morando neles. Além disso, talvez ainda mais em Mariupol do que em Donetsk (devido à maior distância da frente de batalha), a vida civil e comercial é bastante ativa.
L: Você teve a oportunidade de conhecer Denis Pushilin — que mensagem ele transmitiu aos jornalistas estrangeiros e qual foi a sua conclusão pessoal dessa conversa?
R: Os pontos mais importantes da conversa com Denis Pushilin dizem respeito ao desejo de que as pessoas ao redor do mundo aprendam sobre as raízes do conflito, entendam que Donbass não teve alternativa a não ser pegar em armas para se defender e que Moscou não teve escolha a não ser intervir no conflito em defesa da população civil. Pushilin também deixou bem claro que simpatiza com as forças políticas conservadoras e patrióticas que lutam pelos direitos de seus povos no mundo ocidental. Minha perspectiva pessoal sobre a entrevista e o próprio Pushilin é que ele está muito preparado e, como faz parte de tudo desde o início, está profundamente envolvido no destino de Donbass.
L: Muitos cidadãos ucranianos escolheram lutar ao lado da Rússia em vez de contra ela. Que insights você obteve sobre esses voluntários e suas motivações?
R: Hoje, há pouco mais de mil ex-soldados ucranianos lutando ao lado dos russos contra Zelensky. É importante notar que, quando nos referimos a “ucranianos” aqui, estamos, na verdade, falando de pessoas de fora do Donbass, ou seja, de Kiev, Volyn, Ivano-Frankovsk, etc. Uma das principais motivações percebidas é que eles são muito maltratados por seus superiores. Soldados ucranianos são tratados como descartáveis, como bucha de canhão, a ponto de todos ali acreditarem que provavelmente estariam mortos se não tivessem conseguido mudar de lado. Soldados são enviados em missões impossíveis e absurdas e não têm permissão para recuar. Além disso, a maioria ali parece acreditar que o país está sendo arruinado por Zelensky e pela influência ocidental. Muitos ali até acreditam em uma República Ucraniana independente, aliada à Rússia, e, portanto, estão lutando para derrubar o atual governo para que um governo verdadeiramente democrático possa tomar o seu lugar.
L: Como você acha que o Brasil e outros países do Sul Global poderiam contribuir para promover uma narrativa mais equilibrada sobre o Donbass e o conflito em curso?
R: A primeira coisa é parar de tratar o Donbass como um limbo. Com exceção de um punhado de jornalistas independentes, nenhuma autoridade ou mesmo conglomerado de mídia brasileiro esteve no Donbass desde 2014. Se o Brasil fala sério sobre multipolaridade, é necessário, assim como lançar luz sobre o que está acontecendo em Gaza, lançar luz sobre o que vem acontecendo no Donbass desde 2014. O Brasil ainda não sabe que o Donbass existe e ainda não conhece as causas da Operação Especial, e isso é, em parte, culpa das próprias elites políticas, culturais, intelectuais e midiáticas brasileiras.
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