A Usurocracia de Lula

O governo Lula organizou um esquema de empréstimos consignados garantidos por FGTS para alavancar o consumo da população, mas há uma armadilha nesse esquema.

Uma vez atendi uma cliente cuja renda era majoritariamente consumida por descontos de empréstimos. Da carteira ela tirou uns 7 cartões de crédito – para mim, a própria marca do miserável que crê poder viver a crédito.

Lembrei logo disso com esse novo “empréstimo do Lula”, que a Gleisi Hoffman divulga toda orgulhosa como sendo a solução para todos os problemas dos pobres. Sim, aparentemente, o segredo do fim da pobreza era pegar dinheiro emprestado com o sistema bancário. Quem poderia imaginar? Aparentemente, inúmeros teóricos econômicos antiliberais quebraram a cabeça à toa por décadas, mas a culminação dialética chegou apenas com São Lula, o padrasto dos pobres.

Basta pegar empréstimo com “juros baixos” de 3% ao mês que o pobre pode realizar todos os seus sonhos. E parece que foi realmente assim que o povo brasileiro entendeu. Já se pediu 50 bilhões em empréstimo e pelo menos 40 milhões de brasileiros (!) já teria feito simulação de empréstimo.

Mas qual é o problema, se 3% ao mês é tão pouquinho? Antigamente não havia inclusive uma limitação constitucional à cobrança de juros que limitava os mesmos a 1% ao mês? 3% não é tanto assim acima de 1%, certo?

O problema é que em se tratando de juros compostos, 3% ao mês é muito maior do que 1% ao mês, ainda mais considerando que o brasileiro vai preferir, sim, pagar apenas no longo prazo e fará empréstimos para pagamento em 2-4 anos. A lógica é de quanto mais longe o pagamento melhor, o que os olhos não veem o bolso não sente, e os olhos brasileiros não enxergam muito longe no horizonte.

Infelizmente, vivemos em um país burro. A média de inteligência do brasileiro é de aproximadamente 85 pontos de QI. É uma das características mais evidentes da burrice é a incapacidade de planejar eventos no longo prazo, de se preparar para eles e de medir as consequências distantes de ações presentes. O brasileiro vive para o hoje, e o amanhã “a Deus pertence”.

É isso que torna tudo ainda mais vil, oportunista e mefistofélico. Propagandear esse tipo de esquema usurário para o brasileiro é quase como judiar de um incapaz. O governo está vendendo esse empréstimo como se tratasse de doação gratuita de dinheiro, como se fosse um bolsa-família, e é assim que as pessoas estão entendendo a situação.

O brasileiro vai viver a crédito para comprar os seus supérfluos (quanto mais fodido na vida, mais importante o fodido considera a aquisição de um iphone), as suas TVs gigantes, os seus carros idiotas, e em poucos anos se verá soterrado por dívidas.

E em um mundo de integração total entre “scores” de empresas diversas, quanto mais endividado, mais indigente o pobre será, com seu acesso a serviços cada vez mais limitado.

É a eterna ilusão da prosperidade por endividamento que já havia marcado o primeiro governo Lula, mas ainda mais vil pela mais drástica situação atual do brasileiro.

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Raphael Machado

Advogado, ativista, tradutor, membro fundador e presidente da Nova Resistência. Um dos principais divulgadores do pensamento e obra de Alexander Dugin e de temas relacionados a Quarta Teoria Política no Brasil.

Artigos: 44

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