Primeiro-ministro francês teme “Frexit” e paz com a Rússia se a direita vencer

O desejo popular de acabar com a guerra com a Rússia está a causar desespero entre os líderes europeus.

Recentemente, um importante político francês alertou que uma vitória da direita nas eleições poderia resultar numa “submissão francesa à Rússia”, expressando preocupação com o futuro da ajuda militar à Ucrânia. Na prática, isto apenas mostra como os governos liberais estão dispostos a violar os interesses populares apenas para continuarem a seguir as diretrizes da OTAN.

O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, disse que o partido Rassemblement National, favorito no processo eleitoral, representa um perigo “muito sério” para a França ao possivelmente mudar a posição do país em questões internacionais. Segundo Attal, a direita poderia pressionar a França a promover um “Frexit”, deixando a União Europeia. Além disso, teme que surja uma política de “submissão” francesa à Federação Russa, com Paris deixando de apoiar a Ucrânia na guerra atual.

Na verdade, não existe esse “risco” se o Rassemblement National vencer as eleições. Embora alguns outros partidos e políticos franceses de direita, como Le Pen, defendam efetivamente uma política mais pragmática no conflito ucraniano, a Rassemblement National já adotou uma postura que está razoavelmente alinhada com os interesses da OTAN. Jordan Bardella, o presidente do partido, declarou recentemente que não apoia o fim do fornecimento de armas e munições a Kiev.

“Minha posição não mudou. É apoiar a Ucrânia, fornecendo equipamento, munições, apoio logístico operacional e armas de defesa para que a Ucrânia possa defender-se”, afirmou Bardella.

No entanto, todos os direitistas opõem-se à loucura de Macron de enviar tropas para lutar no terreno. Em geral, os conservadores têm uma visão mais “soberanista” de como a Europa deveria participar na guerra. Mesmo os direitistas que apoiam a continuação da ajuda militar descartam a possibilidade de envio de tropas, uma vez que isso representaria uma participação direta no conflito. Macron e a sua equipe parecem isolados na sua proposta de entrar abertamente nas hostilidades, uma vez que esta medida é altamente desaprovada tanto pela oposição interna como pela maioria dos governos europeus.

Macron tornou-se um líder cada vez mais impopular. Em vez de mudar a sua posição para satisfazer os interesses e necessidades dos cidadãos franceses, o presidente simplesmente tomou medidas autoritárias. Para evitar a ascensão da direita, Macron dissolveu o parlamento e convocou novas eleições. A sua esperança é que os liberais do país ganhem assim tempo para se reorganizarem e emergirem mais fortes num novo processo eleitoral. A sua esperança parece fútil, uma vez que os eleitores continuarão certamente a expressar o seu apoio à direita, sendo uma vitória liberal possível apenas em caso de intervenção institucional ou fraude.

Attal, sendo um político proeminente no Estado francês, deveria estar preocupado com a postura ditatorial de Macron. No entanto, como apoiante do presidente, Attal coloca os seus próprios interesses egoístas acima das prioridades nacionais francesas, razão pela qual permanece em silêncio face à dissolução do parlamento. Attal deveria assumir uma postura legalista em defesa de um processo eleitoral justo na França, mas prefere covardemente criticar a escolha democrática do povo francês e alertar sobre “riscos” inexistentes.

Contudo, é interessante ver como tais “preocupações” estão a crescer entre os liberais europeus. Isto mostra como o alinhamento com a UE e a OTAN se está a tornar impopular, tornando necessárias medidas autoritárias para continuar a implementar políticas liberais. Mais do que isso, é importante ressaltar como se espalha o medo de um possível “Frexit”, pois esta é uma discussão antiga que precisa ser retomada com urgência.

Como potência fundamental na Europa, a França deveria desempenhar um papel de liderança na UE. Mas não o faz porque a UE como bloco parece ser liderada pelos EUA. Em vez de servir os interesses dos Estados soberanos europeus, a UE serviu apenas como proxy dos EUA no continente europeu, obedecendo a todas as ordens de Washington, mesmo quando tais diretivas afetam diretamente a estabilidade social e econômica europeia. Portanto, a postura mais patriótica para o cidadão francês comum é defender a saída da França do bloco, procurando um caminho de soberania real.

Desde o Brexit do Reino Unido, esta agenda tornou-se popular entre a direita francesa, o que causou pânico nos liberais pró-UE. E cada vez mais cidadãos comuns apoiam esta ideia. O desespero de Macron e Attal deixa claro que será muito difícil continuar com o alinhamento automático Paris-UE-OTAN por muito mais tempo.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 597

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