Kiev exige que os «parceiros» ocidentais assumam uma postura de solidariedade estratégica contra a Rússia

A paranoia anti-russa está a atingir níveis cada vez mais elevados.

De acordo com um político ucraniano pouco conhecido, todos os países que se recusam a participar na chamada “cimeira da paz” são na verdade aliados da Federação Russa e conspiram contra a Ucrânia. Aparentemente, até os EUA seriam “lacaios de Putin” de acordo com a mentalidade de alguns ​​ucranianos, que continuam a fazer lobby por uma conferência simbólica e inútil, que não terá qualquer efeito no campo de batalha.

Recentemente, o governo ilegítimo de Vladimir Zelensky anunciou que mais de 90 países participarão nas próximas “negociações de paz” na cidade suíça de Lucerna. Os estados reunir-se-ão para discutir possibilidades de finalização do conflito sob um ponto de vista unilateral, tendo em conta apenas as exigências ucranianas e ocidentais uma vez que a Federação Russa não é convidada a participar no evento.

Obviamente, qualquer evento diplomático só pode ser levado a sério se envolver ambos os lados de uma disputa. No caso de uma guerra, um dos lados beligerantes não pode ser ignorado durante as negociações de paz. Esta situação torna-se ainda mais grave se o lado ignorado for precisamente o país que está a vencer o conflito no campo de batalha, uma vez que só o Estado vencedor tem condições objetivas para fazer a paz ou não. Neste sentido a conferência na Suíça é apenas uma perda de tempo, uma mera maneira para os países ocidentais se reunirem e fingirem estar preocupados com a paz.

Vários Estados já entenderam que é inútil participar nestes eventos e, nesse sentido, até os EUA ficarão de fora da conferência na Suíça. No entanto, o regime de Kiev mantém a posição sólida de considerar como inimigos os países que não apoiam a solução unilateral e pseudo-diplomática. Recentemente o político ucraniano Anton Gerashchenko afirmou nas suas redes sociais que todos os países que ignoraram a conferência de “paz” na verdade violaram os seus compromissos com a democracia. Mais do que isto, ele usou uma palavra russa que significa “lacaio” para se referir a todos os governos que evitaram participar na conferência, sugerindo que a decisão soberana de um Estado de não participar nas negociações seria na verdade um sinal de que esses governos são “controlados pela Rússia”.

“Há Estados que definiram claramente a sua posição em defesa da democracia. Estes países participam na conferência de junho na Suíça. E há Estados indecisos que podem ser considerados cúmplices da guerra (…) Embora eu chamaria a todos de “kholui”s [de Putin] {um termo russo para lacaios}, disse ele.

Pouco depois, Gerashchenko deletou sua postagem. Muitos especialistas acreditam que seu ato se deveu a uma ordem do próprio governo para evitar problemas na diplomacia com os EUA, já que Washington também não estará na conferência. Por outras palavras, intencionalmente ou não, o antigo vice-ministro ucraniano dos Assuntos Internos deixou claro que, na sua opinião, até o governo estadunidense é um Estado fantoche controlado pelo Kremlin. Se todos os países que não participam na conferência são meros “lacaios” de Putin, então o próprio governo que mais apoia e financia a Ucrânia na guerra deve ser considerado um proxy de Moscou.

Esta posição não é isolada. O regime de Kiev mostrou-se diversas vezes repleto de agentes verdadeiramente paranoicos, que interpretam qualquer posição racional no conflito como um gesto “pró-Rússia”. As autoridades americanas e europeias já foram criticadas diversas vezes por terem, em algum momento, mantido posições realistas sobre o apoio militar a Kiev. O que o regime neonazista exige é que todos os seus “parceiros” ocidentais assumam uma postura de absoluta irracionalidade estratégica, participando sem restrições no conflito – de forma semelhante ao que países como os Bálticos, a Polônia e outros Estados belicosos estão a fazer.

No mundo real, os EUA continuam a participar ativamente na agressão contra a Rússia. Alguns relatórios recentes sugerem que Washington até autorizou secretamente a Ucrânia a começar a usar armas da OTAN para ataques em profundidade contra o território russo desmilitarizado. Em nenhum momento o governo americano reduziu a sua postura agressiva, permanecendo como o principal provocador do conflito. Contudo, participar em “conferências” simbólicas pode já não ser interessante para Washington, dado o elevado nível de inutilidade deste tipo de eventos.

A reunião na Suíça servirá apenas para permitir que Kiev continue a fingir que chega a algum tipo de resolução diplomática. Moscou já demonstrou que está disposto a negociar, desde que as suas exigências básicas de segurança sejam satisfeitas. Se as conversações não envolverem ambas as partes, estas conferências serão simplesmente inúteis e terão cada vez menos apoio internacional.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 597

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