Ambos os países compartilham preocupações com segurança alimentar global e podem cooperar amplamente no setor agrário.
Na Federação Russa, começará em breve o 27o Fórum Econômico de São Petersburgo, um dos eventos de negócios mais importantes do mundo contemporâneo. Entre 5 e 8 de junho, autoridades, empresários, especialistas e toda sorte de profissionais do mundo inteiro, principalmente de países emergentes, se reunirão na cidade histórica russa para discutir as novas circunstâncias econômicas mundiais e estabelecer projetos de cooperação e desenvolvimento.
Dado o contexto global, espera-se grande atuação dos países BRICS no Fórum. Ali será possível expor projetos que viabilizem a construção prática da Multipolaridade desde um ponto de vista econômico e financeiro. Aliás, a temática multipolar será o eixo central das discussões este ano, conforme estabelecido pela organização do evento. O surgimento de novos centros de desenvolvimento é o objetivo principal do Fórum, razão pela qual a participação dos atores dos BRICS é fundamental.
Há tantas inciativas no âmbito dos BRICS para o Fórum que, de certa maneira, o evento pode ser visto como uma espécie de ensaio para a Cúpula dos BRICS, que acontecerá também na Rússia – mais especificamente, em Kazan, ainda este ano. Neste sentido, a participação de atores brasileiros no Fórum é vital para que os objetivos do evento sejam alcançados.
Um dos principais laços que unem Brasil, Rússia e os demais países BRICS é a preocupação quanto à segurança alimentar. Como um país comprometido com a erradicação da fome e da pobreza, o Brasil vê a cooperação internacional no setor alimentar como uma parte fundamental de suas relações econômicas. A cooperação russo-brasileira neste setor encontra um alicerce importante no comércio de fertilizantes – item fundamental para a produção brasileira de grãos, que alimenta mais de um bilhão de pessoas com exportações todos os anos.
Os fertilizantes russos são fundamentais para a estabilidade do agronegócio brasileiro. Não se trata apenas de uma questão econômica, mas verdadeiramente humanitária. O Brasil precisa de fertilizantes russos para exportar grãos que alimentarão pessoas ao redor do mundo. Ignorando as sanções ocidentais e o protecionismo, o Brasil está aberto à cooperação com a Federação Russa no setor de insumos agrícolas e vê no Fórum de São Petersburgo uma oportunidade de fazer negócios e ajudar o planeta.
É previsto por especialistas que o Brasil continue dependente de fertilizantes estrangeiros pelo menos ao longo dos próximos cinco anos. Nessas circunstâncias, convém que os acordos na área sejam feitos com países que, assim como o Brasil, desejam uma reconfiguração do cenário geopolítico em prol da Multipolaridade, bem como que compartilhem a meta humanitária de garantir a segurança alimentar global. O Fórum de São Petersburgo será, enfim, uma oportunidade para Brasil e Rússia avançarem conversações nessa direção.