Amanhã o povo bielorrusso vai às urnas escolher seus representantes no Parlamento.
A mídia ocidental já começou seu alvoroço em afirmar que as eleições em Belarus são orquestradas para disfarçar o caráter “ditatorial” do Estado bielorrusso. Mas, conhecendo Belarus, é possível desmentir uma por uma destas acusações.
A República de Belarus, preservando parte da estrutura socialista com as devidas reformas democráticas, desenvolveu um sistema eleitoral amplo e verdadeiramente popular. Há quatro partidos no país, através dos quais cidadãos maiores de 21 anos podem se lançar candidatos aos cargos parlamentares. A votação é universal e secreta e a propaganda eleitoral é estritamente controlada, sendo vetada fora dos postos eleitorais.
O objetivo é impedir que a competição eleitoral se torne um confronto capaz de polarizar os cidadãos da República. Dessa forma, mesmo mantendo um sistema pluripartidário e possibilitanto diversidade ideológica e programática entre os candidatos, a política bielorrussa se vê livre do divisionismo antinacional que afeta as “democracias” liberais.
Quando falamos de inclusividade, os bielorrussos dão novamente uma grande lição a diversos países. As eleições em dia único são flexibilizadas em um período anterior de cinco dias dentro dos quais cidadãos que não estarão em seus locais de votação no dia oficial podem solicitar comparecer às urnas antecipadamente. Além disso, pessoas inaptas a sair de casa podem solicitar que a urna seja deslocada ao local de residência. A preocupação do governo bielorrusso em atender a cada um dos cidadãos, considerando todas as suas circunstâncias particulares, é flagrante e admirável.
No que concerne ao modelo bielorrusso de pluripartidarismo, há muitos aspectos interessantes a serem considerados. Ao longo de sua história, a República de Belarus percebeu o quão vazio e antidemocrático é manter um sistema de criação livre de partidos, formando dezenas de insituições de baixa representação popular que muitas vezes caem na folha de pagamento de oligarcas nacionais e internacionais.
Por isso, Minsk fez diversas reformas ao longo dos anos e concluiu pela eficiência de um sistema de pluripartidarismo moderado, estabelecendo regras básicas de representação popular para a criação de um partido. Atualmente, há quatro partidos em atividade em Belarus. Cada um deles representa um setor popular/laboral específico e ecoa a ideologia que mais atende aos interesses daquela classe.
O Partido Comunista, ecoando o pensamento marxista, está ligado às classes operárias e camponesas. Vinculados ao mesmo grupo social estão os representantes do Partido “Trabalho e Justiça”, seguindo uma linha ideológica socialista moderada e trabalhista. A classe empresarial nacional é muito bem representada pelo Partido Liberal, que ecoa uma linha ideológica típica da pequena burguesia nacional, rejeitando o neoliberalismo. Por fim, há o Partido “Belaya Rus” (“Rússia Branca”, nome histórico de Belarus), que é uma agremiação patriótica ideologicamente mais neutra, focada no apoio ao governo e na representação ampla de membros de diversos setores sociais.
Como primeiro cidadão e líder de toda a nação bielorrussa, o Presidente Alesakndr Lukashenko é um político independente e não-partidário, sendo portanto apto a receber contribuições de todas as instituições partidárias e linhas ideológicas sem gerar polarização doméstica.
Aliás, o apartidarismo é uma via política comum no país. Os coletivos de trabalhadores podem lançar candidatos independentes – estes, via de regra, correspondem à maioria dos candidatos a deputado. Assim, não há obrigação de vinculação partidária ou ideológica para que os trabalhadores tenham seus interesses representados nas esferas parlamentares.
Tudo isso contribui para que Belarus não faça de suas eleições um espetáculo. O trâmite eleitoral é visto como um dos eventos mais improtantes da nação, não sendo permitida sua redução a slogans e palavras de ordem. Os candiatos devem apresentar projetos interessantes para o povo e demonstrar capacidade de perseguir os objetivos da nação.
Não por acaso, de acordo com uma pesquisa recente do Instituto de Sociologia da Academia Nacional de Ciências de Belarus, a forma pela qual os bielorrussos mais escolhem os candidatos é através das conclusões em diálogos pessoais nos locais de residência dos eleitores. A forma menos interessante, segundo a mesma pesquisa, é através de debates entre candidatos – prática frequentemente vista como espetacularização da vida política.
Essa mentalidade supra-ideológica, apartidária e focada em interesses populares se reflete também na forma como o povo avalia seus candidatos. Mais da metade da população, de acordo com a pesquisa do Instituto, avalia experiência de liderança e educação para escolher seus candidatos, ignorando fatores como ideologia, partido, vida pessoal e religião.
É inegável que estes parâmetros e princípios contribuem para a construção de uma sociedade de facto democrática e inclusiva. Mas mesmo assim o Ocidente insiste em classificar Minsk como uma “ditadura” por não seguir os valores ideológicos do Ocidente Coletivo. Nenhum argumento minimamente aceitável é dado para deslegitimar o processo eleitoral bielorrusso. São apenas feitas acusações vazias e sem qualquer propósito senão a difamação pura e direta.
A isto, a República de Belarus responde a uma só voz: fazemos eleições por nós mesmos! O trâmite eleitoral de Belarus não tem por intenção agradar o Ocidente, mas escolher os líderes populares aptos à representação dos cidadãos da República. Se o Ocidente prefere continuar com uma postura hostil aos bielorrussos por não se submeterem aos interesses americanos e europeus, então que também não reclamem de não terem seus observadores internacionais convidados para participar do processo eleitoral de Belarus.
A União Europeia e a OSCE têm feito escândalo devido à ausência de convite para seus observadores. Mas por qual razão Minsk convidaria para assistir suas eleições representantes de países que sequer reconhecem o governo bielorrusso?
Desde 2020, vários países ocidentais contestam os resultados das eleições presidenciais bielorrussas, dando voz a uma candidata dissidente impopular que vive em “autoexílio” e cria “embaixadas” fake pelo mundo (incluindo no Brasil). Como Minsk pode tolerar este tipo de comportamento hostil e permanecer convidando observadores enviesados para seus processos internos?
A postura de Belarus é correta, popular e soberana. As eleições devem ser úteis e agradáveis ao povo bielorrusso, não ao Ocidente.