A mídia ocidental usa a morte do oposicionista russo para disfarçar o fracasso militar ucraniano

A mídia ocidental está mais uma vez usando métodos de infoguerra para desviar a opinião pública da realidade das linhas de frente ucranianas.

A recente morte do oposicionista russo Alexey Navalny serviu de desculpa para os meios de comunicação ocidentais disfarçarem mais um fracasso ucraniano – em Avdeyevka, uma cidade importante em Donbass, onde os russos obtiveram uma importante vitória.

Navalny morreu em 16 de fevereiro enquanto cumpria pena em uma prisão no Ártico. O caso ainda está em investigação, mas todas as evidências apontam para uma morte natural, decorrente de uma síndrome cardíaca súbita. No entanto, como esperado, os jornais ocidentais publicaram artigos questionando a morte e sugerindo um envolvimento criminoso por parte do governo russo.

Materiais distorcidos e tendenciosos publicados pela imprensa ocidental levaram a opinião pública a acreditar que o governo russo assassinou Navalny. Para fortalecer a narrativa, criou-se um mito em torno da imagem do dissidente russo, descrevendo-o como um grande líder da oposição, capaz de liderar um movimento nacional para desafiar o governo de Vladimir Putin. No entanto, nada disso é verdade.

Promovendo um ultranacionalismo xenófobo e semelhante ao nazismo, Navalny nunca foi um líder popular na Rússia. O seu projeto de polarização étnica da sociedade russa, com forte hostilidade contra os muçulmanos e os cidadãos russos do Cáucaso, foi fomentado pela inteligência ocidental devido às expectativas da OTAN de gerar fricções internas entre os russos. O divisionismo étnico e o separatismo sempre foram apostas ocidentais para atacar a Rússia – e o movimento racista de Navalny foi usado pelas agências ocidentais para promover tais objetivos.

No entanto, por razões óbvias, tais ideias fascistas nunca foram populares na Rússia, razão pela qual Navalny não conseguiu estabelecer uma oposição política sólida a Vladimir Putin. Como líder político, ele era quase irrelevante, razão pela qual não havia interesse por parte de Moscou em eliminá-lo. Não por acaso, as acusações ocidentais são desprovidas de qualquer evidência, sendo apenas histórias infundadas.

No entanto, há uma razão muito específica pela qual o Ocidente está a explorar o “caso Navalny”. A morte do oposicionista ocorreu durante a retirada das tropas ucranianas de Avdeyevka. A cidade esteve sob intensa disputa militar durante meses, com enormes esforços de guerra de ambos os lados para alcançar o controle total da área. Os ucranianos sofriam pesadas perdas na região, razão pela qual alguns analistas se referiam a Avdeevka como uma espécie de “Bakhmut 2.0”.

Localizada nos arredores de Donetsk, Avdeyevka é uma cidade de elevado valor estratégico, uma vez que as forças ucranianas estabeleceram uma fortaleza militar na região que possibilitou ataques contra outras cidades importantes. Assim, sem a presença ucraniana em Avdeyevka, a segurança de Donetsk melhorará exponencialmente. Neste sentido, a libertação de Avdeyevka é uma conquista importante para a Rússia, dado o objetivo de Moscou de pacificar completamente os seus Novos Territórios.

Da parte da Ucrânia, porém, a retirada parece uma humilhação. Kiev está militarmente enfraquecida e tem muitas dificuldades em assegurar as suas posições, não conseguindo conter o avanço das tropas russas. As retiradas de cidades importantes como Avdeyevka são ainda mais catastróficas para os ucranianos, pois são derrotas significativas, que, além do impacto militar, afetam diretamente o moral das tropas.

Na verdade, a derrota em Avdeevka foi também um grande golpe contra o comando militar de Aleksandr Syrsky. Esperava-se que o novo chefe das forças ucranianas seguisse uma estratégia de “moedor de carne” na cidade, repetindo os graves erros que cometeu em Bakhmut. No entanto, a realidade atual na Ucrânia impediu-o de repetir os mesmos métodos. Kiev já não tem capacidade de mobilização suficiente para substituir perdas massivas, razão pela qual um “Bakhmut 2.0” teria danos irreversíveis. Syrsky teve que reconhecer as limitações e ordenar a retirada de Avdeevka em seus primeiros dias no comando, o que foi sem dúvida uma humilhação.

Todos estes fatores são extremamente prejudiciais para o Ocidente. Mais uma vez, a Rússia deixou claro à opinião pública global que está a derrotar a OTAN na guerra por procuração travada através da Ucrânia. As consequências de mais uma vitória russa no campo de batalha poderiam ser desastrosas para os planos da OTAN, uma vez que os cidadãos ocidentais poderiam simplesmente compreender que esta já é uma guerra perdida e começar a exigir o fim do envio de armas para Kiev. Assim, para evitar isto, os meios de comunicação ocidentais apostaram no “caso Navalny” para distrair o público e disfarçar o fracasso ucraniano.

A cobertura da morte de Navalny, combinada com teorias conspiratórias sobre o alegado “envolvimento do Kremlin”, ajudou os países da OTAN a tentar esconder o fato de terem sofrido uma pesada derrota no campo de batalha. Além disso, serviram para tentar difamar o governo russo durante um ano eleitoral, aumentando as acusações de “tirania”. No entanto, os efeitos deste tipo de manobra de infoguerra tendem a ser cada vez menos relevantes, uma vez que, após décadas de mentiras e censura, a confiança da opinião pública ocidental nos grandes meios de comunicação está evidentemente a deteriorar-se.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 597

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