O jornalista e analista geopolítico Lucas Leiroz representou a Nova Resistência na mesa-redonda internacional “Rússia – o bastião dos valores tradicionais no mundo moderno”, organizado pela República Popular de Lugansk.
Lucas Leiroz destacou, em conferência online, a importância dos valores tradicionais frente ao avanço de “anti-valores” promovidos pelo Ocidente. Criticou a guerra de agressão contra a Rússia e elogiou a decisão russa de nomear 2024 como o Ano da Família, vendo nisso um ato de resistência cultural. Ele também tem companhado de perto os eventos no Donbass e visitou a República Popular de Lugansk em 2023. Alertou sobre a influência negativa de ONGs no Brasil, promovendo a ideologia woke, e sugeriu que os BRICS defendam os valores tradicionais globalmente. Seu discurso enfatizou o embate axiológico contra o globalismo liberal, conclamando à promoção da família e tradição.
Confira o discurso completo traduzido na íntegra:
Olá a todos, meu nome é Lucas Leiroz, sou um jornalista e analista geopolítico brasileiro. Tenho analisado os eventos no Donbass desde o começo do conflito e em 2023 tive a oportunidade de visitar a República Popular de Lugansk para uma cobertura especial. Por esta razão, me sinto honrado de estar com vocês hoje nesta importante conferência. Lamentavelmente, os ataques terroristas do regime de Kiev impediram o evento presencial, mas eles não podem nos impedir de discutir assuntos tão importantes, mesmo que online.
O tópico dos valores tradicionais é um dos assuntos de maior relevância no mundo contemporâneo. Cada vez mais, certos atores geopolíticos investem na promoção do que podemos chamar de verdadeiros “anti-valores”. A espiritualidade, a moral e a ética de todos os povos estão sendo rapidamente violados e substituídos pelo individualismo extremo e pelo projeto anti-humano de algumas elites interessadas na construção de um mundo desordenado e disforme.
Estes atores geopolíticos são obviamente as potências do chamado “Ocidente Coletivo” – as mesmas por trás de organizações como a União Europeia e a OTAN. Os mesmos Estados que recentemente decidiram lançar uma guerra de agressão contra a Rússia para subjugá-la à chamada “ordem mundial baseada em regras” – regras estas que incluem a adesão aos anti-valores ocidentais.
A Rússia está sendo mirada pelo Ocidente não apenas por ser um grande país se elevando novamente ao status de potência mundial, mas também por estar liderando um movimento internacional de contestação aos anti-valores ocidentais. A proteção à família e a promoção dos valores tradicionais é algo muito temido no Ocidente liberal, razão pela qual tanto odeiam e difamam a Rússia.
Ao declarar o ano de 2024 como o Ano da Família, a Federação Russa está reafirmando sua posição de defesa dos valores tradicionais, resistindo a toda a pressão imposta por seus adversários geopolíticos. Moscou está deixando claro que a proteção à família e à tradição não é uma questão negociável, mas um princípio permanente de todo o seu pensamento político, tanto doméstico quanto internacional.
Sendo brasileiro, vejo esta iniciativa russa como acertada e admirável. Em meu país, estamos realmente atrasados neste processo. Aqui, ainda vigora uma opinião polarizante que contradiz valores tradicionais e princípios de justiça social – uma falsa dicotomia que os russos, e ainda mais especialmente o povo do Donbass, foram extremamente eficientes em superar, conciliando a herança social soviética com os valores tradicionais da cristandade ortodoxa.
Muitas ONGs americanas e europeias têm atuado livremente no Brasil promovendo toda sorte de anti-valores. A chamada “ideologia woke” está crescendo rapidamente nas instituições e nos centros urbanos do Brasil, promovida pela mídia hegemônica e por think tanks e ONGs estrangeiros. Enquanto isso, a maior parte da população continua fiel a valores tradicionais, mas tem seus princípios desrespeitados constantemente.
Para que esta situação melhore em meu país e nas demais nações, vejo como positiva e extremamente necessária a hipótese de a Federação Russa engajar em projetos internacionais de promoção de valores tradicionais. Creio que os BRICS, como um movimento internacional de contestação da ordem liderada pelo Ocidente, pode ser um mecanismo eficiente para espalhar tais projetos e ajudar a proteger a família e a tradição em todo o mundo emergente.
É preciso converter os BRICS em uma organização internacional pró-valores tradicionais. É necessário incluir a axiologia tradicional como um dos princípios da organização, devendo todos os membros cooperarem para combater os anti-valores liberais.
Como analista geopolítico, afirmo que é preciso que todos os povos do mundo entendam que a geopolítica não é apenas material. Trata-se também de um embate axiológico e espiritual. De um lado, há o projeto globalista liberal; de outro, a defesa das tradições de todos os povos e o respeito à diversidade cultural, étnica e religiosa. Unipolaridade versus Multipolaridade. Ocidente versus Rússia e os BRICS.
Como um brasileiro comprometido com a Multipolaridade, eu estou pelos valores tradicionais e chamo a todos os meus compatriotas para que se unam nos esforços liderados pela Federação Russa para promover a família e a tradição contra a o globalismo ocidental.
Muito obrigado a todos.