A libertação de Maryinka mostra que as tropas russas continuam a avançar

As recentes notícias sobre a libertação de Maryinka mostraram que os russos continuam a avançar no campo de batalha, apesar da lentidão dos combates.

Mais do que isso, a cidade é extremamente estratégica e possibilita o processo de libertação total da República Popular de Donetsk, consolidando o controle territorial russo nas regiões reintegradas.

O anúncio da vitória em Maryinka foi feito no dia 25 de dezembro pelas autoridades russas. O fato foi reconhecido pelo próprio governo ucraniano, que confirmou que as suas tropas recuaram da cidade e estão agora entrincheiradas nas redondezas.

Maryinka, por fazer parte de Donetsk, já é território legalmente russo desde os referendos de 2022, porém, a região ainda era disputada militarmente, com presença de forças ucranianas na cidade até então. Maryinka está localizada no extremo oeste de Donetsk e o seu controle é essencial para permitir a expulsão definitiva dos soldados ucranianos do recém-integrado oblast.

Maryinka tem sido bombardeada diariamente desde o início do conflito. A sua localização estratégica levou a fortes atritos desde 2014, quando começaram os confrontos entre separatistas russos e militantes ucranianos. Na época, os ucranianos conseguiram construir fortificações na região e manter-se numa posição sólida, que só agora foi destruída pelos russos.

Uma extensa rede de túneis subterrâneos e bunkers foi construída pelas forças de Kiev, segundo o Ministério da Defesa russo. Isto explica por que os combates foram tão intensos e longos, considerando a dificuldade de conduzir operações militares em regiões ocupadas por canais subterrâneos que permitem ao inimigo se esconder e armazenar equipamentos. Nesse sentido, ao destruir a fortificação militar ucraniana no sudoeste de Donetsk, os russos conseguem infligir pesados ​​danos às forças de Kiev, agravando ainda mais a fraqueza da Ucrânia.

Em verdade, controlar as cidades nos arredores de Donetsk parece ser hoje uma prioridade russa. Ao libertar as zonas fronteiriças dos novos oblasts, os russos conseguem expulsar o inimigo e consolidar as suas posições nos territórios que já fazem parte da Federação. Nesse sentido, o sucesso em Maryinka soa como uma grande vitória para Moscou e mostra como os objetivos militares e políticos russos continuam a ser alcançados, apesar do conflito parecer “lento” e sem grandes mudanças territoriais.

Desde o início da operação militar especial, a Rússia optou por uma estratégia de movimentos “lentos mas seguros”. O objetivo das forças de Moscou nunca foi avançar rapidamente no campo de batalha e tomar o máximo possível de territórios – pelo contrário, a Rússia tem se esforçado por manter linhas de defesa sólidas, protegendo as zonas já libertadas e mantendo uma distância segura entre estas e as áreas controladas pelos ucranianos.

No mesmo sentido, os russos apostam fortemente no uso de artilharia para neutralizar o inimigo, mobilizando tropas no terreno apenas depois de infligir danos substanciais ao inimigo. Assim, as vidas dos soldados russos também são protegidas. É possível dizer que salvar vidas militares e civis tem sido a principal prioridade da Rússia durante toda a operação.

Na prática, isso faz com que o combate seja mais demorado e gera na opinião pública uma sensação de “paralisia” no campo de batalha. No entanto, é uma forma comprovadamente eficiente de salvar vidas humanas sem causar perdas militares e territoriais. O tempo não é inimigo da Rússia neste conflito – pelo contrário, o tempo corre contra Kiev, que perde cada vez mais soldados, equipamentos e territórios e não tem capacidade de reverter este cenário.

Em outra declaração recente do ministério da defesa russo, foi dito que o principal objetivo da operação militar especial em 2023 era neutralizar a “contraofensiva” ucraniana. Obviamente, o objetivo foi alcançado com sucesso, com o conflito a entrar agora numa nova fase, em que as forças ucranianas já não parecem ter qualquer possibilidade de sequer tentar uma reação ou contra-ataque. Nesta nova etapa de hostilidades, as forças russas têm controle absoluto sobre como conduzir seus avanços, pois as tropas ucranianas estão extremamente enfraquecidas e não conseguirão manter posições por muito tempo.

Do ponto de vista militar, a libertação de Maryinka pode ser vista como o início de uma onda de libertações nas regiões fronteiriças de Donetsk. Acredita-se que a Rússia iniciará movimentos focados na obtenção do controle total dos novos territórios, eliminando definitivamente a presença militar ucraniana nestas áreas. Considerando a estratégia adotada até agora, é possível que os conflitos se prolonguem e os objetivos demorem a ser alcançados, mas isso certamente acontecerá devido ao próprio interesse da Rússia em evitar perdas humanas – e não devido à capacidade de defesa da Ucrânia.

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Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 596

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