Independentemente do que passaportes, árvores genealógicas e convicções religiosas possam dizer, nenhum membro da elite capitalista global é autenticamente judeu, alemão, estadunidense, japonês ou brasileiro. A quem interessa o antissemitismo?
Em 2000, enquanto o Ocidente ainda se encantava com as besteiras de Francis Fukuyama, a obra Império, de Michael Hardt e Antonio Negri, passou quase despercebida. Fukuyama proclamara o “fim da história”, argumentando que a democracia liberal ocidental havia triunfado definitivamente sobre as ideologias concorrentes. No entanto, o tempo revelou a ingenuidade maligna desta tese, enquanto a análise de Hardt e Negri sobre a existência de um único império global, com complexas redes de poder transnacionais, provou maior utilidade analítica, impactando profundamente o pensamento de Alexander Dugin, que amadureceria as observações destes grandes pensadores judeus em uma crítica geopolítica ao mundo unipolar.
O avanço do capitalismo ao longo dos séculos XX e XXI resultou no surgimento de uma classe capitalista global, notavelmente distinta em relação às classes do passado. Até a primeira metade do século XX, a classe capitalista estava mais ligada aos interesses imperialistas das nações que abrigavam suas sedes; a financeirização e virtualização do capitalismo praticamente romperam os laços entre o capitalismo e os estados nacionais. Embora essa classe ainda utilize os estados quando necessário, o fortalecimento dos capitalistas não está mais alinhado com os interesses nacionais.
No próprio contexto do século XX, a inflamação do antissemitismo pode ser analisada como uma estratégia de arenque vermelho: a atenção das classes dominadas era desviada na direção dos judeus por oligarcas que evadiam as responsabilidades por políticas que exacerbavam a miséria. Não é à toa que um dos maiores promotores dos Protocolos dos Sábios de Sião era Henry Ford. Na Alemanha, havia uma relação codependente entre a máquina de guerra de Adolf Hitler e o complexo industrial de Friedrich Flick. Ao fim da guerra, Flick ficou preso por menos de três anos, recebeu um gigantesco reembolso e tornou-se o homem mais rico da Alemanha Ocidental. Enfim. Flick foi apenas mais um dos que lucraram com a escolha dos judeus como bodes expiatórios enquanto o mundo assistia passivamente. Hoje, os herdeiros deste legado maldito dão sinais de arrependimento, mas a realidade é que, diferentemente das vítimas do Holocausto, as empresas não têm rosto e não têm vontade. Não são capazes de arrependimento. São pontas de uma imensa entidade rizomática, sempre renovando os mesmos ciclos de exploração.
Atualmente, na era do globalismo pós-moderno, vemos mais do que nunca uma harmonia entre as elites internacionais, nas quais corporações de diferentes origens se fundem promiscuamente, criando conglomerados que monopolizam setores internacionais, muitas vezes em detrimento dos Estados nacionais. Esta fase tardia do capitalismo parece marcar sua última culminação, promovendo a dissolução de fronteiras, desenraizamento das populações e destruição das identidades em busca de um imenso precariado mundial.
A classe capitalista global é uma casta de nômades parasitas que exerce mais poder do que qualquer nação ou comunidade religiosa, influenciando a política em todo o mundo. Independentemente do que passaportes, árvores genealógicas e convicções religiosas possam dizer, nenhum membro desta casta é autenticamente judeu, alemão, estadunidense, japonês ou brasileiro. Os nômades parasitas são uma massa amorfa de poder econômico que move a política dos países atlantistas, especialmente se concentrando nos Estados Unidos. Mesmo nos países não alinhados, como é o caso do próprio Brasil, essa casta consegue preservar larga influência. Na realidade, todas as nações, por isoladas e anti-imperialistas que sejam, resistem ao poder antinacional da pós-modernidade, que trabalha pela criação de uma imensa multidão universal amorfa.
Na própria Israel, por exemplo, as forças parasitárias que pressionam pelo fundamentalismo de mercado através de Benjamin Netanyahu arruinaram a economia e entregaram o governo nas mãos de radicais sionistas que sabotaram a Mesquita de Al-Aqsa durante o Ramadã, sabotaram as instituições e atacaram manifestantes judeus que representavam a vontade amplamente majoritária do povo. O risco de guerra civil ainda é alertado pela própria mídia israelense.Tudo isso nos leva a uma única pergunta: a quem interessa o antissemitismo? Aparentemente, aos mesmos senhores aos quais interessa o lobismo sionista no Brasil, que acusa fanaticamente os antagonistas do imperialismo atlantista ao qual Israel serve.
A Nova Resistência, por sua vez, afirma que os nômades parasitas são inimigos de todos os povos e repudia qualquer ideia de Brasil que ignore: a imortal memória heroica de marechal Waldemar Levy Cardoso, tenente-coronel Francisco Leão Cohn e tenente Maurício Kicis; a contribuição matricial dos cristãos-novos e judeus praticantes, de Raposo Tavares aos irmãos Beckman, como constante nas obras de Anita Novinsky e Nachman Falbel; a arte nacional de Jacob do Bandolim, Clarice Lispector, Moacyr Scliar, Sylvio Back e Lasar Segall; a brilhante herança intelectual de Mário Schenberg, Marcelo Berman, Paulo Rónai e Leopoldo Nachbin; além, claro, da brasilidade da comunidade judaica pátria como um todo.