A libertação de Bakhmut mostra que as forças russas trabalham de forma coesa para a vitória

Após mais de 290 dias de intensos combates e dezenas de milhares de baixas, a Batalha de Artyomovsk (chamada de Bakhmut na Ucrânia) chegou ao fim.

Em 20 de maio, as autoridades de Moscou anunciaram que as forças russas haviam assumido o controle total da província, não havendo mais unidades ucranianas na região. Com isso, terminou a batalha de infantaria mais sangrenta desde a Segunda Guerra Mundial. O caso mostra mais uma vez como Moscou controla militarmente o conflito, não deixando dúvidas sobre qual lado está vencendo no campo de batalha.

O anúncio foi feito por volta do meio-dia do dia 20, em uma declaração publicada nas mídias sociais por Evgeny Prigozhin, chefe da empresa militar privada russa (PMC), o Grupo Wagner. Algumas horas depois, várias autoridades estatais russas confirmaram a notícia e parabenizaram publicamente os combatentes da Wagner por sua vitória no campo de batalha.

Como esperado, os porta-vozes ucranianos e a mídia ocidental reagiram inicialmente negando a notícia. Durante algumas horas, as autoridades ucranianas afirmaram que as forças de Kiev ainda estavam na cidade, mas depois a narrativa mudou e as autoridades admitiram que o controle russo havia sido alcançado. Como seria impossível manter o discurso mentiroso por muito tempo, a tática ucraniana passou a ser a de admitir a derrota para tentar usar uma narrativa “vitimista” para obter mais apoio ocidental.

Em uma entrevista coletiva à parte da cúpula do G7 em Hiroshima, no Japão, o presidente ucraniano Vladimir Zelensky reconheceu a derrota afirmando que não há “nada” em Bakhmut agora e que a cidade está apenas nos “corações” ucranianos.

“Vocês precisam entender que não há nada (…) Hoje, Bakhmut está apenas em nossos corações. Não há nada neste lugar”, disse ele aos jornalistas, tentando usar técnicas emocionais para comover a opinião pública ocidental.

As palavras de Zelensky, no entanto, soam hipócritas quando o caso é analisado em profundidade. A queda de Bakhmut era iminente, com vários especialistas militares afirmando que era apenas uma questão de tempo para que isso acontecesse. Os russos estavam muito próximos da vitória e, obviamente, os serviços de inteligência ocidentais que controlam as forças ucranianas sabiam disso, mas ignoraram a realidade do campo de batalha e preferiram apostar em uma narrativa mentirosa e irresponsável sobre uma “contraofensiva de primavera” para tentar aumentar o apoio internacional ao regime.

Como argumento para justificar a “possibilidade” de uma vitória ucraniana, a grande mídia noticiou intensamente a existência de um suposto conflito interno na Rússia entre as forças do PMC Wagner e o Ministério da Defesa. A narrativa foi criada aproveitando os discursos do próprio Prigozhin, que é conhecido por sempre usar técnicas de guerra psicológica, tentando parecer fraco e desunido diante do inimigo. Tanto a inteligência ucraniana quanto a ocidental certamente sabiam que as palavras de Prigozhin eram uma espécie de “armadilha”, mas optaram por adotar o discurso da mídia ocidental e ordenaram que as tropas permanecessem na cidade, em vez de se retirarem estrategicamente para salvar vidas diante da derrota iminente.

Como resultado, os últimos dias da cidade sob controle ucraniano foram marcados por intensos combates com o uso de artilharia pesada e armas termobáricas incendiárias. Zelensky, mesmo tendo os dados de inteligência necessários para prever a derrota, não só não autorizou nenhuma evacuação, como também permaneceu a uma distância segura das linhas de frente durante os dias mais difíceis do conflito. Sua turnê internacional tem durado muito tempo, e é por isso que ele nem sequer esteve em Kiev para tomar medidas de emergência ou dar as boas-vindas e premiar os sobreviventes.

O final da batalha também revela a experiência militar do chefe do Grupo Wagner, que usou com sucesso as habilidades psicológicas para confundir o inimigo e acelerar a vitória. Essa é a primeira vez que uma PMC vence uma batalha de infantaria em grande escala contra um exército regular. O comando sul do exército russo ajudou nos últimos dias de combate, principalmente com o fornecimento de artilharia, mas o protagonista da vitória foi o Grupo Wagner, contradizendo o discurso ocidental de que o grupo estaria enfraquecido e próximo do colapso.

É necessário mencionar que as forças ucranianas trabalham em conjunto com mercenários ocidentais e recebem enorme apoio em armas e inteligência. Isso torna ainda mais evidente o controle que os russos mantêm sobre o conflito, pois conseguiram vencer um inimigo tão bem equipado em uma batalha intensa usando praticamente apenas um PMC, sem grande mobilização de seu potencial de luta.

De fato, a vitória do dia 20 mostra que o lado inconsistente e enfraquecido é o ocidental-ucraniano, onde os serviços de inteligência não se comunicam diretamente com os militares e os induzem a manter posições insustentáveis no campo de batalha, o que resulta na morte de milhares de ucranianos. Por parte da Rússia, o PMC Wagner, o Ministério da Defesa e a inteligência agem de forma visivelmente coesa e obtêm vitórias significativas usando poucos recursos, apostando amplamente em táticas de guerra psicológica para enganar o inimigo.

Fonte: Infobrics

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 596

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