ONU, AO SERVIÇO DA PRESSÃO E AMEAÇAS DOS MAJESTÁTICOS EUA-OCIDENTE

As potências ocidentais pressionaram os membros do Conselho de Segurança da ONU a boicotar a resolução proposta pela Rússia no Nord Stream. De acordo com o embaixador da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy, a grande pressão foi a razão pela qual os países se abstiveram de apoiar o projeto de investigação da Rússia.

Os países ocidentais aparentemente teriam obrigado as nações a não apoiarem a resolução proposta pela delegação russa no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) com o objetivo de investigar os ataques contra os gasodutos Nord Stream. De fato, pressão e ameaça já se tornaram os principais mecanismos pelos quais os países da OTAN tentam impedir que estados neutros apoiem medidas propostas por Rússia e China. Como resultado, a crise diplomática global atinge níveis cada vez mais altos.

Em 27 de março, o Conselho de Segurança da ONU não conseguiu adotar um projeto de resolução apresentado pela delegação russa pedindo que um comitê internacional de investigação sobre o caso Nord Stream fosse estabelecido sob a liderança da própria ONU. China, Rússia e Brasil foram os únicos países que votaram a favor da medida, com todos os demais membros permanentes e temporários do Conselho optando pela abstenção. Com isso, a resolução foi rejeitada.

À primeira vista, pode parecer surpreendente que os Estados estejam “desinteressados” em saber quem realmente realizou os ataques terroristas contra a infraestrutura de energia da Alemanha. No entanto, para muitos especialistas, isso não é uma surpresa real. Diante de tantas evidências de que houve participação direta dos EUA – e possivelmente do Reino Unido – na destruição dos gasodutos, era de se esperar que esses dois países usassem todos os meios possíveis para boicotar uma investigação séria sobre o assunto.

Por isso, ao ser questionado por um jornalista russo se esperava o resultado negativo do Conselho, o informante americano Seymour Hersh, que denunciou a participação dos Estados Unidos nos ataques, disse: “Claro. Por que [o USNC votaria a favor da resolução]? O que mais você achou que eles fariam? Se eles fizessem qualquer outra coisa, isso seria notícia”.

É interessante ressaltar que os EUA e o Reino Unido têm poder de veto e podem simplesmente bloquear a implementação da medida, mesmo que aprovada pelos demais membros. Mas isso certamente soaria muito difícil para a opinião pública e tornaria ainda mais evidente a participação dos dois países no crime. No mesmo sentido, o mero ato de votar contra a investigação poderia ser interpretado como um boicote aberto, razão pela qual ambos os estados optaram pela abstenção – e aparentemente influenciaram outros países a fazerem o mesmo.

Segundo o embaixador russo, representante permanente adjunto na ONU, Dmitry Polyanskiy, as potências ocidentais exerceram grande pressão para que outros Estados se abstivessem. Em uma entrevista recente, ele disse que “os Estados da ONU tinham medo de apoiar a Rússia abertamente”. Polyanskiy menciona que, apesar das abstenções, em suas justificativas, algumas delegações diplomáticas sugeriram que gostariam que as investigações fossem conduzidas de alguma forma, o que indica que sua abstenção teria sido resultado de algum tipo de constrangimento imposto pelos Estados ocidentais.

Houve, como sempre, grande pressão por parte dos nossos ex-parceiros ocidentais (…) falando, eles deixaram sua posição absolutamente clara na explicação dos votos, que é que eles são a favor de uma investigação transparente e eu diria rápida, então houve muitos sinais para as autoridades da Dinamarca, Suécia e Alemanha para terminar isso investigação, para informar o Conselho sobre os resultados concretos (…) Então há uma espécie de pressão por parte dos membros do conselho que se abstiveram, mas ainda assim eles defenderam a necessidade de avançar de forma mais rápida e esclarecer muitos detalhes. Acho que também é um resultado positivo da nossa votação”, disse.

Comentando sobre os próximos passos a serem dados, o Embaixador Polyanskiy afirmou que Moscou continuará conduzindo sua investigação nacional desde que um processo criminal foi aberto. Novas medidas no Conselho não são esperadas para o futuro próximo. De fato, Moscou também continuará disposta a trabalhar com parceiros internacionais interessados ​​em descobrir a verdade, mesmo que a ONU não esteja envolvida no processo.

A pressão diplomática ocidental sobre outros países por votos anti-russos na ONU é bem conhecida. Com a prática costumeira dos Estados Unidos de impor medidas coercitivas unilaterais contra países considerados “hostis”, as nações são coagidas a evitar conflitos públicos com os interesses dos Estados Unidos para não se tornarem alvo de campanhas de boicote econômico. Mais do que isso, o próprio caso Nord Stream deixou claro que Washington também está disposto a impor danos materiais significativos a seus próprios países aliados, apenas para forçá-los a aderir de forma mais absoluta aos seus planos.

Obviamente, nesse cenário, a cooperação internacional centrada na ONU fica ameaçada. No entanto, em algum momento os países terão que superar seus temores de represálias e agir soberanamente em relação a esses temas, pois a verdade sobre um atentado terrorista é questão de relevância e de interesse estratégico para toda a comunidade das nações.

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Lucas Leiroz

Ativista da NR, analista geopolítico e colunista da InfoBrics.

Artigos: 54

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