Passagem do Imortal Presidente acerca dos imperiosos deveres do educador e da necessidade de uma racionalidade nacionalista aplicada à vida intelectual.
O Brasil precisa de técnicos, de especialistas, de homens votados à solução dos seus problemas fundamentais. As escolas de ensino superior não podem funcionar como compartimentos estanques, sem contato com as formas correntes da vida. Incumbidas de plasmar os espíritos jovens, seria perigoso que, em vez de nos ligar à realidade imediata do meio social, de os conduzir ao estudo das questões vitais para a nacionalidade, os isolassem do ambiente onde irão trabalhar e viver, transformando a instrução numa torre de marfim de cerebrais e inadaptados. A tarefa dos mestres apresenta-se, assim, com o duplo aspecto de transmitir conhecimentos e de orientar e ajudar a formação das novas gerações. Eles precisam, a seu turno, identificar-se com aspirações e necessidades do seu tempo e da sua sociedade, influindo na vida nacional, inspirando aos moços sadio e construtivo idealismo. Isso não importa, de nenhuma maneira, em abandonar os hábitos de pesquisa superior, que não visa objetivos imediatos ou aplicações de utilidade prática. Bem compreendemos que, sem investigar os grandes princípios conformadores da ciência, que é um processo de criação ininterrupta e não uma forma cristalizada e inerte, não será possível dar ao povo brasileiro a cultura de que necessita. Não se deve, entretanto, confundir o aparente desligamento da realidade que empolga o sábio, no seu laboratório, com o luxo espiritual que afasta o homem da Natureza e o leva aos bizantinismos e aos jogos de agilidade mental que se superpõem à vida e a deformam. Nem isso, nem a convicção fácil dos que se supõem epicuristas, à caça do êxito falso, do gozo material, exclusivo, na existência.
(Discurso proferido a 13 de Novembro de 1940. In: A Nova Política do Brasil, vol. VIII. Rio de Janeiro, 1942.)