O New York Times confirmou o envolvimento do governo ucraniano no assassinato de Daria Dugina. O jornal diz se apoiar em uma informação de um oficial de inteligência, ou seja, CIA. A informação simplesmente confirma o que já sabíamos, mas como nada é por acaso é necessário ler nas entrelinhas.
A CIA não se comunica com jornais por mera liberalidade de informação, mas sempre com alguma finalidade. O artigo, que agora opera como a “versão oficial dos fatos”, faz questão de singularizar a culpa na Ucrânia e retirar qualquer possível responsabilidade dos EUA. Para essa narrativa ter sido liberada pelos EUA isso significa, simultaneamente, que não era mais sustentável negar o envolvimento ucraniano e, muito mais importante, que a Rússia descobriu que o complô envolveu algum tipo de colaboração de fora da Ucrânia.
Afinal, ao se adiantar publicando a “versão oficial” mais conveniente na grande mídia ocidental, os EUA e seus aliados evitam ser surpreendidos com algum vazamento de informação com uma narrativa menos conveniente que implicasse envolvimento ocidental.
É revelador, por exemplo, que no artigo do New York Times comenta-se que a inteligência estadunidense advertiu a inteligência ucraniana pelo assassinato. A narrativa não se encaixa, parece uma forçada de barra. Se os EUA realmente advertiram a Ucrânia é porque sabiam do que aconteceu. É mais provável que não tenha havido advertência nenhuma.
A alternativa seria que o envolvimento estrangeiro mais direto no assassinato tenha sido de outra agência de inteligência de outro país (Grã-Bretanha? Israel? Polônia?) e a CIA se ocupou de fazer a “limpeza” após o evento, terminando com uma narrativa apressada após algum possível vazamento ou descoberta por parte dos russos.
De qualquer maneira, a informação é o fim da narrativa doentia de que a Rússia teria assassinado Daria ou que o próprio pai dela estaria envolvido. Essa narrativa foi difundida por jornais ocidentais e até por pequenos personagens que se dizem “nacionalistas” em nosso próprio país.
Curiosamente, na mesma data em que sai essa informação, Dugin foi incluído na lista de sanções da União Europeia. Ele já era sancionado pelos EUA e Canadá e é, na prática, o único filósofo no mundo a sofrer sanções jurídicas das potências ocidentais. Para além do fato de que seus livros estão banidos de várias plataformas de compras sediados nos EUA.
As sanções contra Dugin, a perseguição a suas obras, tal como o assassinato de sua filha, dão testemunho da força de suas ideias. Dugin não tem cargo ou patente. É um pensador. Mas o Ocidente tem um pavor mortal dele.
Na contramão, em negação a esse mundo decaído, estudemos as obras de Alexander Dugin. São o “veneno” que cura a peste atlantista.