Por um Nacionalismo Integrativo

O Brasil ainda é um projeto civilizacional inacabado. Embora o seu Povo-Novo já tenha sido gestado e desenvolvido em partes, ainda lhe falta galgar os picos da sua realização. A busca pelas veredas íngremes deste processo podem ser reveladas a partir de um verdadeiro nacionalismo integrativo.

O Brasil ainda é um projeto civilizacional inacabado. Embora o seu Povo-Novo já tenha sido gestado e desenvolvido em partes, ainda lhe falta galgar os picos da sua realização. A busca pelas veredas íngremes deste processo podem ser reveladas a partir de um verdadeiro nacionalismo integrativo.

Como um gigantesco Estado continental, o Brasil é a expressão de uma verdadeira civilização. Sua Diversidade é sua Identidade — muito embora seja possível abordar a Brasilidade a partir dos vários pontos de contato que existem entre os diferentes eixos que compõem o “ser brasileiro”, a saber: o tronco luso-ibérico-amérindio-africano (Tri-Racialidade fundamental); a noção de Raça Cósmica; o Bandeirismo; o Sebastianismo; a Tropicalidade; o mito da Nova Roma e assim por diante, cada qual resguardando um compromisso íntimo e profundo, para nos expressarmos misticamente, com a conciliação entre Unidade e Multiplicidade.

Todavia, sendo também a expressão de um Povo-Novo (conforme o entendimento de Darcy Ribeiro), reafirmamos, plural, o povo brasileiro ainda não encontrou sua escada celeste a partir da qual poderá galgar rumo à sua Realização definitiva. Até o momento, figura na História Universal como um projeto inacabado, cujos contornos, embora apontem para realidades sublimes (e se originem de eventos gloriosos), ainda carrega a margem da indefinição. Neste prisma, o conceito de Nacionalismo emerge como uma força política cuja justificação ontológica se dá exatamente no trabalho de dar forma a uma tal margem de indefinições, preenchendo as lacunas existentes através do uso deliberado da criatividade imaginativa: em poucas palavras, projetar o futuro tendo como base a profundidade das raízes

Ora, tamanha tarefa (complexa e sublime) cabe a espíritos edificadores, munidos daquilo que podemos apropriadamente chamar de um Nacionalismo Integrativo: um tipo de nacionalismo, de pulsão patriótica que seja capaz de agregar, do ponto de vista da práxis, teorético e da construção ideológica, a multiplicidade dos estados de ser da civilização brasileira em um todo politicamente funcional e harmônico; nossos momentos trágicos, nossos pontos de bifurcação e de inflexão, nossas tensões e contradições, dores e prazeres… 

Em termos concretos, um Nacionalismo que seja, por seu turno, Integrativo, buscará sintetizar todos os esforços construtivos já operados até a presente data, sem nada ignorar, sem nada rejeitar; sem ressentimentos, sem autocomiseração. A intensidade e a direção de seus esforços visa tão somente o Ideal da Pátria — a Ideia de Brasil como Realidade (politicamente, antropologicamente, existencialmente, afetivamente) Última, onde os Hemisférios do Tempo, no dizer de Padre Antônio Vieira, convergem e para onde tudo flui e retorna. Nas palavras do insigne Paiaçu:  

O tempo, como o mundo, tem dois hemisférios: um superior e visível, que é o passado; outro inferior e invisível, que é o futuro. No meio de um e outro hemisfério ficam os horizontes do tempo, que são instantes do presente que vamos vivendo, onde o passado termina e o futuro começa.

Deambular sobre ditos hemisférios, como neurônios que passeiam por entre o corpo caloso. Integrar Passado e Futuro: eis a missão do patriota e do nacionalista do século XXI.

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Guilherme Teixeira
Artigos: 26

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