A era do eterno presente e a evaporação do futuro

O filósofo Diego Fusaro discute sobre como, com a globalização do mercado, o capitalismo em seu fanatismo econômico ruma para uma absolutização do presente como único horizonte, levando-nos a um “niilismo da pressa” e uma “aceleração sem futuro”, onde o único futuro que nos resta é o do crescimento acelerado das taxas de produção e consumo, da economia e do PIB mundial, enquanto toda possibilidade de um futuro diferente é cortada em sua raiz, neutralizando toda paixão utópica e nos tornando escravos desta sociedade de consumo.

Por Diego Fusaro

Em Essere senza tempo, qualifiquei nosso presente com as duas expressões complementares de “niilismo da pressa” e “aceleração sem futuro”, para indicar como a paisagem atual do “capitalismo absoluto” precisa da aceleração dos ritmos-funcionais ao triunfo da lógica da troca, da produção e do lucro, assim como da lógica ilógica do imenso crescimento – mas não do futuro. Ao contrário, grande parte de suas energias é gasta na direção de uma desertificação de expectativas e uma eternização sinérgica do presente para evitar a possibilidade de um futuro diferente e uma transformação da ordem atual, cortando-a pela raiz.

Se, em seus primórdios, o capitalismo precisava do futuro para se pensar como uma realidade destinada a ser global, agora que alcançou efetivamente esse status, na forma de globalização do mercado e padronização planetária de pensamento e estilos de vida, agora você pode se contentar com um presente reproduzido eternamente. O “eclipse do futuro” de hoje (Marc Augé) – com a absolutização do presente como único horizonte e, ao mesmo tempo, com a naturalização da dimensão histórica – deve estar relacionado com uma “sociedade de consumo” que aspira a permanecer historicamente sempre a mesmo, acelerando em um grau incrível os tempos de produção e consumo e, ao mesmo tempo, negando na raiz toda possibilidade e toda inteligência de um futuro diferente, neutralizando assim toda paixão utópica.

Desse modo, o presente invade o futuro, corroendo-o por dentro até que se desintegre completamente: o fanatismo econômico atual não precisa mais de futuros alternativos, mas simplesmente aspira a uma repetição eterna do mesmo presente, realizada a uma sempre crescente velocidade, em consonância com o crescimento dos lucros em um ritmo cada vez mais vertiginoso. Neste quadro, o único futuro que o nosso mundo parece poder proporcionar é o medido pelas taxas positivas de crescimento da produção, da economia e do PIB mundial.

O mercado, como produto histórico e social da ação humana que se desdobra sub specie temporis – e, consequentemente, como resultado da ação social que ocorre por mediação da temporalidade histórica – remove os vestígios de sua própria determinação histórico-social e o faz com o duplo e sinérgico objetivo de cancelar sua própria gênese e cancelar sua própria e eventual extinção. Desse modo, completa-se essa dinâmica de naturalização do social e fatalização da história coessencial ao capitalismo pós-1989.

Fonte: Geopolitica.ru

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Diego Fusaro

Analista político e ensaísta italiano de orientação nacional-revolucionária. @DiegoFusaro

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