Voltemo-nos à história e veremos que a etimologia da palavra ministro vem de “minister”, do latim, cujo significado vem de Servo, Servidor e até mesmo Sacerdote. Origem semelhante ao da palavra menor, do “minus”, Menor, Mínimo. O Ministério, portanto, não se desvincula de um ofício, mas dele faz um exercício de humildade – o qual não dispensa a necessidade da grandeza do seu ocupante. O ministro deve existir pela capacidade, pela virtude e pelo conhecimento, mas não o usa para além do serviço, dispensando as mundanas vaidades; o ministro é servidor, existe para exercer seu cargo.
Todo Ministro de Estado deve ser égide do seu povo, para ele, pelo seu mister, exercer seus talentos, suas capacidades e virtudes: uma Ministério, mais que um mero cargo, é o reconhecimento das boas obras e a convocação de pô-las a serviço da Pátria. Tendo esta certeza, fica a pergunta: o que é Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub?
Posto no lugar de um parlapatão estrangeiro indicado pelo “guru da Virgínia”, Weintraub já havia contatado Bolsonaro durante a campanha, uma única virtude que fê-lo ocupar o cargo: treinar um candidato para falar um “economês” fingido. Weintraub, o atual ministro da educação (propositalmente minúsculo), toca seu ministério com a vaidade de quem recebe um galardão e não, como deveria tratar, como quem recebe uma missão, uma cruz, uma responsabilidade. Teria o ministro (propositalmente minúsculo) ombros para cruz ministerial? Honra e obras para sua grandeza? O que por nós Weintraub faz, a não ser não deixar a pasta vazia? Seus cortes travestidos de contingenciamento, seu mau gosto travestido de humor, suas paródias travestidas de pronunciamento são demonstrativos de toda a amplitude de sua verve. Nada tem de homem de Estado, nada tem de sagaz, nada tem de orador, nada tem de Ministro (propositalmente, agora, maiúsculo).
Weintraub, como ministro, é uma caixa de vergonhas, pois lê Kafta enquanto tenta dançar na chuva, falhando miseravelmente em ambas as situações. Weintraub não serve de conselheiro sequer a uma associação de bairro e todo brasileiro consciente o sabe. Todos que se opõem a Abraham Weintraub não o fazem por política, fazem por vergonha na cara, senso de ridículo, por expectativas mínimas. Weintraub não deveria ocupar cargos sequer em um Grêmio Estudantil.
O que explica Weintraub, então? Basta ler os títulos de dois de seus escritos: Pension’s reform in Brazil: gradual public retirement; The Good, the Bad and the Ugly: Mutual Funds and Private Pension Funds industry, who gets the Lion?; A Bela Adormecida: 20 anos depois, o processo inflacionário está em vias de ressurgir. Qual a dinâmica e as consequências desse movimento para a Previdência no Brasil. Weintraub é servo fiel da Reforma da Previdência, da estagnação da indústria e da ideologia liberal. Que todos saibam, pois todos devem saber: Weintraub não serve ao governo Bolsonaro, dele se utiliza para servir aos interesses dos que se beneficiam com a tal nova previdência.
Apenas isso pode explicar a sua proposta atual de “aumentar a autonomia financeira das universidades”, terminologia eufemista, mistificadora e “politicamente correta” para colocar as universidades públicas brasileiras a serviço de instituições econômicas privadas e do rentismo em geral.
Weintraub nega que esteja nos planos cobrar mensalidade nas universidades públicas brasileiras, mas nós sabemos que há, no governo Bolsonaro, diversos defensores dessa proposta, além de militantes da política de “vouchers”, tipicamente privatista e aplicada costumeiramente por governos neoliberais em “operações de choque” após crises e desastres.
Weintraub não está em seu cargo para melhorar a educação brasileira. Ele está em seu cargo para ver como fazer para que a educação brasileira possa render “lucros e dividendos” para investidores e empresários.
Opor-se a Abraham Weintraub é dever de todo brasileiro e de todo trabalhador.