Vão-se os dedos, ficam os anéis.
Ao contrário do que rezava a vanglória dos promotores da Reforma Trabalhista, o Brasil teve um mês de março ainda pior que o do ano passado em matéria de disponibilidade de empregos, com um saldo negativo de mais de 43 mil vagas. O prejuízo da classe trabalhadora não se limitou aí: ainda houve uma diminuição de 0.51% no salário médio de admissão no mesmo período, agravada pela inflação de 0.75%. Com o mesmo mês vendo o Banco Central diminuir oficialmente suas expectativas de crescimento anual do PIB pela quarta vez, o povo sofre com a mais venenosa das combinações de indicadores econômicos: a temida estagflação.
Isso não nos surpreende, infelizmente. Estudando sobre reformas trabalhistas de teor semelhante que foram implementadas nos países europeus nos últimos 10 anos encontramos, em todos os casos, os mesmos sintomas: a queda na renda média do trabalhador, a precarização das relações trabalhistas, inclusive com consequências no âmbito da segurança do trabalho, uma redução irrisória ou inexistente no desemprego.
Mais cortes nos direitos trabalhistas, alertamos, não vão reverter este quadro. Maior insegurança jurídica e material nas relações de trabalho não são a fórmula mais adequada para incrementar a produtividade do trabalhador e, assim, a produtividade nacional.
A maioria dos patrões, naturalmente, sabe disso. Quem acha que a eliminação do FGTS ou do 13º levaria a um aumento no salário se engana. A realidade é que essa legislação é voltada para atender aos interesses de uma pequena classe de grandes proprietários e empresários nacionais e internacionais, de modo a alavancar seus lucros. Os bilionários de hoje querem ser os trilionários de amanhã, e os milionários de hoje querem ser os bilionários de amanhã.
A classe média, por sua vez, está abandonada à proletarização, enquanto o proletariado se dissolve na precarização.
Mais cedo ou mais tarde, a Nova Resistência espera que o povo acorde de seu torpor para ver que foi ludibriado, e que a Deforma Trabalhista não é capaz de cumprir suas vagas promessas para o trabalhador de maior disponibilidade de empregos, ainda que bem cumpra sua promessa para os patrões: redução de custos com pessoal. Já sabemos qual lado mais sofrerá pelo feito.
Lutar perpetuamente pelos verdadeiros produtores da riqueza nacional!