Quem dera fosse possível acreditar que o PT representa uma alternativa real ao Abismo para onde o Brasil ruma — seria muito mais cômodo, de fato, em meio ao desespero generalizado, doentio, que assola o país, apontar um caminho como sendo “o melhor”, mesmo que apenas para o momento.
Mas a realidade é o que é, e não como gostaríamos que fosse.
Muitos perguntam “O que fazer?”, fazendo referência ao dramático dilema em que a nação brasileira se encontra. Estamos verdadeiramente entre A CRUZ E A ESPADA — entre Satã e Belzebu: convocados a decidir, como na icônica cena do clássico Cidade de Deus, se o tiro será na mão ou no pé.
E em meio a esse contexto, afirmamos de modo consequente, coerente, com todas as letras, que Haddad nem de longe representa uma alternativa viável, a curto, médio ou longo prazo, para o Brasil.
Afinal: quem acredita nas promessas de campanha do PT?
Promessas petistas: Tributação progressiva; Desenvolvimentismo; Política Externa Independente; ”Ética na Política”; Reformas democratizantes nas Instituições; Estado Forte; Reforma Agrária; Fim do dualismo na Educação com fortalecimento do sistema público; Fortalecimento do Sistema Único de Saúde; Governo dos Trabalhadores.
Realidade do governo petista: Impostos sobre o consumo; Tripé macroeconômico do Armínio Fraga e Banco Central nas mãos do vampiro Meirelles; Aliança com grandes empresas e corrupção sistêmica; Bolsa-Empresário com ”política de campeões nacionais”; país refém do agronegócio e da exportação de commodities; Desindustrialização acelerada; Isenções cada vez maiores para a educação privada; Terceirização da Saúde; governo com a casta pútrida das oligarquias brasileiras.
E a cereja do bolo: a nomeação de um banqueiro do Bradesco para o Ministério da Fazenda durante o último mandato calamitoso de Dilma Rousseff e o apoio à resolução da ONU contra a Síria (maior trincheira antiglobalista na atualidade), em um claro aceno simpático aos EUA.
Se, durante 13 anos de promessas, o extremo oposto foi entregue, não podemos esperar nada diferente da figura frouxa e insossa do Novo Fernando — um elemento que não é capaz de nem ao menos articular um discurso anti-entreguista radical, sempre se apoiando em uma retórica que gira em torno de “plebiscitos” e outros escapes jurídicos. Claro: o PT é um partido neoliberal e igualmente entreguista.
Votar pelo PT, ademais, é fortalecer ainda mais a retórica liberal no país. Porque mesmo que Haddad governe com PSDB e PMDB (como ele promete), mesmo que ele não reverta qualquer das medidas do choque neoliberal de Temer (como ele já sugeriu), mesmo que promova privatizações, que ele dê independência ao Banco Central, enfim, que seja tão economicamente liberal quanto Guedes gostaria, ainda assim, tudo o que der errado durante seu governo será visto pela massa antipetista como “culpa do comunismo petista”.
Para piorar, Haddad, repetimos, é frouxo. Não expressa a menor firmeza. Sofreria o mesmo destino que Dilma Roussef, senão pior. Para ter governabilidade, teria de ser ainda mais servil aos inimigos do Brasil que a própria Dilma. E caso decidisse não agir assim, seria ainda mais fácil ser derrubado em um impeachment (ou por que não até em um golpe?). E quem iria em defesa do governo petista?
No mais, ao contrário de Bolsonaro que, no máximo, poderia ser considerado uma influência em casos recentes de violência ideológica no Brasil, Haddad efetivamente possui sangue nas mãos, sendo responsável pela morte cruel de pelo menos uma dúzia de moradores de rua de São Paulo. Quantos mais morrerão, caso ele ponha em prática projetos como sua ideia estapafúrdia de simplesmente soltar presidiários?
Então não, não há cálculo, avaliação ou investigação que nos permita chegar à conclusão de que Haddad constitui um mal menor. Quem conjura “ameaça fascista” como justificativa da defesa de Haddad não passa de uma minúscula minoria de esquerdistas histéricos e alienados.
Não há nada que justifique apoio a Haddad.
O Brasil sangrará se Bolsonaro vencer? Sim.
O Brasil sangrará se Haddad vencer? Sim.
Então nos resta, ao invés de embarcar em canoas furadas e entrar nos atoleiros de dois projetos falidos de antemão, simplesmente assumir a mais corajosa e radical das posições: oposição aos dois candidatos. E nos prepararmos para os problemas nacionais que serão indubitavelmente agravados ou criados por qualquer dos vitoriosos.
Apoiar o PT? Nunca. Jamais.