Nota Prévia [*]:
O presente ensaio debruça-se sobre um dos aspectos menos conhecidos da história do peronismo: a influência que o pensamento do General Perón exerceu sobre as forças revolucionárias cubanas das décadas de 40 e 50 e, em especial, sobre o jovem Fidel Castro e seu nascente movimento insurgente. Nesse sentido, o presente artigo é a antecipação de um mais extenso, que não só investigará este influxo peronista sobre o castrismo, como, simultaneamente, analisará seu complemento simétrico: a posterior gravitação do castrismo já triunfante (1959) sobre o peronismo da Resistência e do exílio.
Ainda que a temática deste trabalho possa parecer histórica, nosso objetivo primordial é político: buscamos resgatar, em toda sua integridade revolucionária, anti-oligárquica e anti-imperialista, esse verdadeiro gigante libertário que foi o General Juan Domingo Perón − cuja mensagem de liberação transcendeu e transcende as fronteiras argentinas para alcançar dimensões continentais e terceiro-mundistas. Esse Perón, revolucionário histórico e real, nada tem que ver com o triste leão desdentado que nos pretendem vender os trânsfugas liberal-menemista serviçais do imperialismo (a que Perón combateu). Contudo, tampouco é o que fantasiam certos neo-peronistas “rosas” e social-democratizantes que, ainda que críticos da inegável traição menemista, coincidem com ela no reacionário intento de construir um pseudo-peronismo pequeno-burguês, intelectualoide, contido, castrado de todo o seu conteúdo e potencial nacionalista, operário, popular, terceiro-mundista e revolucionário. Frente aos liberais comissários do Império, aos reformistas da centro-esquerda cipaya e eunuca, ou aos falsos “nacionalismos” anti-peronistas que nada têm de populares, fortalecemos cada vez mais a nossa convicção nos valores revolucionários do terceirismo anticolonial peronista.
A falência das ditaduras burocráticas comunistas, bem como a passagem sem rodeios da ex-URSS ao bloco imperialista (encabeçado pelos ultra-criminosos ianques), reafirma nossas teses mais elementares: o único anticapitalismo possível é aquele representado pelos Movimentos Nacionais e Populares de Terceira Posição. Já caiu o explorador sistema comunista, e agora deve cair também o ainda mais explorador sistema capitalista. Apenas a metade do caminho foi percorrido.
Recordar a mensagem revolucionária do General Perón significa, assim, reafirmar sua vigência prática atual, do mesmo modo que recordar a influência peronista na primeira etapa da Revolução − casuísta − Cubana nos permite compreender que, como já escrevemos há pouco mais de um ano:
“O isolamento de Cuba pode a conduzir ao seu reencontro com a Pátria Grande Latinoamericana, prescindindo das velhas fórmulas marxistas e aderindo novamente ao nacionalismo revolucionário terceirista do castrismo inicial. O fim do Império comunista antecipa a derrubada do Império capitalista. Cada Povo deve lutar por sua Revolução Nacional, ao mesmo tempo em que os laços de unidade, solidariedade e de organização mundial de todas as nações oprimidas devem ser forjados: contra os imperialismos, a injustiça e a reação” [1].
Introdução:
Em 26 de julho de 1953, o recém-nascido castrismo aparece publicamente pela primeira vez com o objetivo de tomar o Quartel Moncada − operação de guerrilha cujo fracasso servirá de pretexto para que o ditador Batista massacre cerca de uma centena de combatentes revolucionários ou simples opositores. Fato geralmente esquecido: para se resguardar da cruel repressão, vários guerrilheiros fidelistas se refugiam na Embaixada da Argentina Peronista. É o caso, por exemplo, de Raúl Martínez Ararás e de Antonio López, responsáveis pelo ataque simultâneo ao Quartel de Bayamo com o objetivo de impedir que sua guarnição − cerca de 400 soldados − auxiliasse Moncada defensivamente [2]. Na Embaixada Argentina em La Habana, também encontra refúgio uma figura creditada pelo jornal oficial Alerta, de 27 de julho, como um dos principais responsáveis pela referida operação. Estamos falando de José Pardo Liada, dirigente do próprio Partido do Povo Cubano (“Ortodoxo”), ao qual Fidel Castro ainda pertencia: futuro combatente de Sierra Maestre e, mais do que isso, um dos mais destacados simpatizantes do peronismo na ilha caribenha, autor inclusive de diversas obras em defesa da Terceira Posição Justicialista [3].
A evidente atitude solidária do Governo Peronista em relação aos insurgentes anti-Batista contrasta com as posições de alguns grupos supostamente “anti-ditatoriais”, “anti-imperialistas” e “revolucionários”. Os comunistas pró-soviéticos cubanos do Partido Socialista Popular, para citar apenas um caso, em sua Carta de la Comisión Ejecutiva Nacional del P.S.P. a todos los Organismos del Partido (30 de agosto de 1953), condenarão o castrismo, definindo o assalto a Moncada como um intento “golpista, aventureiro, desesperado, característico de uma pequena-burguesia sem princípios e comprometida com o gangsterismo”. É somente em julho de 1958, poucos meses antes da vitória final, que os comunistas moscovitas abandonarão essa estúpida e reacionária posição, subindo na carruagem do vencedor.
A ligação da primeira guerrilha casuísta com a Argentina peronista não será, pois, nem esporádica e nem assunto meramente anedótico. O próprio Carlos Franqui, militante castrista desde sua fundação, combatente urbano e de Sierra Maestra, secretário de organização do Comitê do Exílio do Movimento 26 de Julho e, após a vitória fidelista, diretor do jornal oficial Revolución, em uma de suas obras, recorda que, ao menos até o início da década de 50, Fidel “simpatizava com um peronista anti-imperialista” [4].
Trata-se, como veremos, de uma atitude em nada “platônica”, que chegará ao nível dos contatos orgânicos, e que analisaremos abaixo.
O exemplo Revolucionário Peronista:
Se, por um lado, não constitui nosso objetivo analisar profundamente a natureza da Revolução Peronista em seu período que vai de 1945 a 1955, ao mesmo tempo, é certo que não se pode entender a influência do peronismo sobre o castrismo originário sem situarmos a experiência argentina no contexto latino-americano da época.
O peronismo chega ao poder e consolida sua obra no marco fundacional de um batalha total contra o imperialismo ianque e contra a oligarquia local a ele associada. A disjuntiva “Braden ou Perón”, a partir da qual nasce o Movimento Nacional e Popular liderado pelo então Coronel Perón, marca profundamente tal Movimento e demonstra seu verdadeiro caráter anti-imperialista. Que esse anti-imperialismo não é retórico, o demonstram algumas números simples: o capital estrangeiro que, em 1945, correspondia a 15,4% do capital total [do país], em 1955, será de aproximadamente 5,1%. As saídas de capitais (lucros imperialistas) que, no período 1940 a 1944, chegavam a uma média anual de 382 milhões de dólares, de 1950 a 1955, serão reduzidos a 34 milhões de dólares. A nacionalização dos meios de comunicação, dos transportes, do sistema financeiro e de seguros, do comércio exterior, entre outras coisas, são precisamente os instrumentos que, unidos a uma enérgica política de industrialização e de substituição de importações, possibilitarão a concretização do objetivo da Independência Econômica como base imprescindível para o desenvolvimento nacional e para a justiça social.
Contradizendo os que afirmam a necessidade dos capitais estrangeiros (principalmente ianques) para os países “subdesenvolvidos” do Terceiro Mundo, a Independência Econômica, no exemplo peronista, se caracterizará justamente pela garantia de um processo de crescimento jamais alcançado em nosso país. Os números falam por si: entre 1946 e 1955, a produção industrial a preços constantes passou de 164 mil milhões de pesos para 277 mil milhões − crescimento que supera, em mais de 12%, o registrado na década que vai de 1935 a 1945. No mesmo período, o produto conjunto da indústria manufatureira, de construção, de serviços energéticos, de transporte e de comunicações passarão de 224,1 mil milhões a 324,5 mil milhões: o que representou um incremento superior a mais de 30% ao registrado nos 10 anos precedentes. Isso explica como a Argentina peronista nesse período, ao contrário de todos os países capitalistas, alcançou o geralmente inalcançável pleno emprego.
Independência econômica e desenvolvimento da economia, por outro lado, também repercutem sobretudo no povo trabalhador, que passará a dispor de níveis de vida inéditos para os padrões de nosso continente. A participação do setor assalariado na Renda Nacional passa de 44,1%, em 1943, para 57,4% em 1954 (atualmente, não ultrapassa muito os 20%). Os salários reais subiram de um índice de 100, em 1945, para um índice de 164,7 em 1955. E tudo isso sem levarmos em consideração os benefícios indiretos, porém não menos palpáveis: programas sociais, férias remuneradas, salário anual extraordinário (“aguinaldo”), colônias de férias, assistência social direta (mediante a Fundação Eva Perón), construção de novas escolas e hospitais (em 1946, só haviam 15.400 leitos nos hospitais públicos − em 1951, existiam já 114.000), educação gratuita, aprendizagem industrial, universidades nacionais operárias, moradia barata, queda do analfabetismo de 15 a 3,9%, entre outras coisas.
Estado Sindicalista:
Ao mesmo tempo, todas essas coisas causavam cada vez mais deslumbramento nos revolucionários e anti-imperialistas latino-americanos pelo fato de que o próprio Perón insistiu diversas vezes que este era tão somente “o princípio” de uma Revolução ainda mais profunda. Em 1 de maio de 1952, Perón se manifestará publicamente da seguinte forma:
“Para o capitalismo, a riqueza nacional é produto do capital e pertence ineludivelmente aos capitalistas. O coletivismo crê que a renda nacional é produto do trabalho comum e pertence ao Estado − porque o Estado é proprietário total e absoluto do capital e do trabalho. A Doutrina Peronista sustenta, por outro lado, que a riqueza do país é produto do trabalho e pertence, portanto, aos trabalhadores que a produzem”.
E para não deixar dúvidas, acrescenta:
“Os trabalhadores adquirirão progressivamente a propriedade direta dos meios capitais de produção, do comércio e da indústria, porém, do ponto de vista evolutivo, esse processo será lento e paulatino”.
Trata-se, como escreverá um estudioso do fenômeno peronista, de proposições em certa medida relacionadas com as do sindicalismo-revolucionário:
“Mais do que socialismo clássico, o Peronismo em gestação adotou ideias fundamentais do anarco-sindicalismo hispano-francês, o qual já contava com uma tradição considerável no sindicalismo argentino. Haviam, aqui, duas exigências: a) o protagonismo político direto do sindicato (não através da mediação do partido), sobretudo através da greve geral como instrumento de ação, e b) a finalidade longínqua de um controle dos meios de produção pelos próprios sindicatos. Já o Congresso Sindical de Amiens (1906) havia proclamado: ‘O sindicato, atualmente, nada mais é que um grupo de resistência; no futuro, será o responsável pela produção e distribuição, bases da organização social'” [5].
Essa semelhança se torna palpável quando Perón define o Estado Justicialista futuro como um “Estado Sindicalista”:
“O que vem se demonstrando como um presságio, diremos assim, da teoria, é que entre o político e o social, o mundo se encontra em um estado de transição. E nós estamos em dia com essa evolução, em minha opimião. Temos a metade sobre o corpo social e a outra metade sobre o corpo político. O mundo se desloca do político ao social. Nós não estamos decididamente nem em um campo e nem no outro: estamos assistindo o final da organização política e o início da organização social […] Eu não posso abandonar o partido político para substituí-lo pelo movimento social. Tampouco posso substituir o movimento social pelo político. Os dois são indispensáveis. Se essa evolução continuar, nós continuaremos auxiliando à evolução. Quando chegar o momento propício, lhe faremos um enterro digno, com seis cavalos, isto é, ao partido político, e chegaremos a outra organização. Contudo, já estamos em marcha ao estado sindicalista, não tenham a menor dúvida” [6].
A importância da organização sindical no Estado e no Movimento Peronista é tamanha que esta será define como “coluna vertebral”.
A existência de ministros, deputados e governadores operários, o papel dos sindicatos em constituições provinciais (como a do Chaco), a sindicalização (entrega da propriedade aos sindicatos de trabalhadores) das cervejarias Bemberg ou do jornal A Imprensa são sinais claros do que, a partir da década de 1960, Perón começará a definir como “socialismo nacional, humanista e cristão”, ou seja, um socialismo sindicalista, autogestionário, de liberação nacional e de Terceira Posição.
O Nacionalismo Revolucionário Cubano:
Se grande é a influência da Revolução Peronista em toda a América Latina, maior ainda será em Cuba, de maneira que um boletim de 1956, editado pela Revolução Libertadora, chegá a afirmar que “Cuba tem sido o foco peronista no Caribe” [7]. Tal afirmação deriva da conjunção de dois fatores na ilha caribenha: a presença direta do − prepotente − imperialismo ianque, unido ao caráter abertamente contrarrevolucionário do comunismo pré-castrista.
Em relação à presença ianque, devemos recordar que Cuba é o último país latino-americano a se livrar do domínio espanhol, e que quando o faz, em 1898, é devido a presença das tropas ianques que, sob o pretexto da explosão de seu navio (Maine), invadem a ilha e derrotam os espanhóis. O caráter colonial dessa Cuba supostamente “independente” fica confirmado pela própria Constituição “nacional”, através da inclusão, em junho de 1901, da chamada Emenda Platt (derivada do nome do senador Orviolle Hitchcock Platt, de Connecticut), que afirmava explicitamente: “Cuba consente que os EUA possam exercitar o direito de intervir na defesa da independência cubana e na manutenção de um governo adequado para a proteção da vida, da propriedade e da liberdade individual”.
Como consequência de semelhante expansionismo ianque, já denunciado por patriotas como José Martí (“Tenho vivido dentro do monstro e conheço suas vísceras; minha funda é a de Davi”), emergirá um nacionalismo anti-imperialista cada vez mais intransigente que, como conta o professor Robert F. Smith, do Ludieran College (Texas), em sua obra The USA and Cuba, permite que, em junho de 1922 (e não em 1959 ou em 1960), um jornal de La Habana venha a público com um título em oito colunas: “O ódio aos EUA será a religião dos cubanos”.
Quando, para conter esse pujante anti-imperialismo, os EUA promovem a sangrenta ditadura do presidente do Partido Liberal, Gerardo Machado (1924-1933), a oposição patriótica e popular se verá obrigada a adotar como recurso de ação a resistência armada, o terror individual, a sabotagem e a conspiração insurrecional. E é nessa experiência de nacionalismo revolucionário armado, não-comunista, onde se pode encontrar a origem histórica do primeiro castrismo.
O Nacionalismo Revolucionário diante do Comunismo:
Em setembro de 1933, uma exitosa combinação de mobilização de massas, greve geral e sublevação cívico-militar derruba a ditadura de Machado, entregando o poder a dois representantes deste referido nacionalismo revolucionário: Ramón Grau San Martín e, acima de tudo, Antonio Guiteras − este último, partidário de uma Revolução Nacional Anti-Imperialista que deveria culminar em uma forma autóctone de socialismo que, de acordo com seu programa, não se tratava de uma “construção caprichosamente imaginada, senão de uma derivação nacional baseada nas leis da dinâmica social” [8]. No entanto, mesmo esse governo será atacado, não só pelas forças pró-capitalistas e pró-ianques, mas também pelo comunismo regional, que promoverá “sovietes” armados em diversos pontos distantes da ilha, com a peregrina ideia de derrubar o governo “burguês”.
O ultra-esquerdismo “combativo” pró-soviético, contra um governo popular e anti-imperialista, fica ainda mais injustificado para quem conhece o fato de que, em plena insurreição anti-machadista, em agosto de 1933, os dirigentes comunistas César Vilar e Vicente Álvarez “haviam prometido a Machado suspender a greve se este lhes outorgasse o reconhecimento oficial das CONC” [9] (sindicatos cubanos). Atados ao esquema de “classe contra classe”, então propugnado pela Internacional Comunista, os stalinistas caribenhos consideravam que os machadistas eram tão “burgueses” quanto os seus opositores, de modo que preferiram sabotar a luta em troca de benefícios particulares e legalistas. Lastimosamente, Fabio Grobart, fundador do PC, várias décadas depois, afirmará que a ordem comunista de furar a greve não teve o mínimo êxito, já que “os operários de La Habana, que foram os únicos ficarem a par daquela atitude, com sua firme ação, eliminaram qualquer incompreensão sobre o caráter da greve geral, de modo que o Partido e a CONC retificaram o erro momentâneo e, com os trabalhadores, adotaram a decisão unânime de não voltar ao trabalho enquanto Machado estivesse no poder” [10]. No entanto, isso não passou de palavrório, já que, como vimos, do economicismo de direita frente a Machado, passaram milagrosamente ao ultra-esquerdismo insurrecional contra um governo nacional-popular, em uma estranha mistura de brandura com os cipayos e de dureza contra os patriotas.
A Ditadura de Batista:
Aproveitando a agressão (da direita e da esquerda) contra o governo Grau-Guiteras, o coronel Fulgêncio Batista usará o poder que tem em mãos, diretamente ou mediante a governantes, até 1939, inflamando a oposição, geralmente armada. Assim, Grau San Martín funda o Partido Revolucionário Cubano “Autêntico”, ideologicamente vinculado por alguns autores ao “varguismo, cardenismo, peronismo, aprismo, MNR (Bolívia), Acción Democrática (Venezuela), velasquismo (Equador) e liberacionismo (Costa Rica)” [11]. Guiteras, por sua parte, funda a organização revolucionária político-militar Jovem Cuba, com características socialistas e nacionalistas. Enquanto isso, o grupo nacionalista ABC, influenciado pelos fascismos europeus e que já havia lutado em armas contra Machado, segue operando militarmente, paralelamente à construção de diversas organizações de combate através dos setores insurrecionais do Partido “Autêntico”: União Insurrecional Revolucionária, Organização Autêntica, Movimento Socialista Revolucionário, entre outros.
Deste bloco opositor, como era de esperar, não participa por muito tempo o Partido Comunista que, a partir de 1938, seguindo a nova linha “antifascista” da Internacional Comunista, passará a considerar Batista como um possível “aliado”. O raciocínio era até certo ponto lógico… para qualquer agente moscovita: na medida em que, para a URSS, o inimigo principal era a Alemanha de Hitler, os ianques eram possíveis aliados e, por conseguinte, os diferentes governos pró-ianques (como o de Batista), de igual modo, seriam passíveis de apoio por parte dos PCs locais. No caso cubano, isso se vê patentemente em uma série de fatos:
(a) No fim de 1938, o PC será legalizado por Batista;
(b) Em 25 de julho de 1940, o general Batista, apoiado ainda pelos comunistas, triunfa sobre o Partido “Autêntico”, servido-se do fato de a nova constituição democrática não seria aplicada até 1943: o triunfo do batistismo-comunista se obtém segundo o antigo método de escrutínio restritivo, que só permite que metade do eleitorado vote;
(c) Em 24 de julho de 1942, Batista nomeia dois ministros comunistas, Juan Marinello e Carlos Rafael Rodríguez, em seu governo. Eram os primeiros comunistas no poder na América Latina. Rodríguez, paradoxalmente, tempos depois, também desempenhará um importante papel no governo castrista.
As primeiras eleições livres, em 1944, colocam fim ao co-governo batistista-comunista, quando o Dr. Grau San Martón obtém uma maioria de votos de 65% sobre Salgarida, o candidato de Batista apoiado pelos comunistas. Isso supõe um evidente retrocesso para os stalinistas cubanos que, privados do apoio estatal, começam a ser isolados por sindicalistas “autênticos” ou simplesmente anti-Batista, ao mesmo tempo em que os antigos grupos insurrecionais anti-ditatoriais, com o apoio agora do governo, começam a fazer deles alvos de seus atentados − não enquanto comunistas, mas enquanto filo-batististas.
O Jovem Fidel Castro:
Em 1945, ano da Revolução Peronista, Fidel Castro ingressa na Universidade de Havana e, através dela, na vida política. Sua natureza revolucionária faz com que ele se aproxime de grupos insurrecionais − ainda não desmobilizados − do Partido “Autêntico”, que ainda preservavam elementos nacionalistas revolucionárias. É assim que ele se integrará à União Insurrecional Revolucionária, de Emilio Tro, segundo afirmam alguns autores (Yves Guilbert, Pardo Liada), ainda que outros (K.S. Karol) sustentam que ele se vinculará à UIR como “independente”, sobretudo, para evitar pressões por parte do Movimento Socialista Revolucionário, também “autêntico”, mas inimigo da UIR e dirigido por Mario Salabarría.
Será Mario Salabarría, precisamente, quem, em 1947, organizá um autodenominado “Exército de Liberação da América” que, dividido em quatro batalhões (denominados, respectivamente, Antonio Culteras, Máximo Gómez, José Martí e Augusto César Sandino), fará uma tentativa de invasão a Santo Domingo de Trapillo para derrubar a ditadura e, posteriormente, fazer o mesmo com a de Somoza na Nicarágua. Fidel Castro, que junto a Carlos Franque e outros revolucionários, integra essa expedição, é um dos poucos que consegue escapar quando, após três meses de concentração em Cayo Confite, os revolucionários são detidos pelo exército cubano, que temia as reais intenções do numeroso grupo armado.
A primeira ação que poderíamos definir como “armada” por parte de Fidel Castro (ainda que seja apenas um jovem recruta naquele tempo), para alguns historiadores, já resguardava uma relação com o Peronismo. K.S. Karol, por exemplo, ao falar da expedição, assegura que “Esta havia recebido do presidente argentino Perón um apreciável presente: 350.000 dólares em armas de diversos tipos” [12]. Ainda que não acreditemos que esse apoio aconteceu de fato (pois não existe nenhum documento ou testemunho argentino da época que o corrobore), a afirmação serve para demonstrar como, na época, o peronismo era considerado um movimento revolucionário, anti-ditatorial e anti-imperialista.
Perón e Fidel Castro:
O primeiro contato documentado entre peronismo e castrismo se dá precisamente no início do ano seguinte. Segundo a recordação do dirigente peronista Antonio Cañero, naquele ano, depois de criar uma Federação Nacional de Universitários Peronistas:
“Tentei organizar um congresso, já não nacional senão latino-americano, de estudantes nacionalistas. Entrevistei Perón, tentando conseguir seu consentimento e, acompanhado de um dirigente cubano, Santiago Touriño Velázquez, passei por Santiago do Chile, Lima, Panamá e Havana. Os referenciais políticos eram óbvios: Albizu Campos, Playa de la Torre, Arnulfo Arias. Em março de 1948, chegamos a Havana, sendo uma de nossas reuniões assistida por Fidel Castro. Meus amigos cubanos, em especial Touriño, me preveniram sobre a atitude radicalizada de Fidel […] Touriño, hoje exilado em Miami, o descreveu como uma figura singular. Não tive contato com ele, porém poucos dias depois, viajou a Bogotá e participou do bogotaço” [13].
Sobre a participação de Castro neste congresso latino-americano de nacionalistas e peronistas, assim como sobre as reuniões prévias, Pardo Liada, o já citado dirigente cubano, também nos dá algumas informações:
“Nos fins de março de 1948, chegou a Havana o senador argentino Diego Luis Molinari e, através de Luis Priori, delegado operário da Embaixada Argentina, estabeleceu contato com os principais dirigentes universitários cubanos, convidando-os a participar de uma conferência anticolonialista em Buenos Aires, onde reclamariam a devolução das ilhas Malvinas.
O embaixador peronista esteve com o presidente da FEU Enrique Olivares, e com o secretário desse organismo, o comunista Alfredo Guevara, que acabava de chegar de Moscou, remanejado por conta de dores pulmonares. Ambos viajariam à Bogotá, aproveitando a 9ª Conferência Americana, para divulgar o congresso anticolonialista de Buenos Aires, convocado por Perón a princípios de maio. Castro, sabendo da viagem de Ovares a Bogotá, quis se unir à delegação. Ao saber que Molinari facilitaria as passagens, me pediu que lhe conseguisse uma entrevista com o anfitrião, a quem viu no Hotel Nacional. Ao encontro com o embaixador de Perón, Castro estava acompanhado por Rafael del Pino e o estudante pró-peronista Santiago Touriño. Castro causou a melhor impressão a Molinari. Desde muito jovem, Castro possuía o carisma de um líder. E saiu da entrevista com a promessa do senador de convidá-lo a uma viagem com três escalas: Panamá, Bogotá e, finalmente, Caracas. Com passagens pagas por Perón, Enrique Ovares, Alfredo Guevara, Fidel Castro e Rafael del Pino viajaram à Colômbia, enquanto outra delegação estudantil cubana, também respaldada pelo senador peronista, com os estudantes Touriño, Tabeada e Esquivel, visitava vários países da América Central, divulgando a Conferência Anti-Imperialista de Buenos Aires” [14].
A Ideologia do Jovem Castro:
O Fidel que tem esses contatos e relações com a Argentina peronista não é ainda um “franco-atirador” dos grupos armados mais ou menos vinculados aos “Autênticos”, mas um quadro militante do Partido do Povo Cubano “Ortodoxo”. Os “Ortodoxos” surgem precisamente como uma cisão dos “Autênticos” e em oposição à corrupção e ao abandono dos princípios nacionalistas revolucionários por parte dos governos de Grau San Martón e Pío Socarras, bem como à gangsterização criminosa de suas frentes armadas. Fundamentado em bandeiras como “independência econômica, liberdade política e justiça social” [15], claramente inspiradas nas Três Bandeiras Justicialistas, é lógico que a “ortodoxia” tenha um lugar natural na militância dos filo-peronistas cubanos, desde Pardo Liada a Fidel Castro.
Como o novo golpe de Batista de março de 1952 tinha como propósito explícito impedir o triunfo eleitoral do Partido “Ortodoxo”, seus militantes se veem obrigados a passar à luta armada. O grupo encabeçado por Fidel Castro que assalta o quartel Moncada (Juventud del Centenario ou Movimiento) tem como finalidade, como escreveu Fidel ao dirigente ortodoxo Santiago Luis Conté Agüero: “[…] colocar a ordem nas mãos dos ortodoxos mais fervorosos. Nosso triunfo teria significado, primeiro, a subida imediata dos ortodoxos ao Poder, provisoriamente, e depois mediante às eleições gerais”.
Semelhante identidade ideológica com a ortodoxia continua no Movimento 26 de Julho. Na carta de Castro ao Congresso do Partido “Ortodoxo”, em 16 de agosto de 1955, ele afirma:
“[…] o Movimento 26 de Julho não constitui uma tendência no interior do Partido: é o aparato revolucionário do ‘chibasismo’, enraizado em sua base, surgida para lutar contra a ditadura quando a ortodoxia demonstrou ser impotente devido às suas mil divisões internas […] uma ortodoxia sem direção de latifundiários da laia de Fico Fernández Casas; sem açucareiros ao estilo de Gerardo Velázquez; sem especuladores da bolsa; sem magnatas da indústria e do comércio; sem os advogados das grandes fortunas; sem potentados provinciais; sem politicalhos […]” [16].
Logo em seguida, em 19 de março de 1956, o M-26 romperá formalmente com o Partido Ortodoxo, ainda que em plena luta insurrecional e pouco antes dos militantes e dirigentes Ortodoxos chegarem ao poder: “[…] como grupo, haviam se convertido praticamente em um satélite da causa castrista, seguindo suas diretivas quase ao pé da letra. Pareciam convencidos de que o Movimento 26 de Julho era um ramo de seu próprio partido, e alguns consideravam Castro como um intrépido redentor que executava um ato heroico para o qual a eles faltava coragem” [17]. Nossa Razão, Manifesto Programático do Movimento 26 de Julho, finalizado em novembro de 1956, levantará bandeiras em grande medida identificáveis com às da Ortodoxia (e às do Peronismo), como a luta pela “soberania política, independência econômica e identidade cultural” dentro de um “pensamento democrático, nacionalista e de justiça social”.
Peronismo e Movimento Operário Cubano:
A influência do Peronismo histórico não só se nota nas organizações políticas do nacionalismo revolucionário pré-castrista. Dadas as características nacional-proletárias e sindicalistas da Argentina Peronista, é mais lógica que seu influxo maior se produza no Movimento Operário Latino-Americano. Cuba não seria uma exceção, e é seu Movimento Operário a melhor prova da convergência entre o terceirismo revolucionário pró-peronista e o nacionalismo revolucionário não-marxista do castrismo inicial.
Em 20 de novembro de 1952, na cidade de México, representantes de organizações operárias de nosso Continente, oriundas de 19 países, convocados pela CGT argentino, decidem constituir a Agrupação de Trabalhadores Latinoamericanos Sindicalistas (ATLAS). Trata-se de uma central operária continental e anti-imperialista, oposta tanto ao pseudo-sindicalismo amarelo da pró-ianque ORIT, como ao regimentado sindicalismo filo-soviético da CTAL.
Na constituição de ATLAS, um papel destacado é conferido ao dirigente sindical cubano do transporte, Fernando Pérez Vidal. Esse militante, exilado pela ditadura batistista, futuro dirigente sindical castrista, ocupará desde a fundação de ATLAS a secretaria de Relações Exteriores (ainda que, em 1953, tenha chegado a ser designado transitoriamente como Secretário Geral do mencionado organismo continental peronista).
Que a vinculação entre o Movimento Operário Peronista e o Movimento Operário Castrista cubano não é circunstancial e efêmera, o prova a longa correspondência entre esses dirigentes operários castristas, já chegados ao poder, e o ainda Secretário Geral de ATLAS, o argentino (e peronista) Juan Garone [18]. Assim, em 16 de fevereiro de 1960, Pérez Vidal solicitará a aquele o envio “[…] do comprovante de delegado da ATLAS no Caribe ou só em Cuba”, ressaltando que “hoje, graças à Revolução Libertadora que rege os destinos da nação, e que encabeça esse invencível líder e grande estatista Fidel Castro Ruz, nossa pequena pátria, porém digna, tem um lugar de destaque entre nações livres do mundo. Exatamente o que buscou vossa grande pátria sob as bandeiras gloriosas do Justicialismo, que fez possível a Independência Econômica, a Justiça Social e a Soberania Política […]”. E acrescenta, para não restarem dúvidas: “Muda nada mais que a forma, ou seja, não falar em ATLAS ou em Justicialismo não passa de um problema complexo de dirigentes pouco maduros e com um escasso nível político, que veem fantasmas onde só brilha o sol, de modo mais claro e melhor”.
No mesmo sentido se manifesta o também dirigente operário cubano José Gayoso em carta ao próprio Garone:
“Quanto os fins que o governo cubano persegue, são puramente nacionalistas […] Quanto a ATLAS, creio que seria conveniente que vocês se dirigissem ao companheiro David Salvador, Secretário-Geral da CTC, para chegar a um consenso prático na reorganização da ATLAS […] com homens que sentem os ideais do Justicialismo”.
Para compreender melhor como o acima citado David Salvador, um ex-dirigente comunista, em 1947, tenha rompido com os pró-soviéticos locais e se integrando ao castrismo, do qual se torna dirigente do braço sindical durante a Revolução: Seção Operária do M-26 de Julho, posteriormente conhecida por “Frente Operário Nacional Unido” (FONU), após a absorção da Seção Funcional de Trabalhadores da Ortodoxia Histórica e da Seção Operária do Diretório Revolucionário. Salvador dirigirá numerosas greves durante a resistência anti-batistista, geralmente combinadas com ações armadas. Após a chegada ao poder do castrismo, o Primeiro Congresso Nacional da CTC (já convertida em central operária única), a lista de David Salvador e do M-26 obtém 90% dos votos frente aos só 5% dos “Autênticos” e aos outros 5% dos comunistas. A pressão do próprio Fidel para uma lista unificada castrista-comunista é rechaçada, não por um anticomunismo de direita, mas porque, como reconhece um marxista estudioso da Revolução Cubana, durante a Revolução: “O PSP (pró-soviético) não via com bons olhos à Frente Operária Nacional, fundada pelos castristas e dirigida por David Salvador, antigo comunista. O PSP desconfiava simultaneamente das tendências anticomunistas de uma certa propaganda do M-26 e de suas exaltações esquerdistas da luta armada […] Não se encontra nem uma só pista da participação dos comunistas nessa decisiva batalha da frente urbana”, que foi a greve geral de 9 de abril de 1958, dirigida pelo FONU.
Síntese:
Como uma Revolução nacionalista e terceirista, aparentada diretamente com o peronismo histórico, pode acabar se convertendo em uma sistema marxista-leninista de partido único? De fato, a Revolução castrista, até o 2 de dezembro de 1961, não se define como comunista, mas como terceirista. As próprias cartas cubanos dirigidos aos EUA dizem: “Nossa Revolução não é capitalista, nem comunista, mas humanista”. O próprio Fidel, no jornal Revolución de 17 de março de 1959, afirma: “Frente às ideologias que se disputam a hegemonia, surge a Revolução Cubana, com ideias novas e acontecimentos novos. Não vão confundir o Povo chamando-nos de comunistas”. Também o próprio Che Guevara, depois, afirmará em carta a “Bohemia”, publicada em 14 de junho de 1959: “Se fosse comunista, não hesitaria em dizer a vocês”.
Tal Revolução Nacional, no entanto, se vê cercada pelos ianques, de modo que o governo cubano é obrigado a radicalizar cada vez mais suas posições. Quando a Revolução Cubana, por exemplo, decide importar petróleo russo e as três refinarias ianques em Cuba se negam a processá-lo, Fidel nacionaliza essas propriedades ianques. Os ianques contestam, suspendendo a quota de açúcar. Castro contra-ataca rompendo relações com os ianques e obtendo um primeiro crédito soviético. Os ianques auspiciam o desembarque na Baía Cochinoss, em abril de 1961, e Castro se proclama “marxista-leninista”. Trata-se de uma radicalização, em grande medida, forçada pelos ianques, como reconhece Che em uma entrevista a L. Bergquist, “Look”, em novembro, 1960: “Exceção feita a nossa reforma agrária, que o povo desejava e havia iniciado espontaneamente, todos os procedimentos radicais que adotamos foram uma resposta direta aos atos de agressão por parte dos violentos monopólios dos que seu país é o máximo expoente. Para saber até onde chegará Cuba, é necessário lhe perguntar ao governo dos EUA até onde ele quer chegar”.
A estratégia de se apoiar nos russos para combater os ianques não é aceita, de todos os modos, pela totalidade do velho castrismo. Franqui distingue, nesse sentido, pelo menos quatro correntes internas: os pró-ianques que se conformavam com uma “democratização” anti-batistista; os nacionalistas democráticos; a corrente operária revolucionária socialista, porém não pró-soviética (fundamentalmente, os sindicatos casuístas) e, finalmente, uma corrente “pequeno-burguesa” autoritária aliada aos comunistas, que é a que acabou triunfando [19]. Os simpatizantes do peronismo em Cuba, nacionalistas democráticos ou socialistas nacionais, acabaram exilados (Pardo Liada, muitos ortodoxos) ou presos (Salvador David, numerosos dirigentes sindicais), e o dilema parece ser, até há pouco, “democracia” pró-ianque ou pró-sovietismo casuísta.
O definitivo trânsito da ex-URSS ao bloco imperialista ocidental, bem como seu abandono de Cuba (agora isolada e contando só com uma eventual ajuda dos Povos latino-americanos), (re)propõe a questão e obriga o castrismo a se basear em suas próprias forças, em um nacionalismo tão distante dos ianques como dos soviéticos. Poderá voltar o castrismo a um terceirismo revolucionário como o de sua etapa inicial? A História, enquanto criação livre dos Povos, o dirá e, sendo assim, Cuba será uma trincheira a mais no novo combate emancipador dos Povos da América Latina, com bandeiras nacionais e sociais, tão anticapitalistas quanto antimarxistas.
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[*] O artigo tem a co-autoria de Juan Carlos Benedetti, de biografia desconhecida (NdT).
[1] Revista Patria Obrera, 15-VI-1990.
[2] Fidel e Che, José Pardo Liada, Plaza & Janes, Madrid, 1988, p. 105.
[3] Pardo Liada publicou diversos textos para a ATLAS em 1953.
[4] Carlos Franqui, Retrato de Familia con Fidel, Seix Barral. Barcelona, 1981, p. 314.
[5] Cristian Buchmcker, Nacionalismo y Peronismo, Ed. Sudamericana, Buenos Aires 1987, p. 318.
[6] Discurso a Confederación Argentina de Intelectuales, publicado em Hechos e Ideas, agosto de 1950.
[7] Libro Negro de la Segunda Tiranía, 1958, p. 233.
[8] Germán Sánchez Otero, En Los partidos políticos burgueses en Cuba neocolonial 1899-1952, Editorial de Ciencias Sociales, 1985, p. 203.
[9] Francisco López Segrera, ibid., p. 112.
[10] Fabio Grobart, El Movimiento Obrero cubano de 1925 a 1932, Revista de la Universidad de Oriente, Cuba, 5, 1971, p. 59.
[11] Germán Sánchez Otero, op. cit., p. 148.
[12] K.S. Karol, Los guerrilleros en el Poder, Seix Barral, Barcelona, 1972, p. 139.
[13] Antonio Cañero, Desde que grité ¡Viva Perón!, pequé, Buenos Aires, 1983, p. 40.
[14] Pardo Liada, op. cit., p. 44-45.
[15] Los partidos políticos burgueses…, p. 258.
[16] Eduardo “Eddy” Chibas foi o fundador do Partido Ortodoxo.
[17] Mario Llenera, La revolución insospechada: origen y desarrollo del castrismo, EU-DEBA, Buenos Aires, 1981, p. 118-119.
[18] Para toda la correspondencia con ATLAS, ver: CGT y ATLAS, Manuel Urriza, Ed. Legasa, Buenos Aires, 1988.
[19] Carlos Franqui, op. cit.
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