Nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento (da América Latina, África, Ásia e partes da Europa Oriental), a participação de ONGs na oferta de serviços públicos básicos se torna cada vez maior. Elas visam substituir Estados fracos e/ou pobres em vários setores carentes de recursos. Algumas dessas ONGs atuam também na fiscalização do Estado, supostamente, em prol dos “direitos humanos”.
É fácil apontar problemas fundamentais nestas ONGs. Estados são responsáveis perante os seus cidadãos. Caso os seus governos não atendam às expectativas das massas, correm o risco de serem trocados ou, em casos mais drásticos, até derrubados por uma população enfurecida.
A quem respondem as ONGs? Tão somente aos seus doadores, geralmente cidadãos ricos, governos estrangeiros ou corporações poderosas. Essas ONGs transmitem aos seus doadores informações (verdadeiras ou não) sobre os beneficiários aos doadores, que então garantem as doações. Mas entendam: se as ONGs tiverem sucesso na resolução dos problemas dos quais elas cuidam, elas simplesmente não serão mais necessárias. Contudo, é evidente que as ONGs não vão desaparecer, e que elas não existem para solucionar definitivamente os problemas de seu interesse.
O fenômeno das ONGs explodiu a partir dos anos 80, nascendo nos países ricos do primeiro mundo, por razões muito claras. Na elite capitalista global há graus distintos de inteligência e de sensibilidade, e entre estes uma camada mais perceptiva notou que a implementação do neoliberalismo estava polarizando as sociedades e gerando forte comoção social. Políticos, empresários e banqueiros neoliberais começaram, então, a financiar e a promover uma estratégia paralela “de baixo para cima”, com organizações movidas por uma ideologia “anti-estatista”, cujo objetivo era apaziguar os ânimos das massas e, ao mesmo tempo, promover o desmonte do Estado e desmobilizar organizações políticas e sociais sérias.
Nos anos 90, essas ONGs já eram milhares e moviam por volta de 4 bilhões de dólares mundialmente todo ano. Uma de suas principais fontes de financiamento tem sido o Banco Mundial. O ponto de convergência entre os interesses é claro: as ONGs fazem a crítica do Estado desde uma perspectiva progressista de esquerda, em defesa de uma suposta sociedade civil, enquanto a direita o faz em defesa do mercado. Ou seja, enquanto regimes neoliberais devastavam os próprios países, e países estrangeiros, os inundando com importações baratas, os esmagando com dívidas usurárias, abolindo legislações trabalhistas e criando uma massa crescente de trabalhadores precários, as ONGs assumiam o papel de “auto-ajuda” para comunidades locais, as desviando de qualquer tipo de militância política e social radical.
As ONGs, neste sentido, não são outra coisa que uma face “comunitária” do neoliberalismo. São financiadas pelos mesmos personagens que causam os problemas que elas visam combater. Neste sentido, elas exercem um papel fundamentalmente despolitizador e apaziguador. Seu objetivo não é resolver problemas, mas tentar abafar conflitos e tornar a exploração capitalista mais palatável.
Deste modo, a própria classificação que levam é inclusive falaciosa. Considerando que elas recebem financiamento de governos capitalistas, e que elas costumeiramente trabalham junto a agências e departamentos desses governos, não é verdade que essas instituições são efetivamente não-governamentais. Mais recentemente, as ONGs assumiram um papel ainda mais destacado nas estratégias imperialistas da elite globalista. ONGs de “direitos humanos” infestam países considerados inimigos pelos governos atlantistas. Lá, essas ONGs trabalham com o objetivo de solapar a solidez institucional do sistema dos países inimigos, insuflando a “sociedade civil” contra seus governantes, em nome dos “direitos humanos”, mas para benefício dos governos atlantistas e das corporações internacionais. Assim se passou com a Primavera Árabe ou com o Maidan.
ONGs ligadas a George Soros e outros financistas e/ou financiadas pelo Departamento de Estado dos EUA, puseram em prática os manuais de Gene Sharp, da ONG Instituto Albert Einstein, para levar a cabo a derrubada de governos insuficientemente alinhados ao atlantismo. Coisas ainda mais podres permeiam o mundo das ONGs. Nessa semana, por exemplo, descobriu-se que a ONG britânica OXFAM está envolvida em inúmeros casos de prostituição e abuso sexual no Haiti. Isso não é algo súbito ou surpreendente. Nos últimos anos, tem havido várias denúncias de que a Fundação Clinton e a OXFAM têm estado envolvidas em sequestro de crianças, tráfico de pessoas e abusos sexuais no Haiti. Esse é o mundo REAL das ONGs: exploração e subjugação sob um verniz humanitário.
Em resposta a isso, alguns países, como a Rússia, têm começado a banir e expulsar as principais ONGs ocidentais. Falta o Brasil começar a fazer o mesmo. ONGs não passam de ferramentas de dominação estrangeira.
[…] Mas não para por aí. O bilionário, de acordo com suas próprias palavras, também esteve por trás do golpe de Estado na Ucrânia em 2014, mais especificamente, através de uma de suas ONGs: a International Renaissance Foundation, que integra o projeto de Soros de fomentar “sociedades abertas”. Pois é, para quem não sabe, ONGs internacionais são ferramentas do imperialismo. […]