O significado da Liberdade é muito pouco compreendido. Graças à hegemonia liberal, a liberdade tem sido falsificada e mistificada, sendo compreendida em um sentido individual e negativo. “Livre” é o indivíduo sobre o qual não pese qualquer restrição, limitação, proibição ou impedimento.
Mas tal como todas as outras virtudes e valores, a liberdade possui um conteúdo fundamentalmente social, comunitário. E assim será enquanto houver pessoas enredadas em múltiplas relações involuntárias e orgânicas com outras pessoas. A liberdade da comunidade e a liberdade da pessoa são reflexo uma da outra e dificilmente um homem poderá ser dito livre se seu povo ou comunidade não o for também.
Esse entendimento da liberdade tem sido o entendimento tradicional de liberdade, tal como apresentado por Platão: a liberdade como senhorio sobre si mesmo, como a sujeição do homem ao aspecto superior de sua existência. Análoga à essa liberdade está a liberdade da “Cidade”, que para nós é a liberdade da comunidade e\ou do povo.
Liberdade é domínio sobre si. Controle sobre si. Povo livre é aquele que tem controle sobre si mesmo, que governa a si mesmo. Isso possui uma profunda dimensão ética, na medida em que ser senhor de si mesmo é, fundamentalmente, sempre decidir exclusivamente em favor daquilo que é bom, belo e justo. Liberdade, nesse sentido, possui um grande elemento de “auto-limitação”. E por isso os liberais nunca entenderão o verdadeiro sentido da liberdade.
Mas além dessa dimensão ética, há questões bastante práticas que envolvem a liberdade de um povo ou comunidade. Para que um povo seja livre enquanto comunidade ele precisa dispôr de meios específicos para garantir essa liberdade. Nesse sentido, a liberdade possui uma dimensão material e técnica fundamental quando lidamos com política, economia e geopolítica.
Nos dias de hoje, nas condições materiais de hoje, para uma pátria, isso significa, fundamentalmente: Industrialização, posse de recursos naturais, energéticos e populacionais e armamento nuclear. Essas são as condições mínimas que permitem que um povo seja livre, ou seja, que ele exista como ator independente e soberano na arena internacional.
Mas o Brasil não tem nem mesmo a primeira dessas condições. Enquanto a Grã-Bretanha estabeleceu esse patamar mínimo com sua industrialização primitiva impulsionada por seu Estado em meados do século XVIII, 250 anos depois nós ainda estamos atrasados. E estamos atrasados porque as nossas elites tem nos mantido atrasados. A nossa “burguesia compradora” nos mantém prisioneiros de condições semifeudais.
Quanto à segunda, o Brasil é um dos poucos países do mundo com a sorte de possuir dimensões continentais. Essas dimensões continentais garantem a posse de amplos recursos naturais, energéticos, demográficos, etc. Enquanto alguns países tiveram que recorrer ao neocolonialismo para garantir esses espaços continentais ou, hoje, às formações supranacionais (vide UE) nós possuímos uma vantagem objetiva imediata. Essa vantagem pode ser ainda mais ampliada se reunirmos e nos aliarmos a nossos vizinhos e irmãos sulamericanos, como foi projeto de Vargas e Perón.
Mas apesar de nossa dimensão continental, os nossos recursos são explorados por corporações estrangeiras. Hoje, a maioria deles já está em mãos estrangeiras. E nós praticamente não demos qualquer passo na direção de uma aproximação real com os nossos vizinhos.
Quanto à posse de armas nucleares, patamar estabelecido pela barbárie americana em Hiroshima e Nagasaki, ela é a mais bruta, dura e firme garantia de liberdade. Se você visa libertar seu país e você não tem armas nucleares, você vai acabar em uma forca. Se você tiver armas nucleares, você garantirá a liberdade de seu povo e poderá rir diariamente das sanções, ameaças e indignações da chamada “comunidade internacional”, que na verdade não passa da corte de servos, bobos e cortesãs da potência globalista hegemônica.
Mas nada está mais longe de nós do que isso. O programa nuclear militar secreto brasileiro, fruto de décadas de esforço industrial e científico, foi sabotado pelos EUA desde o início e, finalmente, sepultado por José Sarney.
Em suma, o Brasil é um país inexistente. Não possuindo qualquer das exigências fundamentais da liberdade nacional para além do mero fato de existir enquanto Estado nacional, o Brasil é, objetivamente, uma colônia. A sua personalidade jurídica no plano internacional, representada por sua soberania, não passa de uma ficção.
E observamos, aqui, que a conclusão óbvia é que o principal entrave tem sido, há décadas, a elite brasileira. Uma elite que é, na prática, hereditária a ponto de os principais inimigos da pátria hoje serem os filhos, netos e bisnetos dos inimigos da pátria no passado. É uma elite que vive do parasitismo por ser cliente dos centros globais de poder. Essa elite tem impedido nossa industrialização, nossa continentalização e nossa nuclearização. E ela seguirá nos impedindo de realmente EXISTIR.
Contra essa elite o povo dispõe de uma única arma: Revolução. Uma Revolução que limpará o Brasil e erguerá no lugar dessa elite de parasitas uma autêntica vanguarda popular que nos conduzirá a nosso destino derradeiro como uma Nova Roma dos trópicos.
Se Brasil livre é Brasil soberano, é verdade insofismável que essa soberania só será possível com a aniquilação revolucionária dos inimigos do povo