15 anos atrás, o Brasil perdia Leonel de Moura Brizola, a maior figura antissistema na política brasileira nos últimos cinquenta anos e legítimo continuador do getulismo.

Brizola era a encarnação do nacionalismo comprometido com a democracia social e as causas populares. O verdadeiro temor da elite brasileira, cuja voz era a grande mídia, principalmente a Rede Globo.

Tanto à direita quanto à esquerda, as forças que forjaram o pacto republicano dos últimos trinta anos, e que vêm afundando o país na submissão às finanças, ao cosmopolitismo e aos interesses ianques, percebiam o brizolismo como a principal ameaça, a alternativa que deveria ser descartada se quisessem ser bem sucedidos na construção de um país liberal e atrelado ao Ocidente.

Assim como a maior parte dos marxistas, a nova esquerda e o PT nunca entenderam a dimensão de Brizola como expressão do trabalhismo getulista. E Leonel nunca se enganou com a aparência de radicalismo dos líderes dessa nova esquerda, a quem acusou desde sempre de superficialidade e adesão ao sistema.

Seguindo os passos aprendidos com Vargas, o fundador do PDT nunca perdeu de vista o conflito que se escondia por trás de nossas instituições e da dinâmica de nossa história, que opunha um povo ainda a construir as expressões de sua verdadeira liberdade, e uma elite que despreza tudo o que cheirasse a brasileiro e que prefere se identificar com grandes capitais europeias e norte-americanas.

Nos tristes momentos atuais, de escuridão e pseudo-heroísmos, a liderança de Brizola faz falta às forças populares. Ele, que descortinava tão bem o futuro e que sempre esteve disposto a pagar o preço por sua capacidade inaudita de ler os rumos da luta política.

Que possamos honrá-lo por meio do espírito que ele nos legou: o do inconformismo, da indignação e do irredentismo, fundidos em uma arma letal e temível com a qual vamos acuar e abater os inimigos da pátria.

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André Luiz dos Reis

 

 

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