A visão que a Nova Resistência possui do período militar é, de modo geral, negativa. E isso por vários motivos. Uma parte considerável dos problemas nacionais contemporâneos tem suas raízes no período militar.
Nesse período foi construída a oligarquia midiática que controla nossa mídia de massas. Nesse período começou a financeirização de nossa economia. Nesse período começou a nossa escravidão à usurocracia bancária (pela dívida). Nesse período nasceu o crime organizado. E muito mais.
Não obstante, é necessário reconhecer também o que há de positivo. Afinal, não somos esquerdistas e, para nós, a demonização irrefletida desse período seria tão absurda quanto qualquer admiração acéfala.
E nesse espírito, é necessário reconhecer que o período de governo do general Geisel foi uma exceção, sendo não só muito superior aos de seus outros pares, como estando também entre os períodos mais positivos (desde uma perspectiva soberanista) de nossa história. Não trataremos aqui de seu impulso industrializante e desenvolvimentista, mas de sua política externa.
Geisel pode ser considerado um dos precursores de uma multipolaridade brasileira. Do alinhamento servil aos EUA, Geisel empurrou o Brasil para uma postura equidistante, razoavelmente não-alinhada em relação às potências hegemônicas de sua época, EUA e URSS. Símbolos disso foram o reconhecimento do governo de Angola, bem como as relações com o governo chinês, ambos socialistas. Ademais, Geisel deu importantes impulsos no programa nuclear brasileiro, como um acordo com a Alemanha Ocidental nessa área.
A política externa de Geisel, nisso, foi fiel à tradição geopolítica brasileira. Realismo e pragmatismo a serviço dos interesses nacionais, mas sem também fechar os olhos para as “causas justas” dos povos, especialmente no que concerne questões de autodeterminação.
Foi nesse espírito que o governo brasileiro desse período votou favoravelmente à resolução da ONU que considerava o sionismo uma forma de racismo e que equiparava o governo israelense ao apartheid sul-africano. Tão importante foi o apoio brasileiro à causa palestina, que nosso país foi escolhido para ser o primeiro país na América Latina a receber a representação diplomática da Organização para a Libertação da Palestina.
A ira americana (e sionista) que essas boas relações causaram foi tamanha que, a partir desse momento, o governo de Jimmy Carter começou a tramar a queda do regime militar (com o apoio da Rede Globo). Claro, o regime militar havia servido aos interesses americanos quando ele surgiu, mas a partir de Geisel, tornou-se um incômodo para a potência atlantista ocidental, apoiá-lo deixou de “compensar”.
Todos esses fatos demonstram de forma clara e irrefutável que é falsa a narrativa olavista e bolsonete que afirma que essas relações entre Brasil e Palestina teriam alguma coisa a ver com o PT, com comunismo ou com uma “política externa ideológica”.
Não. É o Bolsonaro que quer implementar uma política externa ideológica que vai contra os interesses nacionais e contra a tradição diplomática e geopolítica nacional.
A amizade entre Brasil e Palestina vem de longa data e possui tanta importância que por causa dela Yasser Arafat jurou a Geisel que o povo palestino jamais levantaria o dedo contra o povo brasileiro. E tal como foi jurado, assim se cumpriu.
O Brasil não é, nunca foi e nunca deve ser sionista. Voltar atrás nos compromissos de honra assumidos pelos governos anteriores ao longo dos últimos 40 anos é cuspir em nossa história. É um ato vergonhoso e vil, que só pode ser cometido e apoiado por ratos e vermes rastejantes em forma humana.
TODO APOIO À CAUSA PALESTINA!
LIBERDADE! JUSTIÇA! REVOLUÇÃO!
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