O lobby do agronegócio é a ruína do Brasil. Ele é responsável por uma brutal acumulação de terras nas mãos de uns poucos proprietários. Ele absorve a maior parte dos créditos e incentivos do governo. Ele promove o envenenamento das pessoas do campo por agrotóxicos. Ele impõe a manutenção do Brasil como colônia exportadora de soja. Ele promove a degradação ambiental e a extinção de espécies animais e vegetais. O Brasil permanecerá sendo “terra arrasada” enquanto o lobby do agronegócio seguir sendo capaz de ditar os rumos das políticas públicas do Estado brasileiro.
Que esse lobby precisa ser superado e varrido é algo evidente. Mas não são poucos que insistem na manutenção do status quo com apelos à necessidade econômica do latifúndio, etc.
Do ponto de vista econômico, trata-se de pura tolice. As pequenas e médias propriedades policultoras são mais produtivas e eficientes em todos os sentidos possíveis. Elas produzem mais. Desperdiçam menos. Causam menos dano ambiental. A agropecuária convencional, hoje, é controlada pela Monsanto. Eles fornecem as sementes, eles fornecem os agrotóxicos. E, agora que se fundiram à Bayer, são eles que fornecem remédios contra o câncer: o agricultor brasileiro se tornou escravo da mais inescrupulosa corporação internacional da história.
Mas mais do que a possibilidade de uma substituição total do latifúndio brasileiro, é mais importante ainda entender a possibilidade de uma substituição total da produção agropecuária convencional por uma produção agropecuária orgânica.
A direita pseudo-conservadora, que anseia por um futuro cinzento em que todos serão obrigados a usar máscaras de gás para sobreviver, se rasga em indignação diante de qualquer crítica ao envenenamento do trabalhador brasileiro pelos agrotóxicos. Os índices de câncer e suicídio nas zonas rurais do Sul e do Nordeste estão disparando. E ainda assim, na melhor das hipóteses, eles insistem que os agrotóxicos seriam um “mal necessário”.
Segundo essa direita, que se apoia em “pesquisas” tão isentas quanto as encomendadas pela indústria do petróleo sobre mudanças climáticas, sem os agrotóxicos (ou seja, com a adoção total da metodologia orgânica) não seria possível alimentar toda a população mundial. Esse é um absoluto delírio pseudo-conservador. Nós já produzimos alimentos suficientes para alimentar 160% da população do planeta. Nós já estamos produzindo comida suficiente para alimentar 12 bilhões de pessoas – apesar de termos “apenas” 7,5 bilhões. E isso já encerra a questão, porque a produção orgânica é tão somente 20% menos produtiva que a convencional, dependente de agrotóxicos, conforme os estudos mais recentes sobre a agropecuária orgânica mostram. E essa diferença pode ser reduzida a meros 8% simplesmente com a aplicação da técnica de rotação de culturas nas plantações orgânicas. No que concerne leguminosas, ainda, a diferença de produtividade é zero.
Pelo visto, o que ameaça matar de fome a população mundial não é a defesa dos orgânicos. A quase totalidade da alimentação mundial não depende dos orgânicos e, ainda assim, 1 bilhão de pessoas estão sofrendo com a fome neste exato momento. E isso apesar de já produzirmos comida suficiente para alimentar 12 bilhões de pessoas.
Então não são os orgânicos a ameaça. Os orgânicos não representam um aumento no risco de fome no futuro. O que parece ser um fato determinante na foma é a desigualdade de renda. É isso que pode vir a matar bilhões de fome, e não a alimentação orgânica.
Um futuro mais verde, com menos câncer, menos suicídios, menos doenças, menos obesidade, menos latifundiários e sem Monsanto. Qualquer um que se oponha a isso é, certamente, ou louco ou um degenerado.