A xilogravura na mesinha me evoca o duelo entre Antônio das Mortes e Capitão Coirana.
Donde me ponho a baralhar tudo: meto os duelistas da gravura, Antônio das Mortes e Coirana no conto de Borges em que as adagas, não os homens, seus instrumentos, duelaram.
(Um milongueiro e um violeiro batem-se em duelo numa improvável feira.)
Doravante, meu espírito alheado das cousas práticas trabalha como uma portentosa máquina de fundição e de moagem: transfiguro-me nos duelistas ignotos, em Antônio das Mortes e Coirana, a rememorar e a repetir batalhas nas quais os celtiberos, os lusitanos, os godos, os flamengos, os tapuias e os tupis, as raças bárbaras que urdiram minha estirpe, tomaram parte.
Danço freneticamente em redor da pira de Viriato.
Em meio a duzentos pares, outrossim honro o caudilho lusitano numa luta sobre sua sepultura.
Não sou Alípio, sou Maneco Uriarte e Duncan sincronicamente.
(Sentado na régia poltrona do meu avô, Ernst Jünger limpa seu cachimbo e me sorri.)
Não sou Alípio, sou o Tempo, o Rio e a Guerra.
O feixe sobre a xilogravura é a Obscura Claridade.